A Transparência Internacional Brasil comentou o pedido de extradição de Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

Em nota, a entidade declarou ser contra a extradição de Tagliaferro caso suas denúncias sejam confirmadas:

“Se a conduta de Tagliaferro for verificada como a de um whistleblower, ele não deve ser extraditado. A proteção de whistleblowers é fundamental à luta contra a corrupção, à defesa dos direitos humanos e à democracia.”

• Um whistleblower é um reportante de boa fé, que age conforme o interesse público. 

O posicionamento vem após Moraes formalizar pedido de extradição do ex-assessor, que atualmente vive na Itália.

Na semana passada, Tagliaferro foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por quatro crimes: 

• violação de sigilo funcional, 
• coação no curso do processo, 
• obstrução de investigação e 
• tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.

Denúncias de Tagliaferro

O ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes, então no TSE, decidiu se exilar na Itália e disse que iria expor irregularidades de Moraes.

Durante entrevista para  a revista Timeline, de Allan dos Santos e Ernesto Lacombe, Eduardo Tagliaferro contou que foi obrigado a mirar em figuras do espectro da direita:

“Eu percebo que é de fato uma manipulação… fomos tendo perseguição de direita, só entrava no gabinete coisas de esquerda e nada de direita”.

Tagliaferro seguiu falando que tem algumas provas de que o ministro está envolvido com irregularidades:

“Eu tenho bastante coisa (…) tem algumas coisas fraudulentas, ele vai assistir e ele sabe do que eu estou falando’’.

Ele também disse ter evidências contra o procurador-geral da República, e que existe um “conluio” entre outras autoridades públicas.

Quem é Tagliaferro?

Tagliaferro chefiou a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) durante a presidência de Moraes no TSE, entre 2022 e 2023. 

Seu trabalho era monitorar redes sociais e redigir relatórios sobre postagens consideradas irregulares. 

O material era enviado à presidência da Corte, que decidia sobre remoções e suspensões de perfis.

Em 2024, uma matéria na Folha de São Paulo expôs conversas que mostram articulações entre o AEED e o gabinete pessoal do ministro.

As mensagens mostram que o ministro fez pedidos diretos para que fossem feitos relatórios contra aliados de Bolsonaro.

Pedidos de relatório

Um áudio mostra o assessor de Moraes Airton Vieira pedindo para que Taliaferro alterasse o texto para “satisfazer” o ministro.

Durante uma troca de mensagens em dezembro de 2022, o assessor Airton Vieira pediu que Taliaferro "usasse a sua criatividade” para acusar a Revista Oeste de Fake News.

No dia anterior, o funcionário do ministro disse que o objetivo era " levantar todas essas revistas golpistas para desmonetizar nas redes".

O chefe do AEED disse que havia apenas encontrado “publicações jornalísticas” no portal e foi instruído a “pegar uma ou outra fala, opinião mais ácida e… O Ministro entendeu que está extrapolando com base naquilo que enviou… "

Ex-assessor é investigado pela Polícia Federal

Tagliaferro deixou a liderança do órgão em maio de 2023, depois de ser acusado de violência doméstica contra sua esposa.

Após o vazamento para a Folha de São Paulo, Moraes abriu um inquérito contra o ex-assessor.

No relatório da PF sobre o caso, foi provado que o ex-assessor foi responsável pelo vazamento.