A Igreja Católica se prepara para eleger seu novo papa. O processo, conhecido como conclave, começará na tarde desta quarta-feira, 7 de maio.
Nesta reunião a portas fechadas, envolta em tradição e sigilo, 133 cardeais com menos de 80 anos se reúnem na Capela Sistina para escolher o próximo Pontífice.
Conheça a seguir alguns dos cardeais considerados "papábiles" e suas posições sobre assuntos relevantes:
Nascido na República Democrática do Congo há 65 anos, Dom Fridolin é Arcebispo de Kinshasa e presidente do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar.
Indicado cardeal por Francisco em 2019, é um franciscano capuchinho, sendo uma voz influente do catolicismo africano.
Em entrevista ao jornal La Repubblica em 2024, o cardeal falou sobre a questão da homossexualidade e a bênção a casais do mesmo sexo:
"A sociedade não funciona assim. Essa prática não existe aqui (na África). (...) Devemos, no máximo, respeitar os homossexuais, porque são seres humanos [...] são criaturas de Deus, e como tais, se individualmente, se um homossexual pede uma bênção, abençoamos a pessoa."
Ele também destacou que a benção individual pode ser feita em qualquer ocasião, até mesmo "com os criminosos"
Apesar disso, Bensungu ressalta que a Igreja não pode promover o que ele classifica como “desvio sexual".
Dom Fridolin afirmou que os países desenvolvidos são os principais responsáveis pelo problemas ambientais em uma declaração ao Vatican News de 2022:
"O Norte Global é, em grande parte, responsável pela crise climática e deve contribuir com sua parcela justa para enfrentá-la. Isso significa liderar o caminho na redução de emissões, fornecer financiamento para adaptação climática, perdas e danos, e apoiar os países do Sul Global."
Ele complementou dizendo que a crise leva "à destruição do nosso planeta, à devastação da vida dos pobres e ao prejuízo das gerações futuras.”
Outro tópico que foi abordado pelo cardeal em uma entrevista deste ano para o Vatican News foi sua visão para o futuro da Igreja:
Dom Fridolin defendeu as reformas feitas pelo papa Francisco e falou que acredita em uma Igreja mais próxima da sociedade:
"Estou convencido de que as reformas continuarão. Para a Igreja, trata-se sobretudo dessa aproximação que o pontífice quis realizar entre a Igreja e a sociedade (...). Acredito que este seja um legado formidável que o Papa nos deixa."
Arcebispo de Marselha e presidente da Conferência Episcopal Francesa, Dom Aveline nasceu na Argélia há 66 anos, mas é considerado francês.
Com doutorado pela Sorbonne, sua trajetória é marcada pela atuação com imigrantes no Mediterrâneo. Foi indicado cardeal por Francisco em 2022 e é visto como um reformista.
O cardeal falou sobre a questão da imigração em uma matéria da revista católica Crux, publicada em 2023:
"É necessário evitar dois obstáculos que são duas formas de discurso: o primeiro é o discurso irônico sobre a acolhida a todos, sem limites."
Ele também disse que o discurso oposto, que culpa universalmente o migrante, "na verdade, quer semear a guerra entre o povo."
Sobre os abusos na Igreja, em entrevista à FranceInfo em 2023, defendeu que a Igreja pode tomar medidas para evitar esse tipo de situação:
"Podemos trabalhar para mudar práticas, para preveni-las, para que essas coisas não aconteçam novamente. Sim, podemos fazer isso. (...) A Igreja fez o que podia fazer nas circunstâncias em que nos encontramos.
Enquanto falava com o jornal francês Ouest, o cardeal falou um pouco sobre sua perspectiva para o futuro da Igreja:
"Certamente está passando por uma série de crises. Ela sairá, sem dúvida, mais forte. (...) A Igreja não é um negócio preocupado apenas com sua sobrevivência."
Aos 79 anos, o cardeal espanhol é Arcebispo de Barcelona. Considerado moderado e com trabalho voltado aos pobres, foi nomeado cardeal por Francisco em 2017.
Em declaração à Vida Nueva Digital em 2024, abordou a bênção a casais homossexuais, afirmando:
"A doutrina tradicional sobre a família não muda, o catecismo não muda, é simplesmente um gesto de acolhida a qualquer pessoa que peça uma bênção ao Senhor, seja um casal homossexual ou um casamento irregular”.
O cardeal reconheceu que a Igreja ocultava os abusos na Igreja, em entrevista ao El Norte de Castilla em 2024:
"Não gostávamos de expor tanta roupa suja. Sempre foi assim, sempre foi assim nas famílias, nas escolas, em outros lugares."
Disse também que houve progresso em reconhecer os abusos e em criar protocolos para ajudar as vítimas:
"Acredito que devemos agradecer a Deus pelo grande progresso da Igreja em ajudar as vítimas e em desenvolver protocolos e métodos de reparação para as pessoas."
