Crianças brasileiras passam mais do que o dobro do tempo recomendado em frente às telas. O tempo é mais que o dobro do que orienta a Sociedade Brasileira de Pediatria,
De acordo com a entidade, a recomendação é de no máximo uma hora por dia para crianças de 2 a 5 anos. Além disso, para bebês não é recomendado nenhum tempo diante das telas.
No entanto, uma pesquisa com 500 crianças revelou que elas preferem estar com os amigos a ficar no celular.
O que as crianças querem não está nas telas
Um grupo de pesquisadores decidiu perguntar diretamente às crianças o que elas queriam. A maioria tinha entre 8 e 12 anos, morava nos Estados Unidos e passava boa parte do tempo livre com um celular na mão.
Elas responderam de forma clara: preferem estar com os amigos, no mundo real, sem adultos por perto.
Não disseram que queriam menos regras na internet ou mais aplicativos divertidos. Disseram que sentem falta de liberdade, não a liberdade de clicar em tudo, mas a de sair de casa sem um adulto, jogar bola na rua, explorar o bairro ou brincar no quintal.
As respostas surpreenderam porque mostraram um desejo por algo que muitas dessas crianças nunca viveram. Uma saudade de um tempo que elas não conheceram.
Nas décadas anteriores, a ideia de proteção ganhou força. Os pais passaram a acompanhar cada passo, com medo de acidentes, de estranhos, de falhas.
Crianças estão cada vez mais expostas às telas
De acordo com a pesquisa “Panorama da Primeira Infância", da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, mais de 60% das crianças de até seis anos têm contato diário com celulares, TVs e tablets.
Em média, essa exposição dura de duas a três horas por dia.
O estudo revelou ainda que 78% das crianças de até três anos usam telas todos os dias, apesar de 58% dos pais reconhecerem que esse hábito deveria ser limitado.
A exposição precoce preocupa porque a primeira infância é a fase de maior desenvolvimento cerebral.
Até os 6 anos, o cérebro forma até um milhão de conexões por segundo, um ritmo que nunca mais se repete.
O excesso de telas nessa fase pode afetar:
- o sono;
- dificultar o aprendizado e
- reduzir a interação familiar e prejudicar o desenvolvimento emocional.
Além disso, o problema se agrava quando se considera a realidade do Brasil:
- 55% das crianças de 0 a 6 anos vivem em famílias de baixa renda e;
- 60% nunca frequentaram creches ou pré-escolas.
Em muitos casos, o celular vira a única companhia.
Pesquisa também revelou que palmadas não são educativas
A pesquisa também mostrou que 40% dos responsáveis ainda usam gritos, broncas e até palmadas como formas de educar. Essas práticas são associadas a traumas e comportamentos agressivos.
Segundo a Lei Nº 13.010, toda criança tem direito a ser educada sem violência física ou psicológica.
Apesar da legislação, muitos pais repetem os métodos com os quais foram criados. “É uma mudança cultural que leva tempo”, explica Paula Perim, da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal. “Muita gente diz que bate por amor, mas isso não educa. Só machuca.”
Para a CEO da Fundação, Mariana Luz, para muitas mães, especialmente as mais vulneráveis, a tela se tornou-se um benefício do momento.
“Em alguns contextos, o celular vira babá. Mas isso não é solução. É paliativo. E traz prejuízos graves no longo prazo”, diz Mariana Luz, CEO da Fundação.
Ao mesmo tempo, iniciativas para resgatar a liberdade da infância estão surgindo em todo o mundo. Elas vão desde pais que incentivam brincadeiras ao ar livre até programas escolares que ensinam as crianças a fazer tarefas sozinhas.
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