Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, aponta que os principais destaques do PIB pela ótica das atividades econômicas foram:
- Outras atividades de serviços (5,3%);
- Indústria de transformação (3,8%);
- Comércio (3,8%).
Os setores juntos foram responsáveis por cerca da metade do crescimento do PIB em 2024.
- Inscreva-se no link a seguir para receber o Resumo BP todos os dias da semana em seu e-mail - RESUMO BP.
PIB no ano do menor desemprego
A taxa média de desemprego foi de 6,6% em 2024, a menor desde que o IBGE começou a calcular o índice, em 2012.
O país bateu o recorde no número de pessoas empregadas, com mais de 103,3 milhões na média do ano, e que juntas ganharam aproximadamente R$328,9 bilhões por mês na média anual.
- O aumento no número de empregos influencia no crescimento do PIB: se a economia cresce, ela gera emprego. As pessoas empregadas ganham mais dinheiro e consomem mais, o que também ajuda a elevar o PIB.
Em 2024, o consumo das famílias foi o grande responsável pela alta do indicador.
A preocupação dos economistas é que a alta demanda continue a pressionar a inflação, se o Brasil não aumentar a produção na mesma medida.
Segundo Ulisses Ruiz de Gamboa, professor de economia do Instituto de Ensino e Pesquisa.
“A gente está com um crescimento positivo no curto prazo, mas não é sustentável ao longo do tempo. Seria bom se a gente pudesse enriquecer só consumindo, mas isso tem um limite”.
Situação da inflação no Brasil
Em 2024, a inflação oficial do país teve alta de 4,83% e ficou acima do teto da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
O grupo do IPCA que mais cresceu foi o de Alimentação e bebidas (7,9%), e pesou no bolso do consumidor. O preço da carne e do café dispararam, impactados também pelo calor histórico e a seca prolongada.
- O que é IPCA? É o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, e trata-se do índice que tem por função medir a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços consumida pela população do país, indicando a variação mês a mês.
Por conta disso do crescimento da inflação, o Banco Central tem elevado a taxa básica de juros da economia, a Selic. É uma forma de desestimular o consumo para diminuir a demanda e, assim, a inflação.
- A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia, que influencia outras taxas de juros do país, como taxas de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras. A definição da taxa Selic é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação.
Assim, a expectativa, segundo o economista Thiago Xavier, é um esfriamento do mercado de trabalho, principalmente a partir da segunda metade de 2025.
“A gente já vê uma desaceleração no consumo, as transferências de renda também vão crescer menos neste ano”.
Como o PIB é calculado?
No Brasil, quem calcula o PIB é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
São levados em consideração dados produzidos pelo próprio instituto, e outros provenientes de fontes externas, como Banco Central do Brasil, Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Secretaria da Receita Federal.
Existem três formas de cálculo mais usadas, que devem sempre chegar ao mesmo resultado. São elas:
- Oferta: Trata-se da soma de tudo que se produz durante determinado período de tempo. Nessa conta, entram os resultados da agropecuária, da indústria e dos serviços.
- Demanda: A soma do que se gastou no país durante um período.
Entram nessa conta o consumo das famílias, os gastos do governo e os investimentos das empresas e do governo. Além disso, adiciona-se também o saldo da balança comercial: o que o país exportou menos o que foi importado.
- Renda: Trata-se da soma de todas as remunerações. Nesta conta entram salários, juros, aluguéis e lucros distribuídos.
O que entra na conta?
- Bens e produtos finais: aqueles vendidos ao consumidor final, do pão ao carro;
- Serviços: prestados e remunerados, do banco ao pintor;
- Investimentos: os gastos que as empresas fazem para aumentar sua produção no futuro;
- Gastos do governo: tudo que for gasto para atender a população, do salário dos professores à compra de armas para o Exército.
E o que não entra?
- Bens intermediários: aqueles usados para produzir outros bens;
- Serviços não remunerados: o trabalho da dona de casa, por exemplo;
- Bens já existentes: a venda de uma casa já construída ou de um carro usado, por exemplo;
- Atividades informais e ilegais: como o trabalhador sem carteira assinada e o tráfico de drogas.