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O que significa milícia? Conheça as organizações criminosas que dominam ⅓ do Rio de Janeiro

A palavra milícia possui diversos significados, porém, um deles ganha destaque: os grupos paramilitares que dominam ⅓ do Rio de Janeiro.

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
13/6/2022 10:25
-

A palavra milícia possui diferentes significados linguísticos e distintas manifestações históricas, contudo, devido a situação caótica da segurança pública do Brasil, um dos significados ganha destaque: os grupos paramilitares do Rio de Janeiro.

De acordo com o IBGE, 57% da cidade do Rio de Janeiro vive sob o domínio de organizações criminosas, sendo as milícias os principais representantes desse grupo. As facções milicianas possuem poder de vida ou morte sobre 2 milhões de cariocas.

Entenda o significado de milícia, suas variações ao longo da história e veja o poder das milícias cariocas.

  • Os crimes parecem ter se tornado algo normal no Rio de Janeiro. Para entender as origens e os principais responsáveis pela violência da cidade, a Brasil Paralelo produzirá um documentário investigativo inédito - toque aqui para liberar seu acesso.

O que você vai encontrar neste artigo?

O que significa milícia e miliciano?

No dicionário formal da língua portuguesa, a palavra miliciano significa vida ou carreira militar, e milícia significa um conjunto de tropas do exército. Porém, no sentido popular brasileiro, milícia e miliciano significam, respectivamente, um grupo de policiais e seus membros que atuam como mafiosos, como grupos paramilitares privados.

A etimologia da palavra indica os seguintes significados:

  1. corporação bem disciplinada;
  2. grupo defensor de uma doutrina, de uma ideologia;
  3. arte ou prática da guerra;
  4. grupo paramilitar de cidadãos que atuam localmente e à margem da lei.

Sinônimos de milícia

Na linguagem formal, sinônimos de milícia são: batalhão, tropa, hoste, exército, guarnição. Na linguagem popular, os sinônimos de milícia são: milicos, tropa, falange, “os homi”. A designação do nome milícia para diversos significados conduz a outras realidades. 

Milícias ao longo da história

É provável que as milícias existam desde muitos séculos atrás. São diversos os relatos de grupos de mercenários, revolucionários e grupos armados que atuavam na sociedade, como a revolução de Espártaco e a milícia do senador romano Catilina.

Nicolau Maquiavel tratou sobre o fenômeno das milícias no capítulo XII (título: "De quantas categorias são as milícias, e dos soldados mercenários") de sua principal obra: O Príncipe. Seus escritos mostram que existiam muitas milícias ativas no período do Renascimento na Europa. Muitos reis contratavam milicianos ao invés de mandar seu próprio povo para a guerra.

O autor também escreveu sobre milícias no capítulo XIII e XIV de sua obra, abordando, respecticamente, "Das milícias auxiliares, mistas e próprias" e "Os deveres do príncipe para com a milícia".

As milícias modernas receberam destaque em diversos estudos acadêmicos, como o estudo de Huseyn Aliyev em When and How Do Militias Disband?, especialmente porque muitas delas foram importantes para a formação de países, como os Estados Unidos, na Guerra de Secessão, e até mesmo se tornaram instituições formais dos novos governos, como no caso dos bolcheviques na Revolução Vermelha Russa, em 1917.

Nos Estados Unidos ganharam destaque os Minute Man, segundo John R. Galvin em The Minute Men – The First Fight: Myths and Realities of the American Revolution, e a The Hempstead Rifles, uma milícia formada pelo povo durante a Guerra Civil Americana do século XIX, narra Andrew S. Bledsoe, em Citizen-Officers: The Union and Confederate Volunteer Junior Officer Corps in the American Civil War.

A Alemanha nazista também teve sua própria milícia, a Volkssturm. Foi formada no final da II Guerra Mundial em uma tentativa desesperada de conter o avanço dos aliados, narra Hans Kissel no livro Der Deutsche Volkssturm 1944/45: Eine territoriale Miliz im Rahmen der Landesverteidung.