Sobre o tema do aborto, o cardeal afirmou ao Vatican News que se trata de um atentado contra a vida:
"Matar um ser humano no ventre de sua mãe (...) é um ataque à vida e contra toda pessoa humana."
Conhecido como "Francisco asiático", o cardeal filipino de 67 anos é Pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização. Popular nas redes sociais, foi indicado por Bento XVI em 2012.
Em entrevista ao Catholic Herald em 2015, criticou a linguagem passada sobre LGBT e divorciados:
"As palavras duras que eram usadas no passado para se referir a gays, divorciados e separados, mães solteiras etc, eram bastante severas."
Ele também disse que essa forma de abordar assuntos delicados afastou muitas pessoas da fé:
“Muitas pessoas que pertenciam a esses grupos foram marcadas e isso levou ao isolamento”
Sobre divórcio e anulação, o cardeal mostrou uma visão aberta a refletir sobre a possibilidade de abertura:
"Minha posição no momento é perguntar: 'podemos levar todos os casos a sério? E existem, na tradição da Igreja, caminhos para abordar cada caso individualmente?'."
Acrescentou que "não podemos dar uma fórmula única para todos."
O cardeal já se posicionou em favor dos imigrantes diversas vezes, chegou a pedir que as pessoas lembrarem de Jesus ao olhar os refugiados:
"Ver Jesus Cristo neles, como uma criança que se torna um refugiado no Egito com os seus pais."
Tagle também se posiciona fortemente pelo combate aos abusos praticados dentro da Igreja.
Chegou a questionar como a instituição poderia professar a fé cristã se ignorasse os problemas causados pelo abuso:
“Como podemos professar a fé em Cristo se fechamos os olhos a todas as feridas infligidas por abusos?”
Arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana, o cardeal italiano de 69 anos é conhecido como "padre das ruas".
Durante uma entrevista para o site italiano Avvenire em 2020, o cardeal afirmou que a Igreja deve acolher as pessoas com atração pelo mesmo sexo, mas não suas opções:
"A doutrina da Igreja distingue entre orientação e ações; o que não podemos 'acolher' é o pecado expresso por um ato.”
O cardeal defendeu que a atração sexual de uma pessoa não é uma escolha, mas ela pode não se tornar uma prática:
"A orientação sexual,que ninguém 'escolhe',não é necessariamente um ato."
Em relação ao celibato dos padres, observou que existem ramos da Igreja Católica que não seguem a prática:
"Na Igreja Católica, já existem padres casados. Se você for à Ucrânia ou à Romênia, os padres das comunidades de rito bizantino, mas ligadas a Roma, já estão lá."
O cardeal comentou em uma entrevista ao jornal La Repubblica sobre divórcio e anulação, declarando o desejo de que o tribunal examine mais causas:
“Gostaria que, no próximo ano, o tribunal pudesse examinar muito mais causas de anulação, porque é um dos instrumentos para a cura do sofrimento que a separação traz”
Acerca das mudanças climáticas, em 2017 para a Connect4Climate, reiterou o chamado da Laudato si':
"Precisamos de um compromisso ousado para enfrentar as mudanças climáticas. Lembre-se que este é o futuro do nosso planeta."
Em entrevista à Vanity Fair, o cardeal também enfatizou que a Igreja é contra a eutanásia:
"A Igreja não permite a eutanásia, mas pede a aplicação de cuidados paliativos. Permanecemos ao lado do nosso ente querido até o fim, fazendo tudo o que podemos para aliviar o sofrimento do corpo e do espírito, portanto, sem qualquer implacabilidade, mas sempre defendendo a dignidade da pessoa."
O cardeal húngaro de 72 anos é Arcebispo de Esztergom-Budapeste e especialista em Direito Canônico. Ele foi indicado pelo então papa João Paulo II, em 2003.
Durante os debates do Sínodo dos Bispos sobre a Família em 2015, abordou a questão LGBT:
"A Igreja ensina que 'não há absolutamente nenhuma base para considerar as uniões homossexuais como sendo de qualquer forma semelhantes ou mesmo remotamente análogas ao plano de Deus (...)"
Ele também disse que, "no entanto, homens e mulheres com tendências homossexuais devem ser recebidos com respeito."
Dom Erdő também alertou para o fato de que organizações internacionais estavam sujeitando assistência financeira à legalização de casamentos homossexuais
"igualmente inaceitável que organizações internacionais vinculem sua assistência financeira aos países mais pobres à introdução de leis que estabeleçam o 'matrimônio' entre pessoas do mesmo sexo."
No mesmo Sínodo, o cardeal também comentou sobre a situação de pessoas divorciadas em relação à Igreja.
