“Não tenhais medo. Escancarai as portas a Cristo.” Essas palavras marcaram o início do pontificado de João Paulo II, em 22 de outubro de 1978.
Quase meio século depois, o papa Leão XIV relembrou a data durante a Audiência Geral desta quarta-feira (22), no Vaticano.
“Hoje celebra-se São João Paulo II. Exatamente há 47 anos, nesta Praça, ele exortou o mundo a se abrir a Cristo. Esse apelo continua válido ainda hoje”
Uma missa em memória do papa polonês foi celebrada na Basílica de São Pedro, presidida por dom Robert Józef Chrząszcz, bispo auxiliar de Cracóvia.
Ele conheceu João Paulo II aos 15 anos, em uma audiência no Vaticano. “Foi quando decidi ser padre”
O cardeal Chrząszcz é atualmente arcebispo da cidade onde João Paulo II viveu e exerceu grande parte de seu trabalho.
Nascido como Karol Józef Wojtyła, em 18 de maio de 1920, em Wadowice, no sul da Polônia. João Paulo II perdeu a mãe aos 9 anos, o irmão pouco depois e o pai aos 21. Essas experiências marcaram sua visão sobre sofrimento e fé.
Ainda jovem, desenvolveu uma forte devoção à Virgem Maria, após uma peregrinação com o pai. Essa devoção se refletiria mais tarde em seu lema como papa: Totus Tuus (“Todo Teu”).
Nos anos 1930, a Polônia foi dividida entre os regimes de Hitler e Stálin. As universidades foram fechadas, padres perseguidos e a Igreja, vigiada.
Karol cursava Letras na Universidade Jaguelônica, mas teve que abandonar os estudos. Trabalhou em uma pedreira e, durante esse período, ingressou em um seminário clandestino, protegido pelo arcebispo Adam Sapieha.
Inspirado pelo exemplo de São Maximiliano Kolbe, o frade franciscano que se ofereceu para morrer no lugar de outro prisioneiro em Auschwitz, Wojtyła seguiu o caminho do sacerdócio.
Foi ordenado padre em 1946 e enviado a Roma para continuar os estudos. De volta à Polônia comunista, trabalhou como capelão universitário e professor, aproximando-se especialmente dos jovens.
Em 1964, foi nomeado pelo papa da época, Paulo VI, como arcebispo de Cracóvia. Durante o regime comunista, liderou a construção de uma igreja em Nowa Huta, cidade projetada pelo governo socialista para ser “sem Deus”.
Mesmo sob proibição, celebrou uma missa de Natal no local, que se tornou símbolo de resistência religiosa.
Ao lado do cardeal Stefan Wyszyński, primaz da Polônia, enfrentou as restrições impostas pelo regime. Wyszyński, preso por se opor ao governo, reconheceria depois a liderança espiritual e intelectual de Wojtyła.
No funeral do primaz, João Paulo escreveu uma mensagem emocionada, destacando a importância do cardeal para toda a Igreja da Polônia.
“Eis o que nos ensinam a vida e o ministério do Primaz da Polônia. Ele é o fecho de abóbada da Igreja de Varsóvia e o fecho de abóbada de toda a Igreja da Polônia.”
Após a morte de Paulo VI e o breve pontificado de João Paulo I, Karol Wojtyła foi eleito papa em 1978, o primeiro não italiano em mais de 450 anos.
Escolheu o nome João Paulo II e assumiu o cargo com uma mensagem que seria repetida ao longo dos anos: “Não tenhais medo. Abri, ou melhor, escancarai as portas a Cristo.”
Pouco depois, retornou à Polônia. Diante de milhões de fiéis, fez uma oração que se tornaria um marco.
“Que o vosso Espírito desça e renove a face da Terra... desta Terra.”
A visita teve forte impacto no país, que vivia sob controle soviético, e inspirou o surgimento do movimento Solidariedade, um dos principais responsáveis pela queda do regime comunista.
Durante uma audiência na Praça de São Pedro, João Paulo II foi atingido por tiros disparados por Mehmet Ali Agca, um militante turco do grupo Lobos Cinzentos.
Os disparos o feriram gravemente no abdômen e na mão. O papa sobreviveu após uma cirurgia de emergência e atribuiu sua recuperação à intercessão de Nossa Senhora de Fátima.
“A bala atravessou completamente o corpo do papa. Ela caiu entre nós dois (...) à medida que ele perdia sangue, também perdia as forças, por isso eu o sustentava. Ele não tinha medo da morte”, relatou o cardeal Stanisław Dziwisz no documentário O papa que Venceu o Comunismo, da Brasil Paralelo.
A bala que o atingiu foi posteriormente colocada na coroa da imagem da Virgem, em Portugal.
O atentado marcou uma mudança em sua atuação pública, reforçando sua defesa do diálogo, da liberdade e da reconciliação.
Durante os anos 1980, João Paulo II teve papel relevante nas mudanças políticas que levaram ao colapso do comunismo na Europa.
Estabeleceu proximidade com líderes ocidentais como Ronald Reagan e Margaret Thatcher, defendendo a liberdade religiosa e os direitos humanos. Seu discurso enfatizava a dignidade da pessoa e a verdade como caminhos para a transformação social.
Entre os que se inspiraram em seu exemplo estava o padre Jerzy Popiełuszko, assassinado por agentes do regime. Seu funeral, com mais de 200 mil pessoas, se tornou um símbolo da resistência polonesa.
A trajetória de João Paulo II e sua resistência ao comunismo estão retratadas no documentário O Papa que Venceu o Comunismo, produzido pela Brasil Paralelo. Garanta seu acesso por apenas R$ 7,90 mensais. Quero meu acesso.
Ao longo de 27 anos, João Paulo II viajou por 129 países, promoveu encontros inter-religiosos e incentivou o diálogo entre culturas.
Criou as Jornadas Mundiais da Juventude e publicou documentos sobre fé, moral e dignidade humana.
Nos últimos anos de vida, o papa enfrentou o mal de Parkinson e dificuldades respiratórias. Mesmo debilitado, continuou participando de celebrações e aparecendo à janela para saudar os fiéis.
Em 2 de abril de 2005, aos 84 anos, morreu em seu quarto no Vaticano. Milhares de pessoas se reuniram na Praça São Pedro para rezar.
Seu funeral reuniu cerca de 4 milhões de fiéis e dezenas de líderes mundiais. João Paulo II foi sucedido pelo papa Bento XIV e foi canonizado em 2014 pelo papa Francisco.
João Paulo II é lembrado como uma das figuras mais influentes do século XX. Viveu sob dois regimes totalitários, sobreviveu a um atentado e teve papel decisivo nas mudanças políticas e religiosas de sua época.
O pontífice teve papel decisivo no colapso dos regimes socialistas na Europa e foi reconhecido por importantes líderes políticos de sua época.
Entenda como João Paulo II influenciou a história mundial na primeira biografia da Brasil Paralelo, O Papa que Venceu o Comunismo.
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