Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Suspendisse varius enim in eros elementum tristique. Duis cursus, mi quis viverra ornare, eros dolor interdum nulla, ut commodo diam libero vitae erat. Aenean faucibus nibh et justo cursus id rutrum lorem imperdiet. Nunc ut sem vitae risus tristique posuere.
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, decidiu, por meio de uma liminar, restabelecer a validade da Resolução do Conselho Federal de Medicina.
A norma define regras mais rígidas para o uso de bloqueadores hormonais e cirurgias de transição de sexo em menores de idade.
Após a decisão, duas organizações ligadas ao ativismo trans, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) e o Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (IBRAT), recorreram, no sábado (4), ao ministro Cristiano Zanin.
As entidades pedem que o Supremo volte a suspender a resolução. Elas afirmam que a norma impede o acesso de crianças e adolescentes trans a tratamentos considerados essenciais para a saúde física e mental.
O que diz a resolução?
A norma do CFM, publicada em abril, proíbe o uso de bloqueadores hormonais antes dos 18 anos em pessoas que não se identificam com o sexo biológico.
Também determina que as chamadas cirurgias de afirmação de gênero só podem ser realizadas após um ano de acompanhamento médico e a partir dos 18 anos de idade.
Nos casos em que há risco de esterilização, como a retirada de útero ou testículos, a idade mínima sobe para 21 anos.
De acordo com o CFM, as diretrizes têm base técnica e ética, sustentadas pelo princípio da precaução, usado em políticas de saúde quando há incerteza científica sobre efeitos futuros.
Ideologia de gênero é um dos temas da trilogia gratuita As Grande Minorias. As minorias tomaram conta das pautas dos noticiários e das redes sociais, muito se fala sobre seus movimentos, mas pouco se diz sobre seus reais interesses. Assista agora ao episódio Geração sem Gênero.
A decisão do ministro Dino
Em julho, a Justiça Federal do Acre suspendeu a resolução após pedido do Ministério Público Federal (MPF). O órgão apontou falhas no processo de elaboração da norma, falta de debate com a sociedade e restrição a tratamentos adotados em outros países.
O CFM recorreu ao STF, alegando que o tema já estava sendo analisado em ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs), processos usados para questionar se uma norma está ou não de acordo com a Constituição.
O Conselho afirma que o juiz de primeira instância teria ultrapassado sua competência ao decidir sobre um assunto que cabe apenas ao Supremo.
Flávio Dino acatou o pedido e restabeleceu a validade da norma, afirmando que caberá ao Supremo analisar o caso. A decisão é liminar e será julgada pela Primeira Turma do STF em 17 de outubro, em plenário virtual.
Recurso de entidades pró-trans
Após o revés, a ANTRA e o IBRAT recorreram à Suprema Corte. As entidades pedem que o ministro Cristiano Zanin revogue a decisão de Flávio Dino e restabeleça os procedimentos voltados a crianças e adolescentes trans.
Segundo as organizações, a decisão de Dino “privilegia formalismos jurídicos em detrimento da dignidade e do bem-estar” dos jovens, “deixando-os vulneráveis a sofrimento psicológico e riscos à saúde mental”.
A nota conjunta das entidades também afirma que o despacho foi celebrado por grupos antitrans e por setores da extrema direita.
“A decisão privilegia formalismos jurídicos em detrimento da dignidade e do bem-estar dessas crianças, deixando-as vulneráveis a sofrimento psicológico e riscos à saúde mental. E foi fortemente celebrada pelo CFM, grupos antitrans e por políticos da extrema-direita”.
As entidades também enviaram manifestação ao STF dentro da ADI 7.806, pedindo que o ministro Zanin permita a continuidade dos atendimentos médicos.
Elas defendem que procedimentos como o bloqueio hormonal da puberdade continuem sendo realizados. Também pedem que a hormonização a partir dos 16 anos seja mantida em centros de referência ligados a universidades públicas.
Com a decisão de Dino, esses procedimentos voltaram a ser proibidos, e médicos que descumprirem a norma podem ter o registro cassado e ficar impedidos de exercer a profissão.
A posição da Procuradoria-Geral da República
A Procuradoria-Geral da República também se manifestou contra o andamento da ADI 7.806.
O órgão afirmou que a ação das ONGs apresenta falhas no processo e ignora leis federais que já estabelecem limites de idade para bloqueadores hormonais, terapias cruzadas e cirurgias de transição.
Segundo ele, o princípio da precaução não tem caráter ideológico, mas busca garantir segurança médica. A ideia é evitar riscos em situações ainda sem comprovação científica, como em novas terapias e tratamentos experimentais.
O CFM também destacou que a medida está em conformidade com o artigo 227 da Constituição Federal, que assegura às crianças e adolescentes direito à saúde, ao desenvolvimento físico e mental e à proteção contra riscos.
A repercussão internacional
Na semana anterior, a revista Nature Medicine, uma das mais influentes publicações científicas do mundo, publicou um artigo em defesa da resolução do CFM.
O texto afirma que as normas brasileiras “não representam retrocesso nos direitos das pessoas transgênero”, mas sim “o exercício legítimo de um dever institucional: garantir segurança, eficácia e integridade científica” em práticas médicas que envolvem populações vulneráveis.
O artigo cita a baixa qualidade das evidências disponíveis sobre a segurança e eficácia dos bloqueadores hormonais e terapias cruzadas em adolescentes.
“Estamos falando de procedimentos irreversíveis. A resolução não proíbe todos os tratamentos, apenas define critérios éticos e técnicos baseados na precaução médica e na proteção de jovens em fase de desenvolvimento”, afirmou Raphael Câmara, relator da resolução no CFM.
O julgamento da Primeira Turma do STF, marcado para 17 de outubro, vai definir se a resolução do CFM continua válida até o julgamento final das ações que contestam a norma.
A decisão poderá orientar futuras diretrizes sobre terapias hormonais e cirurgias de transição de sexo em menores de idade no país.
Entenda mais sobre ideologia de gênero
Nine Borges participou do podcast Conversa Paralela com Lara Brenner e Arthur Morisson para discutir a ideologia de gênero. Assista gratuitamente no canal da Brasil Paralelo e entenda mais sobre o tema.
O jornalismo da Brasil Paralelo existe graças aos nossos membros
Como um veículo independente, não aceitamos dinheiro público. O que financia nossa estrutura são as assinaturas de cada pessoa que acredita em nossa causa.
Quanto mais pessoas tivermos conosco nesta missão, mais longe iremos. Por isso, agradecemos o apoio de todos.
Seja também um membro da Brasil Paralelo e nos ajude a expandir nosso jornalismo.