Cuba enfrenta um colapso social e econômico. A informação é de um estudo conduzido pelo Observatório Cubano de Direitos Humanos e foi publicada no dia 9 de setembro.
Segundo o relatório de 2025, 89% das famílias cubanas vivem em extrema pobreza, e sete em cada dez pessoas deixaram de fazer ao menos uma refeição por falta de dinheiro ou alimentos.
Para definir o limiar de pobreza extrema, o Observatório adotou o critério do Banco Mundial, que considera em extrema pobreza quem vive com menos de US$1,90 por dia, o equivalente a R$10,15.
Com base nesse parâmetro, uma família de três pessoas precisaria ter renda mínima mensal de R$910 para não ser classificada em situação de pobreza extrema.
Pela primeira vez, os apagões superaram a crise alimentar como o principal problema. Para 72% dos entrevistados, a falta de energia elétrica é o maior desafio enfrentado por Cuba.
Já a fome aparece logo em seguida, mencionada por 71% dos cubanos.
A crise no fornecimento de energia em Cuba é resultado do envelhecimento das usinas e da falta de recursos para manutenção. O governo chegou a alugar usinas flutuantes de empresas turcas para amenizar o problema, mas a situação tende a piorar nos próximos meses.
O primeiro-ministro Manuel Marrero admitiu que o país não tem dinheiro para importar o petróleo necessário, responsável por cerca de 80% da geração de energia.
A passagem do furacão Rafael, em 2024, agravou a situação, derrubando linhas de transmissão e deixando boa parte da ilha no escuro por dias.
Outras dificuldades apontadas foram o alto custo de vida (61%), os baixos salários (45%) e o colapso da saúde pública (42%).
O relatório descreve um cotidiano marcado pela escassez: apenas 3% da população consegue comprar medicamentos nas farmácias estatais, enquanto 12% não têm dinheiro para adquiri-los e 13% não encontram os produtos por falta de estoque.
O estudo mostra que a pobreza já não se restringe às áreas rurais, atingindo grandes cidades e regiões antes estáveis.
Entre os idosos com mais de 61 anos, oito em cada dez deixaram de se alimentar adequadamente.
O OCDE aponta que 82% da população considera os idosos o grupo mais afetado pela crise. Cerca de 14% das pessoas com mais de 70 anos continuam trabalhando mesmo após a aposentadoria, apenas para garantir a sobrevivência.
O relatório também destaca a dimensão da emigração: 78% dos cubanos querem deixar o país ou conhecem alguém com essa intenção.
Os Estados Unidos são o destino mais buscado (30%), mas 34% afirmam que aceitariam sair “para qualquer lugar”. Rússia e China, aliados históricos do regime, despertam interesse mínimo, com apenas 2%.
O desemprego permanece alto, atingindo 12% da população. Entre os jovens sem ocupação, 81% estão fora do mercado de trabalho há mais de um ano, e 32% estão desempregados há mais de três anos.
Dependência de remessas e rejeição ao regime
Em meio à escassez, as remessas enviadas por familiares no exterior tornaram-se vitais para a sobrevivência. Segundo o OCDH, 37% dos lares recebem ajuda de parentes fora da ilha, seja em dinheiro, alimentos, medicamentos ou recargas de celular.
Mais da metade dessas famílias recebe o auxílio a cada dois ou três meses.
A insatisfação com o regime comunista é quase total. O estudo mostra que 92% da população desaprova a gestão econômica e social do governo liderado por Miguel Díaz-Canel, enquanto apenas 5% manifestam apoio.
Em nota, o Observatorio Cubano de Derechos Humanos criticou a postura do governo, que “nega a existência de pobreza e mendicância” enquanto o país enfrenta escassez generalizada de comida, remédios e energia elétrica.
O documento conclui que, para superar a crise, Cuba precisaria adotar um modelo econômico baseado na livre iniciativa e na segurança jurídica.
Também defende o respeito à propriedade privada e o fim da centralização estatal que marca o regime desde 1959.
“A pobreza generalizada e a grave crise dos direitos sociais só poderão ser superadas com uma transição para uma economia de mercado”.
O levantamento reafirma o que se tornou evidente nas ruas de Havana: a antiga promessa de igualdade deu lugar à realidade de um país em colapso, onde a fome, o medo e o desejo de fuga se tornaram parte do cotidiano.
O levantamento foi realizado entre 8 de junho e 11 de julho de 2025, com 1.344 entrevistas presenciais em 70 municípios de todas as províncias cubanas.
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