De acordo com o diário oficial do regime, a justificativa para o fechamento dessas entidades é de que elas não informaram fontes de financiamento e detalhes de doações.
Com a decisão, os bens móveis e imóveis das organizações são transferidos ao Estado.
Ataques às instituições religiosas estão cada vez mais frequentes
Em agosto foi a vez da Companhia de Jesus, ordem da Igreja Católica, que também teve a personalidade jurídica cancelada. Mesmo com a perseguição, os padres jesuítas decidiram permanecer no país.
No mesmo mês, a Universidad Centroamericana foi alvo da perseguição da ditadura nicaraguense. Fundada em 1960 pela Companhia de Jesus, o centro de ensino foi acusado de ser um “centro de terrorismo” que organizava “grupos criminosos armados e encapuzados”.
Os bens da universidade foram transferidos para o Estado, e o regime passou a gerir a instituição e a indicar nomes para cargos de confiança.
A instituição mudou de nome para Universidad Nacional Casimiro Sotelo Montenegro.
"Agradecemos a Deus, à Revolução Popular Sandinista, ao nosso presidente, o comandante Daniel Ortega Saavedra, e à nossa companheira e vice-presidente, Rosario Murillo", afirmou o novo reitor, Alejandro Genet Cruz, em seu discurso de posse, no dia 18 de agosto.
Vários religiosos foram instados a deixar o país e 12 padres foram enviados a Roma na última semana após sua libertação.
Segundo apuração da Folha de S. Paulo, a Nicarágua fechou mais de 3.000 ONGs desde que endureceu a legislação após protestos de 2018 contra o regime, que em três meses de bloqueios de ruas e confrontos deixaram mais de 300 mortos, segundo as Nações Unidas (ONU).
Desde 2018, o governo de Daniel Ortega promoveu a:
- perseguição de opositores;
- repressão de quem discorda do atual governo;
- compra dos meios de comunicação;
- criação de leis que permitem a expansão do poder e da duração de seu regime;
- perseguição de religiosos e defensores dos direitos humanos;
- expulsão de ordens religiosas;
- proibição do culto;
- fechamento de ONGs e associações pró-direitos humanos;
- restrição do ingresso ao país com objetos que possam registrar imagens e vídeos;
- perseguição de familiares de opositores ao regime.
As denúncias foram feitas por nicaraguenses, pela ONU e diversas instituições de direitos humanos. Muitos exilados nicaraguenses consideram a Nicarágua como uma das piores ditaduras do século XXI.