O que mostram as novas pesquisas sobre a Peste Negra?
A investigação conduzida por estudiosos da Universidade de Exeter identifica a origem da Peste Negra: um texto árabe do século 14, o Risālat al-nabaʾ ʿan al-wabāʾ, escrito pelo estudioso Ibn al-Wardi.
Segundo a Revista, por séculos, essa obra foi tratada como um relato de primeira mão sobre a trajetória da peste ao longo das rotas comerciais da Ásia até o Mar Negro.
Mas o estudo afirma que o texto é, na verdade, uma maqāma, um tipo de escrito que mistura poesia com prosa.
Na narrativa, o “viajante” não é um homem, mas a própria peste, retratada como uma figura errante que percorre terras e civilizações, levando destruição por onde passa.
O estilo, comum na época, não tinha pretensão de documentar eventos, mas de traduzir em linguagem simbólica o medo, o caos e a incerteza vividos diante da catástrofe.
Com o passar dos séculos, porém, o caráter literário do texto se perdeu. Historiadores do século 15 interpretaram o escrito como um testemunho real, e essa leitura foi absorvida pela historiografia europeia.
A versão original da Peste Negra que a pesquisa questiona
A versão predominante diz que a bactéria Yersinia pestis, surgida na Ásia Central, teria percorrido milhares de quilômetros em poucos anos, viajando com comerciantes pela Rota da Seda até chegar à Europa, onde causou o colapso demográfico entre 1346 e 1350.
Essa interpretação, repetida por séculos, foi tratada como evidência de um fenômeno de disseminação sem precedentes, reforçando a visão da Peste Negra como o primeiro episódio global de uma pandemia.
O novo estudo, contudo, sugere que o surto se desenvolveu de maneira mais lenta e fragmentada, moldado por fatores ecológicos, climáticos e sociais, e não por uma corrida devastadora através de continentes.
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