Na fase de testes da licitação, uma das amostras de colete da Protecop foi completamente transpassada por um projétil.
O edital da compra era claro: a perfuração em qualquer dos disparos levaria à reprovação. De fato, em 21 de novembro, o pregoeiro responsável registrou publicamente a reprovação da Protecop no teste balístico e a rejeição de sua proposta.
O ponto controverso veio dias depois. Após uma reunião com as empresas concorrentes em 28 de novembro para discutir a possibilidade de retestes, a PM inicialmente informou que uma nova avaliação seria feita na mesma amostra reprovada.
Essa regra foi aplicada à empresa Coplatex, primeira colocada no preço, mas eliminada em teste de flexibilidade, que teve negado um pedido para apresentar novas amostras.
No entanto, a Protecop alegou que sua amostra perfurada havia sido "destruída" e pediu para apresentar um outro colete para um novo exame de resistência balística.
O pedido foi aceito pelo pregoeiro, e a nova amostra foi aprovada. Três empresas concorrentes entraram com recursos questionando essa decisão, apontando tratamento diferenciado e descumprimento do edital, mas os pedidos foram negados.
Questionada sobre os critérios e a segurança do material, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) afirmou em nota que o produto da Protecop cumpre normas nacionais e internacionais, inclusive as do Exército.
O governo também destacou que os equipamentos da Protecop já foram aprovados em outras três licitações da PM.
Sobre o reteste com nova amostra, a SSP justificou que foi necessário "diante da necessidade de novas avaliações balísticas — considerando-se a natureza destrutiva desses ensaios"
Além disso, afirmou que o procedimento ocorreu "em conformidade com os parâmetros legais vigentes".
O representante da Protecop também defendeu a qualidade do produto, citando certificações internacionais (NIJ) e nacionais (SENASP), e justificou a troca de amostra pela natureza "destrutiva" do teste inicial.
A licitação para os coletes, aberta em agosto do ano passado, sofreu atrasos, o que gerou críticas anteriores sobre policiais terem que usar equipamentos vencidos ou revezar coletes.
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