A renda de trabalhadores autônomos e informais cresceu acima da dos empregados com carteira assinada no segundo trimestre de 2025.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, analisados em estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
No período, os ganhos dos CLTs aumentaram em média 2,3% em relação ao ano anterior. Já os autônomos tiveram alta de 5,6%, e os informais, que não têm registro em carteira avançaram 6,8%.
A renda dos formais ainda é superior, mas a diferença vem diminuindo. Em 2021, os salários dos CLTs superavam os dos autônomos em 25%. Hoje, a distância caiu para 7,3%.
“A renda dos autônomos e dos trabalhadores sem carteira tem crescido em média mais rápido do que a dos trabalhadores formais”, afirmou Sandro Sacchet de Carvalho, autor do estudo.
O pesquisador aponta que a pandemia acelerou novas formas de ocupação, como motoristas e entregadores de aplicativos, o que ajuda a explicar o crescimento no setor informal.
Ele também destaca o impacto do regime do Microempreendedor Individual (MEI), que atrai autônomos pela contribuição reduzida e pela cobertura previdenciária básica.
“Há casos de trabalhadores formais que deixam o emprego para virar microempreendedor”, disse Carvalho.
O levantamento mostra que os maiores aumentos de renda ocorreram entre jovens adultos de 25 a 39 anos (5%). Já os trabalhadores mais velhos, acima de 60 anos, e aqueles com ensino superior tiveram os menores ganhos.
Segundo Carvalho, a oferta de mão de obra qualificada tem crescido mais rápido do que a demanda por postos que exigem diploma universitário.
Isso gera um efeito cascata: graduados aceitam empregos de nível médio, enquanto trabalhadores menos escolarizados acabam migrando para o setor informal, onde os rendimentos têm avançado mais.
O ex-secretário de Previdência Leonardo Rolim aponta que a contribuição reduzida do MEI, 5% do salário mínimo, ante 11% no passado, não cobre os custos dos benefícios previdenciários.
Em 2024, a renúncia fiscal com o regime atingiu R$6,44 bilhões, alta de 24,4% em relação ao ano anterior.
Rolim também defende a regulamentação dos prestadores de serviços por aplicativos.
“Esses trabalhadores não são empregados e também não são MEIs. São uma classe desprotegida que precisa urgente de regulamentação, com contribuições dos prestadores e das plataformas”, afirmou.
A preocupação é que, a partir de 2040, esses trabalhadores precisem de algum benefício assistencial por não ter contribuído para a aposentadoria.
Os dados mostram um mercado de trabalho em transformação: autônomos e informais ganhando espaço, a renda dos formais crescendo menos e a distância salarial entre as categorias diminuindo.
Essa dinâmica amplia a renda no curto prazo, mas pressiona o sistema previdenciário e exige mudanças nas políticas públicas para equilibrar flexibilidade econômica e sustentabilidade fiscal.
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