O governo de Israel afirmou ter encontrado documentos que comprovam a ligação direta entre o Hamas e a Flotilha Global Sumud, missão internacional que tenta romper o bloqueio à Faixa de Gaza para entregar ajuda humanitária.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores israelense, os papéis foram descobertos em postos do Hamas dentro de Gaza e revelam conexões financeiras e organizacionais.
Um dos documentos é uma carta de 2021 assinada por Ismail Haniyeh, então chefe político do grupo, morto em Teerã em 2024 após um ataque israelense.
Nela, Haniyeh pede “unidade” e declara apoio à Conferência Popular para os Palestinos no Estrangeiro (PCPA), entidade criada em 2018 e classificada por Israel como braço externo do Hamas.
Para o governo israelense, a PCPA atua como uma espécie de representação internacional do Hamas.
“A organização opera sob cobertura civil e é responsável, em nome do Hamas, por mobilizar ações contra Israel, incluindo manifestações violentas, marchas contra Israel e flotilhas de protesto e provocação”, afirmou o ministério em comunicado.
Outro documento divulgado lista dirigentes da PCPA que estariam ligados diretamente ao Hamas.
Entre eles, Zaher Birawi, descrito por Israel como líder do Hamas no Reino Unido e figura central na organização de flotilhas desde 2010, e Saif Abu Kashk, apontado como representante do grupo na Espanha.
Kashk aparece também como diretor-executivo da empresa espanhola Cyber Neptune, registrada em Barcelona.
Segundo Israel, a companhia foi usada como fachada para incluir dezenas de navios na Flotilha Sumud, “o que comprova que elas pertencem secretamente ao Hamas”.
Os organizadores negam as acusações. Em comunicado, Maria Elena Delia, porta-voz da Flotilha Global Sumud, classificou as alegações como “propaganda”:
“Os documentos mostrados por Israel não provam nem o financiamento nem o controlo do Hamas sobre a Global Sumud Flotilla. Somos uma missão civil e humanitária, aos olhos da Europa e do mundo. Pedimos que os documentos sejam entregues na íntegra a organismos independentes: até que isso aconteça, [esta alegação] é apenas propaganda, não provas.”
Israel acusa a flotilha de “navegar sem autorização e em violação do direito internacional, para quebrar o bloqueio a Gaza, que também é definida como uma zona de guerra”.
Para o governo, trata-se de “um ataque coordenado do Hamas contra o Estado de Israel, sob um pretexto aparentemente civil e humanitário”.
Delia respondeu dizendo que o caso repete “um padrão preocupante já observado em 2010 com o Mavi Marmara”, quando seis navios civis que tentavam chegar a Gaza foram interceptados pela marinha israelense em águas internacionais, resultando em 10 mortes.
A Flotilha Global Sumud reúne cerca de 50 embarcações com milhares de ativistas de 44 países. O grupo afirma não contar com apoio oficial de governos e que sua missão é exclusivamente humanitária, transportando alimentos e medicamentos.
Entre os participantes está a ativista sueca Greta Thunberg, que desembarcou recentemente de um dos barcos. Também há três portugueses a bordo: Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e o ativista Miguel Duarte.
A flotilha se encontra no Mediterrâneo oriental, próxima à costa do Egito, e deve alcançar uma zona em águas internacionais até o fim da semana.
Israel declarou que a marinha está pronta para interceptar os barcos. Segundo o porta-voz das Forças de Defesa, Brigadeiro-General Effie Defrin, os ativistas poderão ser detidos e levados a um grande navio militar israelense.
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