Uma série de vídeos publicados por Hytalo Santos, influenciador digital com mais de 17 milhões de seguidores, está sendo alvo de críticas e investigação.
O youtuber Felca, nome artístico de Felipe Bressanim Pereira, publicou um vídeo ontem. Nele, ele acusa Hytalo Santos de expor crianças e adolescentes.
Segundo Felca, os vídeos promovem a “adultização” e a “sexualização precoce” dos menores.
As denúncias citam especialmente o caso de Kamylinha, jovem que participa dos conteúdos desde os 12 anos. Segundo Felca, ela foi inserida em um universo de danças sensuais, interações amorosas e festas com adultos.
Para ele, esse tipo de conteúdo ultrapassa os limites do entretenimento infantil.
“Quanto mais mostrava da Kamylinha, mais retornava em números. Ela se tornou mais produto do que humano”.
Assista ao vídeo completo:
O influenciador também questionou o formato do canal, comparado por ele a um reality show, que coloca adolescentes em convivência constante e exposição pública intensa.
Um trecho do vídeo mostra uma cena em que dois menores aparecem deitados sob o mesmo cobertor. Um adulto puxa a coberta, revelando roupas íntimas dos jovens. Felca se referiu ao episódio como alarmante:
“Um homem adulto chega no quarto com dois menores de idade deitados de conchinha.”
A repercussão gerou pressão nas redes sociais. O perfil de Hytalo foi desativado após a publicação do vídeo de Felca.
Hytalo criou a “Turma do Hytalo”, grupo formado por jovens em situação de vulnerabilidade, aos quais oferece moradia, apoio financeiro e acesso à educação.
As denúncias acendem um alerta sobre os limites da exposição infantil nas redes sociais.
Segundo a irmã Veroni Medeiros, da Pastoral da Criança, adultizar uma criança é antecipar fases do seu desenvolvimento, incentivando comportamentos, aparências ou responsabilidades típicos da vida adulta.
Isso pode ocorrer por meio de músicas, roupas, maquiagem, redes sociais ou roteiros de conteúdo voltados para adultos.
“O papel dos pais é garantir que as crianças possam viver felizes cada fase do seu desenvolvimento. Pular etapas pode prejudicar a autoestima, a socialização e até o desenvolvimento emocional e sexual”, afirma.
A adultização pode ser agravada quando associada ao conteúdo online. Com a popularização de vídeos curtos e plataformas como TikTok, crianças são inseridas em rotinas de performance e visibilidade.
Muitas vezes, isso acontece sem a compreensão plena do impacto dessa exposição sobre sua identidade e saúde mental.
A Constituição Federal garante o direito à proteção integral da criança e do adolescente, incluindo o respeito ao seu desenvolvimento físico, emocional e moral.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar esse direito.
Quando há indícios de que conteúdos online ferem esses princípios, as plataformas, os responsáveis e os produtores podem ser responsabilizados civil e criminalmente.
O caso repercute em um momento em que cresce a discussão sobre os limites da influência digital sobre crianças.
Perfis infantis com milhões de seguidores, publicidade disfarçada de entretenimento e formatos que imitam a vida adulta têm sido cada vez mais questionados por educadores e especialistas.
A denúncia de Felca joga luz sobre esse debate. Ainda que a apuração esteja em curso, o episódio levanta uma pergunta central: até que ponto a fama e o engajamento podem se sobrepor à proteção da infância?
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