Após sofrer uma onda de ataques nas redes sociais, o padre Fábio de Melo publicou um texto nesta terça-feira (20) dizendo estar “a um passo de desistir”.
Segundo ele, os julgamentos se intensificaram após um episódio em uma cafeteria de Joinville (SC), e desde então, qualquer postagem sua tem sido alvo de ofensas.
“O ódio virtual se manifesta da pior forma”, escreveu o sacerdote. “Mentindo, caluniando, achincalhando as pessoas que amamos. Até mesmo homenagens que faço à minha mãe recebem comentários agressivos”, afirmou, referindo-se à mãe, falecida em 2021.
O episódio que desencadeou a polêmica ocorreu na loja Havanna do Shopping Joinville.
Fábio de Melo relatou uma divergência entre o preço exibido na prateleira e o valor cobrado no caixa, mas o gerente teria se recusado a aplicar o menor valor. Após o ocorrido, o funcionário foi demitido.
"Lamento mesmo. Acho que quem erra precisa ter uma segunda oportunidade", disse o padre.
O episódio reacendeu o interesse sobre quem é, de fato, o padre que há décadas mobiliza milhões dentro e fora da Igreja.
Padre Fábio de Melo tem mais de 26 milhões de seguidores no Instagram. Usa as redes para evangelizar, partilhar reflexões e também mostrar aspectos do cotidiano. Seu estilo empático e bem-humorado ampliou sua influência para além do público católico.
Cultiva amizades com diversas personalidades da mídia, como Angélica, Grazi Massafera, Carolina Dieckmann e Xuxa Meneghel.
Padre Fábio de Melo segue atuando como sacerdote, escritor, cantor e comunicador. Sua trajetória une espiritualidade, arte e comunicação, com forte presença na mídia e nas redes sociais.
Seus conteúdos alcançam milhões de pessoas diariamente, seja em eventos religiosos, nas plataformas digitais ou em aparições na televisão.
Desde 1997, o sacerdote lançou 21 álbuns, vendeu mais de 3 milhões de cópias de CDs e mais de 3,5 milhões de livros.
Sobre sua carreira como escritor, o padre revelou sua maior realização como escritor no mundo literário durante o podcast Daria um livro:
“Minha maior alegria como escritor não foi vender milhões de cópias. Claro que é bacana saber que entrei na vida de tantas pessoas. Mas o que mais me marcou foi saber que a Biblioteca Municipal da minha cidade tinha todos os meus livros.”
Seu álbum "Vida" (2008), pela Som Livre, alcançou notoriedade nacional e o levou aos programas da TV aberta. Colaborou com artistas como Ivete Sangalo, Luan Santana, Fernanda Takai, Paulinho Pedra Azul e Simone & Simaria.
Entre seus principais álbuns estão:
Entre os livros publicados, destacam-se:
Há mais de uma década, apresenta o programa "Direção Espiritual" na TV Canção Nova, abordando temas como perdão, dor, espiritualidade e relações humanas.
Nascido em 3 de abril de 1971, em Formiga (MG). Padre Fábio é o caçula de oito irmãos, cresceu em um lar simples e enfrentou dificuldades financeiras.
Em entrevista ao canal GNT, revelou que, apesar dos problemas familiares, era ele quem permanecia ao lado da mãe. “Eu era o irmão que ficava para cuidar dela”, disse.
Desde jovem, demonstrava interesse por arte e religião. Influenciado pelo padre Maurício Leão, ingressou no seminário na adolescência e se formou em Filosofia e Teologia.
Durante uma entrevista ao programa Sem Censura, da TV Brasil, o Sacerdote falou sobre sua infância:
“Sou um homem muito realizado fazendo o que faço. É algo que eu quis ser desde criança. A música, a literatura, a poesia... eu nasci imerso em arte, então não tinha como negar isso em mim. Foi muito bom porque consegui trazer a vida artística também para a vida acadêmica. Sou professor universitário, hoje não atuo mais, mas fui por muito tempo. Dei aula de Filosofia e Teologia”.
A ordenação sacerdotal ocorreu em 15 de dezembro de 2001, após 18 anos de formação, pelas mãos de Dom Alberto Taveira, atual arcebispo de Belém. Completou pós-graduação em Educação e mestrado em Teologia Sistemática junto aos jesuítas da FAJE (Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia).
Na vida sacerdotal, teve como referências os padres Zezinho, Joãozinho e Léo Tarcísio, este último seu mentor e grande amigo, homenageado em diversas canções:
“Quantas vezes aquele homem, padre Léo, veio, pôs a mão na minha cabeça e me deitou no colo como se eu fosse um menino, diminuindo o meu medo da mesma forma como Jesus diminuía o medo de quem encontrava. Quantas vezes ele veio de longe até a minha casa, morando em Belo Horizonte, já no auge do seu trabalho na Canção Nova, e eu chorava como uma criança do outro lado, porque a palavra dele estava agindo dentro de mim”.