Essa milícia foi criada por Joseph Goebels, em 1944, através do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, não pelo exército alemão. Era formado por um grupo de civis despreparados que deveriam auxiliar o exército do país, já muito desgastado na época.

Diferentes tipos de milícia do mundo contemporâneo

No oriente médio, existe a milícia cristã Brigada Babilônia, grupo paramilitar que luta contra o Estado Islâmico. Diferente dos milicianos brasileiros, o grupo recebe dinheiro do governo do Iraque para defender o país contra extremistas religiosos islâmicos.

Nos EUA, as milícias são aprovadas e incentivadas pela Constituição do país. Os pais fundadores da nação defenderam o direito dos cidadãos de se reunirem militarmente para autodefesa, especialmente para o possível caso dos governantes instaurarem uma ditadura.

milícias nos Estados Unidos
Milicianos estadunidenses andando na rua com seus rifles.

Milícia no Rio de Janeiro

O ex-capitão do Bope, Rodrigo Pimentel, explica com base em sua experiência o que são as milícias do Brasil, especialmente as da cidade do Rio de Janeiro.

Em entrevista a Brasil Paralelo, no documentário Entre Lobos, o militar diz que alguns policiais do Rio de Janeiro começaram a fazer seu trabalho de segurança pública fora da gerência do Estado.

O militar entrevistado e seus colegas do BOPE afirmam conhecer bem as atividades milicianas devido à forte atividade dos grupos no Rio. Rodrigo é especialista em segurança pública e foi o principal consultor para a elaboração do filme Tropa de Elite, sendo considerado o capitão Nascimento da vida real.

milícia retratada pelo filme Tropa de Elite
Milicianos do filme Tropa de Elite.

Segundo eles, as atividades milicianas começaram aproximadamente na década de 60, no bairro Rio das Pedras, na cidade do Rio de Janeiro. Estes grupos paramilitares vieram a ter relevância midiática apenas a partir dos anos 2000.

Segundo Rodrigo Pimentel, a intenção inicial era levar segurança aos lugares dominados pelo tráfico, agindo sem as limitações que o governo impõe aos seus agentes de segurança. Certas regiões da cidade do Rio de Janeiro são dominadas por traficantes muito bem armados, que conseguem impedir o acesso do Estado.

Atualmente, segundo o IBGE, 3,7 milhões de habitantes da cidade do Rio de Janeiro estão sob tutela do crime organizado, o que representa mais da metade dos moradores da cidade.

Os principais objetivos dos milicianos eram:

  • lutar contra os narcotraficantes;
  • impedir o uso e tráfico de drogas;
  • ganhar dinheiro através do serviço de segurança privada.

No documentário “Entre Lobos” da Brasil Paralelo, Rodrigo diz que em pouco tempo os milicianos abandonaram seus princípios morais. Os agentes de segurança privada invadiam as casas de quem não pagava a milícia e roubavam seus bens.

Recentemente, o Ministério Público do Rio de Janeiro apontou que houve uma união entre grupos de milícias privadas com pequenos grupos de traficantes, criando o fenômeno das narcomilícias.

O grupo ganhou muito poder em pouco tempo, tornando-se a maior organização criminosa da capital carioca.

O IBGE aponta que 2,7 milhões de cariocas estão sob o domínio dos narcomilicianos.

  • Os crimes parecem ter se tornado algo normal no Rio de Janeiro. Para entender as origens e os principais responsáveis pela violência da cidade, a Brasil Paralelo produzirá um documentário investigativo inédito - toque aqui para saber mais.

Qual a diferença entre milicianos e traficantes?

A diferença original entre milicianos e traficantes era simples: os milicianos cobravam para oferecer segurança; já os traficantes, por sua vez, vendiam drogas ilegais e dominavam territórios das favelas, tornando-se o governo desses locais.

Contudo, atualmente a diferença entre os dois grupos tornou-se inexistente ou complexa. A polícia civil do Rio de Janeiro e o Ministério Público da cidade apontam que as diferenças estão desaparecendo.

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