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Em outubro, o 1º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro decidiu manter Rogério de Andrade por mais um ano em um presídio federal de segurança máxima em Mato Grosso do Sul, em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), com cela individual.
A decisão está ligada ao processo em que ele é acusado de mandar matar o contraventor rival Fernando Iggnácio, executado em 2020 na zona oeste do Rio.
"Contraventor" é o termo usado para quem pratica contravenção penal, como o jogo do bicho: uma infração de menor gravidade que um crime, mas que, na prática, costuma estar associada a estruturas ilegais maiores
Na decisão, a Justiça afirma que Rogério ainda representa “uma ameaça concreta e relevante à segurança do Estado e da sociedade”.
O documento também destaca sua “inegável influência” como integrante da chamada “nova cúpula” do jogo do bicho, com poder econômico e capacidade de pressão sobre instituições.
Em outro processo, ele também é investigado por suposta distribuição de propina a batalhões da Polícia Militar e delegacias.
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Do legado de Castor ao topo do jogo do bicho
Sobrinho do histórico bicheiro Castor de Andrade, Rogério cresceu no círculo interno do jogo do bicho no Rio.
De acordo com relatos citados em investigações e em séries documentais sobre o crime organizado, ele atuava como operador do esquema do tio e, com a morte de Castor, passou a disputar o controle do império deixado pelo contraventor.
A sucessão abriu uma guerra entre três grupos: Rogério, o primo Paulinho Andrade e o genro de Castor, Fernando Iggnácio.
Enquanto Rogério ficaria com o jogo do bicho, Fernando teria recebido o controle das máquinas caça-níquel e outros negócios paralelos.
A disputa, de acordo com investigações e depoimentos colhidos ao longo dos anos, alimentou uma sequência de atentados e mortes, com um rastro de violência entre clãs rivais.
No início dos anos 2000, Paulinho Andrade foi assassinado. Rogério chegou a ser investigado pelo crime, mas o caso não avançou contra ele. Em 2010, uma bomba colocada em seu carro explodiu e matou seu filho, Gustavo, de 17 anos.
Rogério só sobreviveu porque houve troca de lugares entre pai e filho pouco antes da saída do veículo, episódio frequentemente lembrado em reportagens e séries sobre o submundo do jogo do bicho.
Ao longo do tempo, Rogério foi alvo de pelo menos três atentados, segundo as investigações.
No ambiente do crime, sua imagem passou a ser associada à eliminação sistemática de rivais e ao controle duro de territórios e negócios, ainda que muitas das suspeitas não tenham resultado em condenações criminais contra ele.
Execução de Fernando Iggnácio
O processo que hoje sustenta a permanência de Rogério de Andrade no presídio federal trata do assassinato de Fernando Iggnácio, genro e herdeiro de Castor de Andrade.
Em 10 de novembro de 2020, Fernando foi executado ao sair de um heliponto no Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste do Rio.
Ele havia acabado de desembarcar de um helicóptero vindo da região de Angra dos Reis. Ao caminhar até o carro, foi alvejado com tiros de fuzil 5.56 disparados por pistoleiros posicionados em um terreno vizinho ao estacionamento.
Entre os executores havia dois policiais militares, um ex-PM e um civil. Eles foram presos e o Ministério Público denunciou Rogério de Andrade como mandante do crime, junto com Gilmar Eneas Lisboa.
O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal, e uma decisão do ministro Nunes Marques trancou a ação naquele momento, sob entendimento de que não havia indícios suficientes para levar Rogério a julgamento, condicionando o prosseguimento à apresentação de novas provas.
Em 2024, o Gaeco, grupo especializado do Ministério Público do Rio de Janeiro, informou ter reunido novos elementos contra Rogério e pediu sua prisão. A partir daí o caso foi reaberto e ele foi transferido para o sistema federal em regime mais rígido.
Agora, o 1º Tribunal do Júri decidiu prolongar sua permanência por mais um ano no presídio de segurança máxima em Mato Grosso do Sul.
Do submundo ao carnaval:
Além de sua atuação no jogo do bicho, Rogério de Andrade é conhecido pela ligação com o carnaval carioca.
Ele é patrono da Mocidade Independente de Padre Miguel e investe grandes quantias na escola de samba, repetindo um padrão histórico: desde o tempo de Castor de Andrade e Natal da Portela, bicheiros usam o carnaval como vitrine social e forma de legitimar seu poder.
Gostaria de conhecer melhor a história de como o Jogo do Bicho utiliza as Escolas de Samba para limpar a própria imagem? Assista ao vídeo abaixo:
Relatos de bastidores descrevem desfiles em que Rogério aparece cercado de seguranças, em carros de som ou em áreas nobres da Sapucaí, vestindo branco e sendo ovacionado por parte do público.
No universo do carnaval, patronos desse perfil são vistos ao mesmo tempo como “benfeitores”, por financiarem desfiles de grande porte, e como figuras temidas pela reputação construída no submundo.
Por que o presídio federal preocupa Rogério de Andrade?
O regime aplicado a presos considerados de alta periculosidade no sistema federal é radicalmente distinto da realidade de muitos presídios estaduais.
No presídio federal de Mato Grosso do Sul, Rogério cumpre RDD em cela individual, com rotina de isolamento e controle rígido de visitas, comunicações e horários.
Banho de sol é limitado, conversas são monitoradas e não há a mesma chance de influência sobre servidores ou outros detentos que líderes do crime costumam exercer em unidades comuns.
Nesse ambiente, ele divide o sistema com chefes de facções nacionais e grandes nomes do crime organizado, o que reduz margens para privilégios e amplia o risco de conflitos.
A própria decisão da Justiça do Rio destaca que mantê-lo longe do estado serve para reduzir a possibilidade de interferência em testemunhas, obstrução de investigações e continuidade de atividades criminosas.
A combinação entre sua atuação no jogo do bicho e o histórico de conflitos envolvendo diferentes grupos ajudou a colocar Rogério de Andrade no centro de diversas investigações.
Ao longo dos anos, sua influência no Rio de Janeiro ampliou o alcance dessas apurações e o interesse das autoridades no caso.
A disputa judicial sobre sua possível responsabilidade pela morte de Fernando Iggnácio e por outros casos deve seguir em andamento, agora acompanhada tanto pela Justiça fluminense quanto pelo sistema prisional federal.
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