Ao longo das últimas semanas o governo americano colocou sanções contra o Brasil, como a suspensão do visto de autoridades e tarifas de 50%.
Essa escalada de tensões entre os países têm alimentado rumores sobre novas medidas, como um bloqueio nos sistemas de GPS americano.
O GPS (Sistema de Posicionamento Global) é uma tecnologia desenvolvida pelo Departamento de Defesa dos EUA, essencial para setores civis e militares.
O Brasil nunca desenvolveu um sistema próprio, usando o sinal emitido por satélites americanos.
Uma eventual interrupção do sinal afetaria diversos setores importantes para a economia brasileira.
O divulgador científico Sérgio Sacani, especialista em astronomia, comentou sobre os impactos durante uma conversa no Venus Podcast.
Ele afirma que atualmente setores importantes para a economia mundial dependem do sistema de GPS:
“Se o GPS parar de funcionar, a produção de petróleo para imediatamente, a mineração para imediatamente e a agricultura, porque hoje a agricultura chama-se agricultura de precisão e ela para na hora também.”
Sacani destaca que alguns dos setores mais afetados estariam ligados a atividades como exploração de petróleo, agricultura, mineração, agricultura, bancária e aviação:
“Se não me engano, 99% da produção de petróleo depende do GPS, 85% da mineração mundial depende do GPS e uns 70% da agricultura depende do GPS. Isso para na hora, sistemas bancários param na hora, aviação.”
O professor do curso de Administração da ESPM, Jorge Ferreira dos Santos Filho, afirmou em uma entrevista para a Gazeta do Povo que as consequências vão além de uma paralisação de setores da economia:
“A segurança pública brasileira depende do GPS. As implicações tomam uma proporção que passam a ser uma discussão diplomática”
Especialistas apontam que é impossível cortar o sinal do GPS apenas para o Brasil sem afetar regiões vizinhas, pois os sinais cobrem grandes áreas.
O presidente da consultoria de telecomunicações Teleco, Eduardo Tude, explica em entrevista para a BBC que seria impossível desligar o sinal sem afetar países vizinhos:
"Esses satélites ficam transmitindo continuamente um sinal para todo mundo. E o dispositivo que temos em Terra, pega o sinal desses satélites e calcula sua posição. É muito difícil bloquear isso para um país porque o sistema transmite para todo mundo, quem quiser pegar aquele sinal".
Ele explica que além disso, os EUA precisariam fazer alterações na forma como funciona o sinal para poder desligar apenas em um determinado país:
"É como a TV aberta, eu poderia bloquear o acesso a ela numa casa se ela fosse projetada para ter um código, como a TV por assinatura tem para receber. Se os EUA resolvessem fazer isso, ele teria que mexer, primeiro, na forma como é transmitido esse sinal. Em termos práticos, seria praticamente inviável fazer isso, ainda mais no curto prazo."
Apesar dos rumores sobre a possibilidade dos EUA bloquearem o GPS no Brasil, a decisão seria inédita.
O coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV Rio, Luca Belli, afirmou em entrevista para a Gazeta do Povo que o país nunca usou o sistema como arma diplomática.
Em meio à tensão com o governo americano, o Brasil deu o primeiro passo para desenvolver seu próprio sistema nacional de navegação por satélite com tecnologia própria.
Um grupo foi instituído por resolução do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) em 1º de julho, com prazo de 180 dias para entregar suas conclusões.
O objetivo é diagnosticar a dependência de sistemas estrangeiros e estudar a viabilidade de um sistema brasileiro, que não precisaria ter escala global.
O Brasil não seria o primeiro país a construir um sistema de satélites GPS independentes.
Além dos EUA, três outros atores têm um sistema com alcance global:
Além disso, a Índia e o Japão também desenvolveram sistemas próprios com capacidades regionais.
A Coréia do Sul também está desenvolvendo um equipamento do tipo, mas ele só deverá começar a operar em 2035.
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