Atualmente, 100 dólares equivalem a 39 mil pesos argentinos, o dobro do que valia há um ano atrás.
"A pergunta de curto prazo é se a bomba explode antes das eleições, em outubro, ou da mudança de governo, em dezembro", afirma Miguel Broda, um dos mais conceituados economistas argentinos.
A Argentina conserva hoje o mesmo PIB per capita de 40 anos atrás. Em média, o país cresceu só 1% ao ano no período.
Em mais de um século, a Argentina fechou as contas públicas com saldo positivo em apenas dez ocasiões.
Nos últimos anos, sem credibilidade no mercado para se financiar só vendendo títulos públicos, o país passou a imprimir pesos. A impressão foi tanta a ponto de precisar contratar casas da moeda no Brasil e na Espanha e levar os bancos a ampliar áreas de armazenamento de notas e adquirir novos cofres.
Agora, com uma forte crise à espreita, de hiperinflação em aceleração, o governo de Alberto Fernández e Cristina Kirchner reluta em adotar medidas impopulares e urgentes.
Dados alarmantes sobre a realidade argentina:
- no último ano, os preços subiram 102,5%, a maior taxa desde 1991;
- o país enfrenta a maior seca em 60 anos, o que deve reduzir em até US$ 25 bilhões as exportações da safra 2022-2023, uma queda de 48% em relação ao ciclo anterior;
- 43,1% dos argentinos estão abaixo da linha da pobreza (19,8 milhões de pessoas);
- 45% da população depende dos subsídios do governo e cerca de 10% do orçamento do governo é direcionado a estas políticas públicas, segundo o observatório da UCA.
Segundo apuração da Folha de S. Paulo, algumas consultorias preveem queda de 3% no PIB neste ano, e dados oficiais do último trimestre de 2022 mostraram desaceleração de -1,5% em relação ao trimestre anterior.
Com menos dólares entrando, aumenta a pressão sobre o câmbio e a inflação, num país em que economistas estimam que as reservas internacionais estejam negativas.
Para financiar as políticas sociais de subsídios, a taxação do governo argentino sobre a produção agropecuária (maior fonte de dólares) está entre as mais altas do mundo, e há imposto sobre exportações com alíquotas de até 35%.
Mesmo com a constante de resultados ruins, nos últimos dez anos, o funcionalismo público nas três esferas de governo aumentou de 2,7 milhões para 3,4 milhões.
O funcionalismo cresceu 17,4 pontos percentuais a mais que sua população, segundo o Instituto Argentino de Análise Fiscal. O país tem 50% mais servidores em relação à sua população do que o Brasil.
Considerada como um dos países mais ricos do mundo, a Argentina há anos amarga crises econômicas, políticas e parece incapaz de retomar o rumo do crescimento. O que explica A Queda Argentina?



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