Por que os casos mais conhecidos vão parar em Tremembé?
A escolha de Tremembé como destino de presos célebres não é casual. A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) adota a unidade como refúgio para detentos de alto perfil.
Esses presos, por causa da notoriedade dos crimes ou da vida pública anterior, correm risco de morte em presídios comuns.
O objetivo é garantir integridade física e segurança. A presença de líderes de facções em outras penitenciárias do estado torna Tremembé o local mais adequado para evitar ataques ou conflitos internos.
Atualmente, o complexo abriga:
- Robinho, condenado por estupro na Itália;
- Fernando Sastre, motorista do Porsche envolvido em um homicídio no trânsito;
- o ex-policial Ronnie Lessa, condenado pelo assassinato da vereadora Marielle Franco.
Quem passou por Tremembé?
O complexo conta com cinco unidades, três masculinas e duas femininas. A mais conhecida é a Penitenciária 2 “Dr. José Augusto Salgado”, onde boa parte dos criminosos mais midiáticos do país cumpriu pena.
Entre os nomes conhecidos:
- Suzane von Richthofen, condenada pela morte dos pais, cumpriu cerca de 20 anos em Tremembé e deixou a prisão em 2023, em regime aber\to.
- Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, condenados pelo assassinato da filha Isabella, viveram na mesma unidade. Hoje cumprem pena em regime aberto.
- Elize Matsunaga, que matou e esquartejou o marido Marcos Matsunaga, cumpre liberdade condicional desde 2022 e trabalha como motorista de aplicativo.
- Cristian e Daniel Cravinhos, cúmplices de Suzane, também passaram por Tremembé. Cristian voltou à prisão em 2017 por corrupção ativa e porte ilegal de munição, mas foi libertado neste ano.
- Roger Abdelmassih, ex-médico condenado a 181 anos de prisão por estuprar 37 pacientes, segue preso na unidade aos 82 anos.
Outros nomes conhecidos também estiveram ali: Lindemberg Alves, que manteve Eloá em cárcere privado; Gil Rugai, condenado pela morte do pai e da madrasta; Mizael Bispo, que matou a ex-namorada Mécia Nakashima; e Edinho, filho de Pelé, que cumpriu pena por tráfico e lavagem de dinheiro.
A rotina atrás dos muros
Apesar da fama, o cotidiano em Tremembé segue regras idênticas às de qualquer outra prisão paulista.
Os presos têm acesso a aulas de teatro e inglês, atividades religiosas, ensaios musicais e oficinas de trabalho.
Empresas conveniadas contratam a mão de obra carcerária para reformar carteiras escolares, montar embalagens, produzir pedras sanitárias e fabricar móveis de escritório.
As vagas são administradas pela Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel (Funap) e distribuídas conforme a formação e o comportamento de cada preso.
Quando quase recebeu um ex-presidente
Em 2019, Tremembé quase se tornou endereço de um dos nomes mais conhecidos da política brasileira.
A Justiça Federal autorizou a transferência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de Curitiba para São Paulo, e o complexo chegou a ser cotado como destino.
Mas o Supremo Tribunal Federal suspendeu a decisão, garantindo a permanência de Lula na sede da Polícia Federal em Curitiba.
De caso policial a série de streaming
A história de Tremembé agora ganhou as telas. A série “Tremembé”, inspirada nos livros-reportagem do jornalista Ulisses Campbell, autor de Suzane: Assassina e Manipuladora e Elize Matsunaga: A Mulher que Esquartejou o Marido.
A produção mistura ficção e fatos reais para retratar o convívio entre presos de alta notoriedade.
A trama começa com a chegada de Suzane (Marina Ruy Barbosa) à penitenciária, onde precisa entender as hierarquias internas e conquistar o respeito da detenta Sandrão (Letícia Rodrigues), figura influente e temida entre as presas.
Onde fica Tremembé?
Tremembé, município do Vale do Paraíba, tem 365 anos de história, mas foi a penitenciária que colocou seu nome no mapa.
O presídio, inaugurado há mais de sete décadas e reformado nos anos 2000, já foi reconhecido como “Modelo de Gestão Penitenciária” pela organização e estrutura.
Hoje, Tremembé é mais do que um local de detenção. O presídio se consolidou como um dos símbolos mais conhecidos do sistema prisional brasileiro, por reunir casos que marcaram o noticiário nacional.