O ministro do STF, Alexandre de Moraes, incluiu o pastor Silas Malafaia em uma investigação da Polícia Federal.
As acusações são: tentativa de obstrução da Justiça, coação no curso do processo, organização criminosa, abolição violenta do Estado democrático de direito, ações contra autoridades e sanções internacionais contra o Brasil.
Ele foi incluído na investigação sobre a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos.
O pastor é um dos principais articuladores dos protestos da direita no país.
Malafaia foi o responsável pela organização de diversas manifestações em apoio a Jair Bolsonaro, inclusive a mais recente, realizada em 3 de agosto, após o ex-presidente ser proibido de usar as redes sociais e ter medidas cautelares impostas por Moraes.
Mas por que Silas Malafaia é o escolhido da vez?
Estaríamos diante de uma escalada de perseguição religiosa contra líderes cristãos no Brasil? Ou seria apenas mais uma investigação, como as outras que já existem no STF?
Entenda este capítulo da política e da justiça brasileira.
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A investigação em que Silas Malafaia foi incluído foi aberta por Moraes para apurar a atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos e uma possível obstrução de justiça do processo sobre a suposta tentativa de golpe.
O inquérito inclui o deputado Eduardo Bolsonaro e o ex-presidente Jair Bolsonaro, apontados como articuladores da tarifa de 50% estabelecida por Donald Trump sobre produtos brasileiros e das sanções diplomáticas contra ministros do STF, como a Lei Magnitsky.
Em resposta, o pastor nega ter atuado junto ao governo dos EUA pelas sanções a ministros do STF. Também afirma ter tomado conhecimento sobre sua inclusão na investigação pela imprensa:
“Primeiro, eu não falo inglês. Não conheço nenhuma autoridade e não tenho contato com nenhuma autoridade americana. Eu não recebi notificação nenhuma. Isso é uma vergonha! Eu não tenho medo. É livre a manifestação de pensamento e eu não vou me calar porque eu não tenho medo de vocês!”
Sobre o risco de prisão, ele desafiou a PF e Moraes dizendo que, se for preso, se tornará um mártir evangélico. A decisão do ministro do STF provocou forte reação de parlamentares, juristas e especialistas.
Eles apontam que as falas de Malafaia restringem-se apenas a declarações públicas contrárias ao STF e ao governo federal.
E acusam o magistrado de avançar sobre a liberdade de expressão e o direito à manifestação.
Também afirmam que Moraes transformou os inquéritos da Corte em instrumentos de intimidação política.
O advogado Alessandro Chiarottino, professor de Direito Constitucional e doutor em Direito pela USP, alerta que há risco evidente de extrapolação do conceito de crime:
“Não há, até agora, indícios claros de que Malafaia tenha atuado para obstruir qualquer investigação ou para coagir agentes públicos no exercício de suas funções. Tampouco se evidencia participação dele em qualquer plano articulado de ruptura institucional”
O advogado constitucionalista André Marsiglia aponta que essa decisão configura a "revogação" da liberdade de expressão no Brasil. foto Marsiglia
“Malafaia estaria sendo investigado por coação e obstrução no processo de Bolsonaro por falar o que pensa. Ou seja, qualquer pessoa que fale de Moraes, do STF ou saia em defesa de Bolsonaro, como fez o pastor, pode ser alvo da PF. A liberdade de expressão foi revogada”
A medida também gerou preocupação com o impacto sobre a comunidade evangélica, majoritariamente alinhada à direita. Líderes evangélicos de todo o país publicaram uma nota de repúdio sobre a ação contra Malafaia.
As bancadas evangélicas na Câmara e no Senado também se manifestaram com uma nota oficial. A Frente Parlamentar Evangélica manifestou “profunda preocupação” com a inclusão do pastor no inquérito.
Parlamentares e líderes da oposição como Flávio Bolsonaro, Nikolas Ferreira, Gustavo Gayer, Sóstenes Cavalcante, Marco Feliciano e Zucco vieram a público prestar seu apoio ao líder evangélico. Eles denunciaram o que consideram uma tentativa de criminalizar a fé e enfraquecer a atuação política dos cristãos.
Silas Malafaia, conhecido por seu discurso firme e atuação política intensa, transformou-se em símbolo para uma parcela significativa dos cristãos brasileiros.
Suas declarações públicas encontram eco entre milhões de fiéis, e geram incômodo em seus principais alvos: o governo Lula e o Supremo Tribunal Federal. cenas de fiéis ouvindo Malafaia no culto. Lula e STF quando citar.
O episódio recente envolvendo o pastor revela não apenas um embate jurídico, mas também um choque cultural profundo.
Hoje, mais de um quarto da população brasileira se declara evangélica.
Segundo dados do último Censo do IBGE, 26,9% dos brasileiros se identificam com essa denominação religiosa. pegar a tabela da reportagem anterior
Essa fatia da sociedade não apenas cresceu em número, mas também em organização política.
A Frente Parlamentar Evangélica, composta por mais de 100 deputados e senadores, tornou-se um dos grupos mais influentes do Congresso Nacional.
Esse poder político se traduz em capacidade de aprovação de pautas na Câmara e no Senado , mobilizações populares e capacidade de moldar eleições.
Em várias disputas presidenciais recentes, os evangélicos foram considerados força decisiva, determinando resultados em segundo turno.
É justamente nesse território que a esquerda encontra barreiras.
O discurso progressista, frequentemente associado à defesa de pautas identitárias e à relativização de valores tradicionais, esbarra nos princípios conservadores defendidos pelas igrejas.
Esses dados evidenciam a dificuldade do governo Lula em obter apoio político desse grupo.
Para tentar contornar a alta desaprovação com esse eleitorado, o PT lançou um curso gratuito intitulado “Fé e Democracia”.
Apesar dos esforços, o curso teve baixa adesão e dos 2,9 milhões de filiados ao PT, apenas 775 pessoas se inscreveram.
Uma pesquisa Datafolha divulgada em fevereiro mostrou que a avaliação negativa do governo Lula entre evangélicos subiu de 35% em 2023 para 48% em fevereiro de 2025.
Já a aprovação recuou de 26% em dezembro de 2024 para 21% em fevereiro deste ano, evidenciando a queda de apoio nesse grupo.
Para muitos analistas, a dificuldade da esquerda em penetrar no campo evangélico explica parte da tensão crescente entre lideranças religiosas e instituições brasileiras. A inclusão de Malafaia no inquérito que já conta com Jair e Eduardo Bolsonaro reforça essa tensão.
Uma recente pesquisa da Quaest mostra que o apoio ao STF vem dos eleitores de esquerda. Enquanto isso, a população de direita reprova a atuação do Tribunal.
O caso Malafaia revela como a força crescente dos evangélicos como potência política e cultural pode desafiar o establishment político.
O líder do PL, Sóstenes Cavalcante, afirma que a inclusão de Malafaia no inquérito da Polícia Federal configura perseguição religiosa. Malafaia, em entrevista ao jornalista Claudio Dantas, relembra perseguições que cristãos sofrem em países autoritários ao redor do mundo.
Há quem diga que se trata de uma perseguição religiosa, enquanto outros dizem que o pastor é mais um investigado como qualquer outro.
Independentemente de qual seja a resposta neste caso, a verdade é que tentativas de silenciar vozes cristãs é uma constante na história da humanidade. Hoje, é possível identificar essa prática em diversos países como na Nicarágua, na Venezuela e na China.
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