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História
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Pacto de Bretton Woods: entenda porque o dinheiro vale cada vez menos

Descubra o que foi o Pacto de Bretton Woods, como ele criou o padrão dólar-ouro e mudou o rumo da economia mundial.

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
29/8/2025 10:32
Foto de uma das reuniões do pacto de Bretton Woods. Créditos da foto: AP.

15 de agosto de 1971: Richard Nixon, presidente dos Estados Unidos, fez um comunicado que mudaria a história da economia mundial para sempre. Ele anuncia o fim do padrão dólar-ouro e, com ele, a morte do pacto de Bretton Woods.

As consequências dessa medida foram: inflação estratosférica, um número de países em crise monetária nunca antes visto, uma degradação de padrões sociais sem precedentes, dívidas nacionais impagáveis e uma desigualdade social galopante. 

Neste texto, será destrinchado o que aconteceu em 1971 e porque o fim do Pacto de Bretton Woods representou um dos maiores golpes para todo o sistema financeiro global. 

  • O Pacto de Bretton Woods é tema de um episódio da série investigativa da Brasil Paralelo, exclusiva para assinantes. Assine a BP Select e tenha acesso a todos os episódios de Investigação Paralela. as investigações dos mistérios do Brasil e do mundo te aguardam. 

O que você vai encontrar neste artigo?

O que foi o Pacto de Bretton Woods?

Em 1944, 700 delegados dos 44 países da Liga das Nações se reuniram em um hotel em Bretton Woods, Nova Hampshire. Nessa reunião, se encontraram John M. Keynes, o economista mais influente do mundo na época, e Harry D. White, assessor do Tesouro Americano e espião soviético

O plano de Keynes era criar uma moeda global e facilitar para os países que interviessem no câmbio entre suas moedas nacionais e esse moeda internacional. White viu a oportunidade de transformar o dólar nessa moeda

Os Estados Unidos tinham 70% de todo o ouro do mundo e, consequentemente, a moeda mais confiável. Os demais países aceitaram o acordo dólar-ouro. 

Em 22 de julho de 1944, todos os membros da Liga das Nações saíam da sala de reuniões com suas moedas lastreadas no dólar. Por sua vez, o dólar era lastreado no ouro e todos os países mandaram o restante de suas reservas para os americanos

Também em Bretton Woods, foram criados dois órgão internacionais: 

  • Fundo Monetário Internacional (FMI): cuida do balanceamento de pagamentos entre os países e da taxa de câmbio.
  • Banco Mundial: Ficou encarregado de reconstruir o mundo no Pós-Guerra emprestando dinheiro a países aleijados pelo conflito.

Como todas as moedas nacionais passaram a ser lastreadas no dólar, a disparidade entre elas não podia ultrapassar 1% de diferença para cima ou para baixo. Caso essa paridade fosse ameaçada, os Bancos Centrais de cada país entrariam comprando dólares. 

Assim como na década de 20, até 1971 isso garantiu aos Estados Unidos um tempo de bonança e prosperidade econômica. A paz acabaria menos de 30 anos depois com o comunicado do Presidente Richard Nixon em 15 de agosto de 1971. 

Seu fim acarretaria em um grande aumento no número de países sofrendo com crises financeiras, mas isso não era uma surpresa para os economistas austríacos. Assine a Brasil Paralelo e faça o curso Introdução à Escola Austríaca de Economia. O conhecimento por trás dos ciclos econômicos está aqui. 

Fim do lastro em ouro

Durante as décadas de 50 e 60, os Estados Unidos se entregaram a políticas expansionistas, populismos e ao crescimento do Estado de Bem-Estar Social. Com isso, os gastos públicos aumentaram. 

Ao entrar na década de 70, as reservas de ouro americanas já estavam 55% esgotadas. A impressão de dólares aumentou a base monetária em 120% de 1959 até 1971. 

Como o dólar estava cada vez mais abundante e o ouro cada vez mais escasso, o preço dos dois começou a se descolar.

Os americanos começaram a sentir a inflação. Inglaterra e França, entendendo o movimento, pediram suas reservas de ouro de volta. 

Não havendo mais como controlar a inflação, Nixon foi a público. Ele comunicou que a partir daquele 15 de agosto de 1971, preços e salários estariam congelados nos EUA. Todas as importações paralisadas e o Pacto de Bretton Woods terminado

A partir daquele momento o dólar deixa de ser lastreado no ouro. Ele se torna a definição de uma moeda fiduciária. Essa palavra vinha “fidúcia” que significa confiança. Ou seja, a única coisa que mantinha o dólar tendo valor a partir dessa data, era a confiança das pessoas no governo americano

Os Estados Unidos não honrou a confiança depositada nele. Após 1971, a produtividade aumentou 246%, mas a compensação financeira para os trabalhadores foi apenas de 115%

O Produto Interno Bruto dos países acelerou em velocidades históricas, mas os salários não acompanhavam. A desigualdade social não parou de crescer, a inflação passou de 2000% após os anos 2000 e a quantidade de países em crise financeira cresceu exponencialmente. 

As dívidas nacionais dos países chegaram a níveis estratosféricos e isso não teve consequências apenas econômicas. O número de mães solteiras, presidiários, divorciados e adultos morando com os pais aumentaram em mais de 50%

Tudo isso é mostrado com gráficos animados no episódio da série Investigação Paralela sobre o Pacto de Bretton Woods. Assine a Brasil Paralelo e assista o documentário completo.

O fim do lastro em ouro teria sido bom?

No artigo The end of the Bretton Woods System publicado pelo próprio FMI, é feita uma defesa da decisão tomada por Nixon em 1971. Foi escrito que a transição das taxas de câmbio foram feitas de forma estável

Os governos puderam ajustar o preço de suas moedas com mais liberdade, de acordo com o petróleo e outras commodities. Uma pesquisa aponta que 9 em cada 10 economistas discordam totalmente de retornar ao padrão ouro

Desatrelar o ouro do dólar permitiu que a demanda por moeda fosse atendida e a pobreza sanada. Além disso, é consenso que o padrão de vida geral no mundo todo só melhorou desde então

O crédito barato também é o que permite que start ups como Uber e iFood possam existir, mesmo que operando no vermelho. O Estado de Bem-Estar Social também só foi possível devido ao aumento do dinheiro disponível.  

Mesmo que tudo isso venha acompanhado de inflação, há economistas que afirmam que uma desvalorização controlada da moeda gera incentivo ao consumo. Se os preços caíssem com o tempo, em vez de aumentar, as pessoas reduziriam seus gastos para poupar. Isso seria ruim para os comerciantes que querem vender. 

Para entender melhor as relações intrínsecas que perpassam a economia e a natureza humana, faça o curso O que é Capitalismo do Núcleo de Formação da Brasil Paralelo.

A crise advinda do fim do lastro em outro

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