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Conheça grandes desafios da educação no Brasil

Educação
História
Brasil
Quais são os grandes desafios da educação no Brasil
-
Redação Brasil Paralelo

O Brasil investe mais que a média da Organização da Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), mesmo assim, ocupa o 53º lugar em educação geral entre 65 países avaliados pelo Pisa.

Os grandes desafios educacionais do país aparentam ser mais complexos do que exclusivamente problemas de investimento. Entenda algumas das principais causas dos problemas educacionais do Brasil.

A análise de problemas educacionais foi feita a partir das falas e posições pessoais dos professores Felipe Nery, Thomas Giulliano e Gabriel Arruda de Castro, dentre outros.

O que você vai encontrar neste artigo?

Quais são os grandes desafios da educação no Brasil?

Desde 2006, o Brasil vem enfrentando grandes desafios na educação, aponta a  Organização da Cooperação e Desenvolvimento (OCDE). Os dados da instituição mostram que os investimentos não trouxeram o retorno esperado.

Analisando esse problema, professores e pedagogos como Thomas Giulliano, Felipe Nery, Rafael Tonon e outros especialistas apontaram erros no método de ensino que podem ser responsáveis pelos baixos resultados. 

Os desafios da educação no Brasil elaborados por esses professores podem ser resumidos da seguinte forma:

  • método de ensino;  
  • modelo de educação pautado politicamente; 
  • baixa participação da família na vida escolar;
  • burocracia estatal; 
  • adaptação do ensino para a realidade de cada estudante.

Método de ensino 

Segundo o Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf), 38% dos universitários do Brasil são considerados analfabetos funcionais. Isso significa que os estudantes são capazes de ler e escrever, mas não sabem interpretar nem agregar informações.

Segundo o mesmo Instituto, 29% da população brasileira que consegue ler é analfabeta funcional e 10 milhões de brasileiros são analfabetos.

O Brasil investe 6% do seu PIB em educação, a média de investimento dos outros países é da Organização da Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) é de 5,5%.

Mesmo assim, o Brasil ocupa as posições 63ª, 59ª e 66ª em ciências, leitura e matemática respectivamente. O Brasil ocupa o 53º lugar em educação geral entre 65 países avaliados pelo Pisa.

Para Felipe Nery, professor e especialista em pedagogia, esses dados mostram que a educação brasileira possui baixa qualidade. 

Segundo professores como Felipe Nery, Thomas Giulliano e Rafael Tonon, um dos principais desafios da baixa qualidade do ensino no Brasil é a ideologização das escolas.

Modelo de educação pautado politicamente

Quando Cristovam Buarque assumiu o cargo de Ministro da Educação no dia 3 de janeiro de 2003, disse:

"Eu não quero perder a minha capacidade de ser rebelde [...] Não é por acaso que aqui nós temos o retrato do nosso grande Paulo Freire simbolizando o analfabetismo contra o que ele lutou tanto. Não é por acaso que temos o retrato do Anísio Teixeira. Está ali simbolizando toda criança na escola e toda escola com qualidade".

No livro Pedagogia do Oprimido, uma das principais obras de Paulo Freire, lê-se:

“Pedagogia que faça da opressão e de suas causas objeto de reflexão dos oprimidos, de que resultará o seu engajamento necessário na luta por sua libertação, em que esta pedagogia se fará e refará” (edição de 1987, p. 17).

O livro cita agentes revolucionários marxistas como exemplos de pedagogos, tendo a referenciado a obra A Frente Única no Trabalho Cultural, de Mao Tse Tung.

Para o professor de história Thomas Giulliano, a visão de Paulo Freire defende e pode até mesmo instigar personalidades e comportamentos genocidas. O professor aponta que Paulo Freire chegou a declarar:

“A revolução é biófila, é criadora de vida, ainda que, para criá-la, seja obrigada a deter vidas que proíbem a vida” (Pedagogia do Oprimido, 58. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014. p. 233).

Segundo Thomas, a pedagogia de Freire busca instigar uma vida revolucionária, e não uma vida de estudos, afirma no livro Desconstruindo Paulo Freire.

Ainda em Pedagogia do Oprimido, exemplos de citações favoráveis a essas figuras históricas podem ser vistos, como no caso de Che Guevara:

O que não expressou [Che] Guevara, talvez por sua humildade, é que foram exatamente esta humildade e a sua capacidade de amar que possibilitaram a sua ‘comunhão’ com o povo. (...). Este homem excepcional revelava uma profunda capacidade de amar e comunicar-se”.

