Em uma noite de quinta-feira em Jerusalém, há dois mil anos, Jesus de Nazaré realizou um gesto que mudaria a história.
Tomando o pão e o cálice de vinho, orou e declarou — como relatam Lucas e Paulo — palavras que ecoam até hoje.“Isto é o meu corpo”. (LC 22, 19)
Segundo a doutrina católica, foi assim que Jesus Cristo instituiu o que se tornaria o centro da fé católica: a Eucaristia.
No entanto, foi só mil anos depois que a Igreja entendeu que aquele gesto merecia uma festa solene pública, visível e celebrada por todo o povo cristão: o Corpus Christi.
Corpus Christi é uma festa da Igreja Católica que celebra a presença real de Jesus Cristo na Eucaristia.
A festa de Corpus Christi acontece todos os anos na quinta-feira, 60 dias após a festa da Páscoa. Em 2025 acontecerá no dia 19 de junho.
Trata-se de uma das festas mais importantes para os e é a única em que a Eucaristia é levada em procissão pelas ruas, acompanhada por cânticos, incenso e tapetes ornamentais.
De acordo com o professor Rafael Tonon:
“A procissão de Corpus Christi não é apenas um costume piedoso. Ela é, nas palavras da tradição da Igreja, um ato público de fé, de adoração e de reparação. É a Igreja militante, aqui na terra, marchando junto de seu Rei, o Cristo Eucarístico, realmente presente no meio de seu povo, que triunfa pelas ruas das cidades”.
Desde os primeiros séculos, os cristãos se reuniam nas casas, nas catacumbas, sob perseguições, para celebrar a missa.
Com o passar do tempo, surgiram dúvidas sobre a presença real de Cristo no pão consagrado. No século XI, o teólogo Berengário de Tours passou a afirmar que a Eucaristia era apenas um símbolo. A confusão se espalhava.
A Igreja atribui a Juliana de Cornillon a inspiração para reacender a fé entre os católicos.
Durante uma visão, Juliana via a lua cheia, símbolo da vida da Igreja, com uma mancha escura, representando a ausência de uma festa que exaltasse a Eucaristia.
Na produção Corpus Christi: História, Significado e Tradições, o historiador Rafael Tonon afirma que:
“Durante 20 anos, ela guardou esse segredo, enquanto a fé da Igreja era sustentada por místicos ocultos nos conventos e a voz de Santa Juliana ganhava força nas dioceses da Bélgica”.
Enquanto isso, o padre Pedro de Praga, mesmo piedoso e devoto, carregava uma dúvida acerca da Eucaristia: estaria Jesus realmente presente na hóstia?
Durante uma peregrinação à Itália, em 1263, enquanto celebrava a Missa em Bolsena, algo inesperado aconteceu: a hóstia começou a sangrar.
É considerado pela tradição católica como uma confirmação da doutrina da presença real.
O sangue escorreu sobre o altar. O milagre eucarístico é considerado pela tradição católica como confirmação da doutrina da presença real.
A notícia chegou ao papa Urbano IV, que se encontrava em Orvieto. Vendo os panos do altar manchado de sangue, o pontífice compreendeu que era a hora de instituir a festa que Santa Juliana havia anunciado.
No dia 11 de agosto de 1264, o papa Urbano IV publicou a carta Transiturus de hoc mundo, instituindo oficialmente a festa de Corpus Christi para toda a Igreja.
Urbano IV confiou a missão ao filósofo e teólogo Tomás de Aquino. O monge que ficou conhecido como o Doutor Angélico compôs hinos que se tornaram símbolos da teologia eucarística.
“Os sentidos falham, mas a fé os complementa”, escreveu Tomás em um de seus hinos.
Segundo Tonon “mais do que uma celebração interna, Corpus Christi é a fé proclamada publicamente”.
O papa Leão XIII escreveu:
“Nada há mais salutar e eficaz para a piedade do que a Eucaristia, que contém em si o próprio autor da graça.”
O catecismo de São Pio X ensina que as “procissões são manifestações públicas da fé, atos que glorificam a Deus e edificam o próximo”.
De acordo com Tonon, desde o período colonial, o Brasil nutre uma relação especial com a Eucaristia.
Um exemplo disso é que as cidades eram planejadas em torno das igrejas matrizes, e a festa de Corpus Christi mobilizava comunidades inteiras na confecção de tapetes ornamentais.
Os tapetes de serragem, sal colorido, flores, pó de café e outros materiais começaram a ser feitos em Portugal, e foram trazidos ao Brasil pelos colonizadores.
Representam um gesto de honra ao Cristo Eucarístico, presente na hóstia consagrada que é levada solenemente em procissão.
Assim como se abre caminho para os reis, para os católicos os tapetes são uma forma de preparar o caminho para o Rei dos Reis.
Para os católicos o Corpus Christi reafirma que Cristo está realmente presente na Eucaristia, como afirmou Concílio de Trento:
“Presença verdadeira, real e substancial do Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo.”
Para o historiador, mesmo hoje, em um mundo que banaliza o sagrado, a Igreja se levanta em fé para reparar, adorar e proclamar a fé publicamente. Como em Emaús, Cristo ainda caminha ao do povo, esperando que nossos olhos se abram, a partir do pão.
No Especial Corpus Christi, o professor Raphael Tonon explica o significado e a história por trás dessa solenidade católica. Além disso, o historiador percorre as origens e a evolução da celebração ao longo dos séculos.
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