Em 2021, perdeu sua mãe, dona Ana Maria, vítima da Covid-19. Em sua homenagem, fez uma tatuagem de abelha. No início de um de seus livros, escreveu: “Depois que morre a minha mãe, morre também a minha obrigação de ser feliz.”
Em uma viagem aos EUA, "adotou" simbolicamente um bebê reborn com Síndrome de Down em lembrança da mãe.
Durante a entrevista ao podcast Daria um livro revelou que sua mãe foi fundamental em sua fé:
“Minha mãe teve uma grande força e uma grande contribuição na elaboração da minha fé”.
Se sua formação e talento o levaram à projeção pública, também o expuseram a crises profundas. Padre Fábio falou publicamente sobre isso em diferentes momentos.
Em 2017, revelou ao público seu enfrentamento com a depressão. A declaração emocionou milhares de seguidores e abriu espaço para o debate sobre saúde mental no meio religioso.
No início de 2025, anunciou uma pausa em sua agenda para se recuperar de um novo quadro de “debilidade emocional”.
Na celebração de 35 anos da comunidade de evangelização Obra de Maria, em Taubaté, disse:
“Quero abrir o meu coração. Ao longo dessas últimas duas semanas, a depressão tomou conta de mim de novo. E eu só tenho um pensamento: a vontade de deixar de viver”.
Recentemente, voltou ao tema com um vídeo em seu Instagram:
"Foi à beira do abismo que eu sempre andei, desde menino. Tudo em excesso, alegria demais, tristeza demais, amor demais, ódio demais... Desta particularidade nascem minhas riquezas, mas também os meus limites."
Em outra entrevista para Astrid Fontenelle revelou que:
"A fé não me impede de passar pelos processos humanos, pelos desequilíbrios humanos que nós construímos. A fé pode me ajudar a superar, mas não me priva de passar por aquilo".
As pessoas querem odiar. A qualquer custo, querem odiar. Por qualquer motivo.
Elas precisam eleger um foco para a manifestação de seus lados sombrios.
Querem extravasar o fel que circula pelas veias, desaguar nos outros as enchentes que naufragam as embarcações de seus sonhos. Quanto maior a insatisfação existencial, maior será a urgência de destruir os outros.
É da natureza humana a crueldade, mas as redes sociais estimulam a coragem de dizer o que não se diria pessoalmente.
A polarização política está por trás de tudo. Sempre esteve. E ninguém está realmente preocupado com a questão que atualmente foi levantada para o estímulo do ódio.
Os ataques são orquestrados pelos que não ficaram satisfeitos por não nos ter nos palanques de suas predileções. Eu sempre escolhi não estar em nenhum deles.
Por isso, sou atacado pelos dois lados.
Ninguém viu o meu voto, mas juram que sabem qual é o meu posicionamento político.
O ódio virtual se manifesta da pior forma: mentindo, caluniando, blasfemando contra o sagrado de nossas escolhas, achincalhando as pessoas que amamos — nossos familiares e amigos.
O principal instrumento do ódio é a palavra, a pior de todas as armas. Ela fere, adoece, pesa tanto que prostra a alma.
Ainda que o post seja uma homenagem à minha mãe, lá estão os comentários desqualificando a minha vida, ferindo a minha honra, atentando contra a minha verdade. É tão desproporcional a medida que se estabelece entre o que realmente aconteceu e o ataque, que chegamos à conclusão de que as pessoas não querem a verdade.
Elas só querem a versão que melhor se adapta à sua necessidade de odiar. E odeiam. E estimulam que outros odeiem também.
Não sei como você tem sobrevivido às novas versões de guerra. Eu estou a um passo de desistir.
Proteja-se. Em proporções diferentes, é claro, mas você está sob a mira da mais assertiva armadilha que o Diabo criou: o mundo virtual.
— Pe. Fábio de Melo
Como um veículo independente, não aceitamos dinheiro público. O que financia nossa estrutura são as assinaturas de cada pessoa que acredita em nossa causa.
Quanto mais pessoas tivermos conosco nesta missão, mais longe iremos. Por isso, agradecemos o apoio de todos.
Seja também um membro da Brasil Paralelo e nos ajude a expandir nosso jornalismo.
Cupom aplicado 37% OFF
Cupom aplicado 62% OFF
MAIOR DESCONTO
Cupom aplicado 54% OFF
Assine e tenha 12 meses de acesso a todo o catálogo e aos próximos lançamentos da BP