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Quem era o presidente dos Correios que deixou o cargo após crise?

Presidente dos Correios ligado a Lula pede demissão após acusação de má gestão.

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
3/11/2025 18:31
Antonio Cruz/Agência Brasil

Desde sua nomeação pelo Presidente Lula no início de 2023, Fabiano Silva dos Santos prometeu recuperar a lucratividade dos Correios. Dois anos e meio depois, ele deixa o cargo tendo sua gestão marcada por um dos piores resultados financeiros da estatal

Totalizando 2,6 bilhões em prejuízo em 2024 e mais 4,3 bilhões no primeiro semestre de 2025, o advogado e coordenador do Grupo Prerrogativas se viu pressionado a deixar a cadeira. 

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Fabiano Silva deixou os Correios por pressão da Casa Civil

No dia 4 de julho de 2025, Fabiano Silva dos Santos apresentou sua carta de demissão

O conteúdo da carta não foi divulgado. De acordo com seus aliados, ele decidiu não tornar o texto público para evitar constrangimentos políticos ao presidente Lula e ao Ministro da Casa Civil, Rui Costa já o estava pressionando para deixar a cadeira. 

Os planos do Partido dos Trabalhadores para a estatal incluíam um corte de cerca de 10 mil funcionários e o fechamento de agências. De acordo com  a Revista Oeste, Fabiano Teria se posicionado contra a proposta de privatização dos Correios.

Quem é Fabiano Silva dos Santos?

Fabiano é advogado e coordenador do Grupo Prerrogativas, um conjunto de profissionais do direito que apoiam o Governo Lula e ganharam destaque por fazerem oposição à Lava Jato

Eles tentaram articular apoio entre parlamentares do PT para manter Fabiano no cargo, mas não obtiveram sucesso.

Fabiano era militante do PT e próximo de José Dirceu, ficou conhecido como o ‘churrasqueiro do Lula’.

O ex-presidente dos correios assumiu o cargo no início de 2023 e tinha mandato até 6 de agosto de 2025, mas preferiu antecipar sua saída. Ainda em janeiro, ele acusou o governo anterior de sucatear a empresa e disse que à tornaria lucrativa em 2025

“Quando uma empresa é sucateada como ela foi, a gente tem trabalho grande para recuperá-la. Estamos trabalhando para tornar a empresa lucrativa ainda este ano, em 2025”

De acordo com Fabiano, o Presidente Lula exigiu um plano de reestruturação da empresa. Fabiano teria dito que estava em andamento e completou:

“Estamos trabalhando fortemente para que a gente entregue cada vez mais um Correio saudável e sustentável.”

Correios foi a estatal com o pior desempenho no Governo Lula

Entre abril e junho de 2025, os Correios apresentaram déficit de 2,6 bilhões de reais. O prejuízo vem na esteira de um rombo já precificado no primeiro trimestre do ano. A perda foi de R$1,7 bilhão, o maior resultado negativo da estatal desde 2017.

A empresa já havia apresentado o pior resultado entre todas as estatais quando revelou o déficit de 2,6 bilhões de reais em 2024. O correio é o principal responsável pelo déficit acumulado de 18,5 bilhões de reais registrado por todas as estatais federais.

Segundo dados da empresa, a principal causa dos maus resultados foi o aumento de gastos com pessoal e precatórios. O total de 3,4 bilhões nessas categorias representa um aumento de 74% em relação ao mesmo período no ano anterior

Os salários de mais de 55 mil servidores dos Correios foram reajustados em janeiro deste ano. O aumento foi de 6,05%. O próprio ex-presidente viu seu salário passar de R$46.727,77 para R$53.286,39 desde que assumiu a cadeira.

Essa justificativa não é consenso entre os membros da cúpula dos Correios. Algumas pessoas afirmam que o objetivo principal não é o lucro e manter as entregas em algumas áreas do país é muito custoso. 

Também levantam a questão do novo marco regulatório das compras internacionais (a taxa das blusinhas). O aumento de impostos por importação teria inviabilizado algumas operações da empresa

A Associação dos Profissionais dos Correios (Adcap) denunciou uma possível insolvência da empresa, que poderia resultar em atraso nos salários.

Os resultados financeiros geraram críticas à gestão do governo 

Os colunistas Diogo Schelp e Felipe Erlich da Veja Negócios criticaram o governo Lula pela condução da estatal. Eles culpam a gestão petistas pelo rombo nos Correios.

“O que impede os Correios e outras estatais de serem geridas de forma eficiente é o fato de que, para os governos do PT, elas servem antes de mais nada como uma engrenagem da máquina político-eleitoral do partido.”

Eles trazem a informação de que desde que o atual ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, suspendeu as restrições de nomeação a apadrinhados, o Presidente da República criou quase 300 novos cargos de indicação política em estatais federais.

De acordo com os colunistas, o presidente ampliou o número de cargos de indicação política em estatais após a eleição.

Suspeitas de corrupção

Os Correios eram investigados por supostos gastos irregulares em publicidade, que somavam R$380 milhões, segundo o Radar da Veja. A estatal também enfrentava denúncias de assédio entre membros da cúpula e cabides de emprego.  

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O cargo de Fabiano era alvo de interesse político

Os Correios respondem ao Ministério das Comunicações, pasta atualmente comandada pelo União Brasil. A sigla não vive momentos recentes de concordância com o governo

O partido também possui o presidente do Senado Davi Alcolumbre. Ele organiza as indicações para o cargo e já possui um aliado, Hilton Rogério Maia Cardoso, no comando da Diretoria de Negócios dos Correios

Membros do União declararam não terem sido notificados sobre a prerrogativa de indicar o novo presidente

O nome que foi proposto pelo partido é o de José Rorício de Vasconcelos Júnior, o diretor de Administração dos Correios, mas ele já sofria resistência por parte dos funcionários. 

Quem entrou no lugar de Fabiano Silva na gestão dos Correios?

Emmanoel Schmidt Rondon foi indicado por Lula para assumir a liderança da estatal. Após ter seu nome validado pelo presidente e aprovado pelo Conselho de Administração dos Correios, Emmanoel tomou posse em 26 de setembro.

O substituto de Fabiano é economista e tinha carreira consolidada no Banco do Brasil. Atuou como gerente executivo da Diretoria de Infraestrutura, Suprimento e Patrimônio do banco estatal. 

Possuí MBA em Administração de Empresas e se especializou em gestão estratégica, produtos financeiros, inovação e governança. Passou por diversas áreas e conselhos do BB, desde saúde e previdência até tecnologia. 

O governo espera que sua experiência em sustentabilidade econômica contribua para a recuperação financeira dos Correios  Ainda assim, a estatal informou à União que pode precisar de aportes para evitarem ficar sem caixa.

De acordo com a Veja, os Correios estariam negociando um empréstimo de 20 bilhões com o Tesouro Nacional

Já foi anunciado um plano de venda de imóveis, lançamento de infracommerce e demissões voluntárias, segundo integrantes do governo, as medidas foram adotadas com atraso.

A ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck defende o ajuste fiscal e a iniciativa de competir com marketplaces como Mercado Livre e Amazon.

Outras medidas conteriam a redução de salários e a suspensão de férias, mas acompanhados pela redução proporcional da jornada de trabalho. 

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