Essa tradição remonta aos primeiros conclaves formais.
“Já desde 1276 havia essa prática. Um cardeal exilado, que enfrentou guerras ou perseguições, por exemplo, recebia votos como sinal de honra. Não significava que se esperava sua eleição”, completou o padre Thiago Fragoso.
Além da simbologia, o processo também é marcado por regras rigorosas. Cada cardeal escreve à mão o nome do escolhido em uma cédula, que deve ser dobrada e entregue pessoalmente.
“É uma eleição canônica. Qualquer irregularidade, como número incorreto de votos, pode anular todo o escrutínio”, explicou o padre.
Dr. Miguel Vidigal, direto de Roma, acrescentou:
“As regras são tão detalhadas que, se houver uma cédula a mais do que o número de eleitores, tudo é descartado e recomeçado. Já houve casos em que cardeais idosos precisaram de ajuda para votar, o que torna tudo mais lento, mas revela o respeito da Igreja pela dignidade de cada um.”
Há ainda um detalhe pouco conhecido: cardeais enfermos podem votar da Casa Santa Marta. Nesse caso, uma urna especial é levada até eles, sob rigoroso protocolo.
“A chave dessa urna fica sobre o altar da Capela Sistina e só pode ser aberta diante de todos os cardeais. Isso mostra a seriedade do processo”, destacou Vidigal.
As regras, tradições e simbologias do conclave não são apenas formalidades. Como resumiu o professor Tonon: “A Igreja não faz da eleição um espetáculo, mas um ato espiritual. Por isso, a liturgia, o sigilo e a solenidade. Cada detalhe comunica o peso desse momento.”