Segundo o pedagogo Afonso Scocuglia, professor na UFPB: 

"Nessa obra [Pedagogia do Oprimido], a aproximação aos pensamentos marxiano e marxistas é notória, principalmente quanto a uma leitura da realidade que leva em consideração, por exemplo, as questões relativas às classes sociais e ao conflito entre elas" (trecho de A história das ideias de Paulo Freire e a atual crise de paradigmas).

Com a aplicação do método de Paulo Freire, pedagogos e professores viram-se diante de um modelo que une o ensino das matérias básicas às pautas sociais e políticas como inerentes à formação do indivíduo.

O jornalista político Reinaldo Azevedo aponta que a politização do ensino foi expressada em materiais didáticos de cunho marxista, que distorceram a história. O livro Nova História Crítica é um dos principais exemplos disso, segundo o jornalista.

O livro Nova História Crítica

Em 2005, 30% da verba de livros escolares do Ministério da Educação foi destinada para comprar a obra “A Nova História Crítica”, de Mario Furley. Na obra, ele afirma que a história do Brasil foi feita por capitalistas egoístas, que prejudicaram o país.

Sobre a Revolução Comunista Chinesa, evento que deixou ao menos 30 a 50 milhões de mortos, o livro diz:

“Foi uma experiência socialista muito original. As novas propostas eram discutidas animadamente. Grandes cartazes murais, os dazibaos, abriam espaço para o povo manifestar seus pensamentos e suas críticas. 

Velhos administradores foram substituídos por rapazes cheios de idéias novas. Em todos os cantos, se falava da luta contra os quatro velhos: velhos hábitos, velhas culturas, velhas idéias, velhos costumes. 

(…) No início, o presidente Mao Tse-tung foi o grande incentivador da mobilização da juventude a favor da Revolução Cultural. (…) Milhões de jovens formavam a Guarda Vermelha, militantes totalmente dedicados à luta pelas mudanças. (…) Seus militantes invadiam fábricas, prefeituras e sedes do PC para prender dirigentes ‘politicamente esclerosados”.
  • Leitura recomendada: entenda o que Karl Marx realmente defendia.

Em outro trecho que aborda a história do Brasil, o livro relata:

  • “Diziam que a princesa Isabel era feia como a peste e estúpida como uma leguminosa. Quem acredita que a escravidão negra acabou por causa da bondade de uma princesa branquinha, não vai achar também que a situação dos oprimidos de hoje só vai melhorar quando aparecer algum principezinho salvador?” 
  • “Ninguém sério acreditava num Terceiro Reinado. A estupidez da princesa Isabel, e a péssima fama de seu esposo, o Conde d’Eu (corrupto, assassino da Guerra do Paraguai, picareta mesmo) contribuíam para isso”.

Aproximadamente trinta milhões de estudantes receberam o livro. Curiosamente, não existem provas da existência do autor desse livro escolar, embora ele tenha ganhado milhões de reais do governo.

Para Gabriel de Arruda Castro, mestre em Política pelo Hillsdale College, criou-se no Brasil um pensamento de que educação é um papel quase que exclusivamente do Estado.

Ele afirma que o corolário do pensamento de Freire defende o Estado e instituições revolucionárias como protagonistas da educação, deixando a família de lado. Gabriel defende que esse é um dos grandes desafios da educação no Brasil.

Para Paulo Freire: 

"As relações pais-filhos, nos lares, refletem, de modo geral, as condições objetivo-culturais da totalidade de que participam. E, se estas são condições autoritárias, rígidas, dominadoras, penetram nos lares que incrementam o clima da opressão" (Pedagogia do Oprimido).
  • O que é família? Veja como esse conceito foi entendido na história e surpreenda-se com a explicação filosófica.

Baseando-se nos demais trechos das obras de Freire, é possível dizer que ele defendia que as condições ideais dos lares seria a defesa de uma educação que conscientize os filhos para a luta de classes e os estimule a participar da revolução social.

Para Gabriel Arruda, essa visão de teor marxista afasta as famílias que possuem valores ocidentais tradicionais, especialmente devido ao fato de Marx e Engels acreditarem que a família é uma instituição intrinsecamente ruim na obra A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado (1884); 

Essa crença gera outro desafio para a educação no Brasil.

Baixa participação da família na vida escolar

A Pesquisa Atitudes pela Educação, divulgada em 2014 pelo movimento Todos pela Educação, mostrou que 19% dos pais de estudantes são considerados distantes do ambiente escolar e da própria relação com os filhos. 

12% dos pais são comprometidos, ou seja, acompanham o desempenho dos filhos na escola, comparecem às atividades escolares e têm relação próxima com crianças e jovens.