Ele defendeu que a Igreja deve acolher essas pessoas, mas não deixar dúvidas sobre o caráter do matrimônio:
"Um acompanhamento pastoral misericordioso é o mais adequado – um acompanhamento, porém, que não deixe dúvidas sobre a verdade da indissolubilidade do matrimônio [...]."
Nesse contexto, destacou que o pecado não estaria no fim do casamento, mas sim na relação que viria depois:
"Não é a falha do primeiro casamento, mas a coabitação no segundo relacionamento que impede o acesso à Eucaristia."
Ainda no sínodo, Peter Erdő expressou sua preocupação sobre os impactos da imigração para as famílias:
"O movimento migratório está destruindo famílias ou dificultando sua formação. Em muitas partes do mundo, pais jovens estão deixando seus filhos em casa e procurando trabalho no exterior."
No mesmo evento, o cardeal também comentou sobre assuntos como a eutanásia.
"A Igreja reafirma o direito à morte natural, evitando ao mesmo tempo tanto o tratamento agressivo quanto a eutanásia (...). A morte, na realidade, não é um fato privado e individual."
O húngaro também fez comentários sobre a questão do aborto, defendendo o direito à vida:
"Em relação ao drama do aborto, a Igreja reafirma o caráter inviolável da vida humana."
Primeiro cardeal de Gana (76 anos), Dom Turkson é Chanceler das Pontifícias Academias das Ciências e das Ciências Sociais.
Foi cotado para assumir o papado durante o conclave de 2013 e é uma liderança africana de destaque.
Dom Turkson recebeu a nomeação como Cardeal em 2003, pelo então papa João Paulo II.
O religioso se declarou contra a criminalização da homossexualidade durante uma entrevista à BBC News:
"É hora de começar a educar, de ajudar as pessoas a entender o que é essa realidade [...]. Precisamos de muita educação para que as pessoas façam a distinção entre o que é crime e o que não é crime."
O cardeal também se posicionou sobre a questão das mudanças climáticas durante uma entrevista ao Vatican News:
"Os governos devem parar de investir em combustíveis fósseis. As comunidades pobres precisam de energia verde moderna e sustentável."
Em 2024, também comentou sobre os impactos da Inteligência Artificial e defendeu o uso ético dessa inovação:
"É uma ferramenta valiosa que devemos aprender a usar. É uma tecnologia na qual se deveria começar a inserir alguma ética."
Aos 60 anos, o cardeal italiano é o Patriarca Latino de Jerusalém, onde vive desde 1990. Fluente em hebraico, tem sido voz ativa pela paz no conflito Israel-Hamas.
Para Pizzaballa, a ciência deve ser usada para atingir um bem comum:
"A pesquisa científica deve ser orientada para o serviço da difusão de bens comuns como a água e a energia e que tal pesquisa não pode ser separada da mensagem da encíclica papal 'Laudato sì'”.
Sobre a guerra em Gaza, o religioso comentou que o cenário no Oriente Médio é de medo e desesperança:
"Hoje é muito difícil falar de esperança e é ainda mais difícil falar de esperança aqui, na Terra Santa, porque tudo fala de destruição, de medo, que são o oposto da esperança. No entanto, se levantarmos o olhar como Maria nos mostra, podemos ver tantas pessoas que ainda dão a vida aqui também, e não desistem diante dessa situação bárbara"
Disse que o Hamas "não se destrói com bombas, pois é uma ideia. (...) As bombas o fortalecem porque provocam uma reação."
Secretário de Estado do Vaticano desde 2014, o cardeal italiano de 70 anos é considerado o "número 2" da Santa Sé e possui vasta experiência diplomática.
O cardeal comentou sobre a obrigatoriedade do celibato entre sacerdotes durante uma entrevista ao jornal venezuelano El Universal:
“O celibato não é uma instituição, mas veja, também é verdade que se pode discutir porque, como você diz, isso não é um dogma, um dogma da Igreja.”
Destacou o esforço da igreja Católica em manter o celibato ao longo dos séculos:
"Os esforços que a Igreja fez para manter o celibato eclesiástico, para impor o celibato eclesiástico, precisam ser levados em consideração. Não se pode simplesmente dizer que isso pertence ao passado."
Sobre o avanço das Inteligências Artificiais, o religiosos defendeu que seu uso pode trazer benefícios e riscos importantes:
"Prevenir os riscos e, ao mesmo tempo, procurar explorar os benefícios não é uma tarefa fácil.”
Ele também destacou que a nova tecnologia levanta questões sobre temas como responsabilidade e ética:
“A Inteligência Artificial levanta questões fundamentais sobre responsabilidade ética, segurança humana e as implicações mais amplas desses desenvolvimentos para a sociedade."
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