O esporte muda vidas. A história de Rebeca Andrade começa no início dos anos 2000, em Guarulhos, na grande São Paulo. Uma de suas tias começou a trabalhar como cozinheira em um ginásio de esportes. No local, ocorria treinamento de um projeto social da prefeitura da cidade, cujo objetivo era formar grupos de crianças para iniciar na ginástica artística.

O time infantil já estava praticamente formado. Mesmo assim, sua tia decidiu arriscar e falar com a técnica do time, Mônica dos Anjos. Pediu a ela que avaliasse sua sobrinha, uma menina ativa que gostava de pular pelos móveis da casa. A treinadora viu potencial em Rebeca e decidiu abrir mais uma vaga na classe. Era o início da carreira da menina. O início

Mônica conta, em entrevista, que ao ver a menina de 6 anos pular no tablado, pensou estar diante de uma nova Daiane dos Santos, que estava no auge de sua carreira na época. Filha de pais separados, a menina costumava achar todos os exercícios fáceis. Isso foi um desafio para a treinadora, que tinha dificuldade de manter a pequena focada.

A técnica conta que por vezes, quando estava formando a fila das alunas pequenas, pegava Rebeca imitando as mais velhas.

O irmão mais velho da atleta chegou a levá-la aos treinos a pé por não ter dinheiro para pagar transporte. Quando isso ocorreria, caminhavam cerca de duas horas até chegar ao ginásio.

A mudança de vida

Depois de uma passagem por Curitiba, aos 10 anos, a atleta se mudou para o Rio de Janeiro. Lá, entrou para a equipe de ginástica do Flamengo, onde está até hoje. Disputou as Olimpíadas de Tóquio 2020, onde ganhou duas medalhas:

• Uma de prata na categoria individual geral;
• Uma de ouro na categoria salto;  

Nos Jogos Paris 2024, conquistou mais 4:

• Uma de ouro no solo feminino individual;
• Uma de prata na categoria artística geral - individual feminina 
• Uma de prata na categoria salto;
• Uma de bronze na categoria artística geral - equipes femininas;

Agora ela é a brasileira com mais pódios na história. 

Rebeca atribui seu sucesso a um conjunto de fatores. “O equilíbrio de tudo. E claro, todo o trabalho da minha equipe, o Chico [técnico] olha para mim e sei que confia em mim. Eu olho para ele e confio nele. Se acontecer qualquer coisa, a gente vai se sentir sempre orgulhosos. Isso me tranquiliza”, disse em entrevista à BBC Brasil. 

Uma família numerosa

Rebeca tem ao todo 7 irmãos. Seus pais, Rosa e Ricardo, são divorciados. Enquanto ficaram juntos, tiveram outros 4 filhos: Roger (35), Emerson (33), Elisama (29) e Robert (27). Além deles, a campeã olímpica tem outros 3: Yago (21), Henrique (19) e Igor (17). Eles são filhos do segundo casamento de sua mãe.

Por ter saído de casa cedo, o contato com a família é limitado. Em um post em seu Instagram, contou que pela primeira vez em 10 anos conseguiu comemorar seu aniversário rodeada dos irmãos. A agenda de treinos e competições restringiu esses momentos. Mesmo com essa incompatibilidade de agendas, garante que, em questão familiar, considera-se uma “preferida de Deus”. 

Veja abaixo um vídeo divertido feito por ela e seus irmãos no seu aniversário.

Rebeca tem agora seis medalhas, mas como ela mesma disse, a maior é estar com quem ama. 

A ginasta é um exemplo de que a coragem, o esforço e o senso de oportunidade, podem levar a grandes conquistas.