De acordo com Alejandra Meraz Velasco, coordenadora-geral do Todos Pela Educação, a participação dos pais é fundamental para o desempenho escolar. Segundo ela, a família e o contexto socioeconômico facilitam esse desempenho. 

Alejandra aponta a falta de participação da família como um dos principais desafios da educação no Brasil.

"O que a gente percebe em outras pesquisas qualitativas é que essas duas dimensões têm de estar equilibradas. Não aditanta vínculo afetivo melhor sem a valorização da escola. Da mesma forma, o pai que valoriza a educação e não estabelece diálogo com filho será pouco efetivo na educação", disse em entrevista para a Agência Brasil.

Para Wellington Fraga Rizo, Mestre em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Regional, a solução desse problema é dificultada pela burocracia exacerbada do governo brasileiro.

Burocracia estatal

No artigo "Fatores burocráticos que atrasam as escolas públicas de aproveitarem as tecnologias de modo satisfatório", Wellington Rizo diz:

"É fundamental que o ensino escolar acompanhe a realidade social presente, renovando a prática pedagógica na sala de aula. [...] Porém, na escola pública existem fatores que dificultam esse processo de mudança. Sob a visão de estudiosos, a política pública burocrática impede as escolas de acompanhar o ritmo das mudanças que ocorrem no mundo moderno".

O professor José Francisco de Almeida Pacheco concorda com a tese de Welligton. Para ele:

​​"Burocracia brasileira impede que escolas mudem".

José fundou a Escola da Ponte, um colégio que tornou-se referência escolar, segundo a Agência Brasil. Para ele, a burocracia exacerbada é um dos grandes desafios da educação no Brasil. Em entrevista, José disse:

"Escolas com mil ou 2 mil alunos não são escolas. São depósitos de alunos. Para haver aprendizagem tem que haver vínculo. E esse vínculo não é só cognitivo, é também afetivo, emocional, ético, estético, espiritual.

[...] Então, porque turma de 30 ou 40? É porque as escolas brasileiras não são geridas pela pedagogia, são geridas pela burocracia. Aquilo que se passa dentro dessas escolas não serve
.

[...] O Ministério da Educação tem gente maravilhosa dentro dele, tem grandes pedagogos, grandes técnicos, gente bem preparada cognitivamente, mas é um monstro burocrático, que tem nas secretarias [estaduais, municipais] seus tentáculos que impedem que as escolas mudem".

A fala de José apresenta outro grande desafio da educação no Brasil: a massificação do ensino.

Adaptação do ensino para a realidade de cada estudante

O ensino moderno brasileiro não leva em conta as particularidades e a vocação de cada aluno, defende o professor José Franciso. Ao comentar sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), ele disse:

"Então, o que vai acontecer é que [a Base Nacional Comum Curricular] é uma nova proposta que nasce velha. Depois, quando se fala em adaptações locais, em componentes curriculares locais, o que se está a espera?  Uma escola que está, enfim, padecendo em uma cultura de autossuficiência, de isolamento, que nem conhece a comunidade, nem sabem o que lá se passa".

Praticamente não existem previsões para adaptação do ensino para a realidade local das escolas ou para a realidade de cada aluno. O filósofo Ortega y Gasset critica essa realidade em seu livro A Rebelião das Massas. Para ele:

"Massa é ‘homem médio’. Desse modo se converte o que era meramente quantidade – a multidão – em uma determinação qualitativa: é a qualidade comum, é o mostrengo social, é o homem enquanto não se diferencia dos outros homens, mas que repete em si um tipo genérico". 

Junot Cornélio Matos traz essa diagnóstico para o mundo da educação na obra Filosofando sobre o ensino de filosofia:

"Demo-nos conta, porém, da grande abstração que a escola representa para o estudante e da fragilidade dela própria em responder às demandas sempre mais crescentes de crianças, jovens e adolescentes quase sempre alijados da palavra quando o tema é sua própria educação". 

Estes são apenas alguns dos principais desafios da educação no Brasil. Desde 2006 em diante, o Brasil é um dos piores países no ranking da Organização da Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) em diversas disciplinas escolares, ocupando o 53º lugar em educação geral entre 65 países avaliados pela instituição.

Diante de tantos desafios da educação no Brasil, a Brasil Paralelo criou o documentário Pátria Educadora.

Documentário Pátria Educadora

A trilogia Pátria Educadora promove uma investigação dos problemas da educação brasileira. Especialistas em educação foram reunidos para explicar o que está acontecendo com a educação do país e apresentar possíveis caminhos de melhora. Confira o trailer de Pátria Educadora:

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