Trump disse que gostou de Lula e declarou que os dois tiveram uma “ótima química” durante seu discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU:
“Ele parece um homem muito legal, ele gostou de mim e eu gostei dele. Eu só faço negócios com quem eu gosto, quando eu não gosto eu não gosto. Tivemos uma ótima química por pelo menos 39 segundos”
O presidente havia acabado de falar sobre as tarifas contra o Brasil e criticar o cenário político no país quando comentou sobre seu breve encontro com Lula:
“Eu tenho um pouco de problema em falar isso porque eu estava entrando quando o líder do Brasil estava saindo. Eu o vi, ele me viu e nos abraçamos… Nós conversamos, tivemos uma boa conversa e concordamos em conversar na semana que vem, se for de interesse.”
O professor de Relações Internacionais da ESPM, Gunther Rudzit, acredita que a fala de Trump não foi um chamado para negociar, mas uma reação autêntica do presidente:
“Eu não acho que os elogios tenham sido para criar a oportunidade de uma reunião na Casa Branca, eu acho que realmente foram genuínos, até porque não haveria motivo, já que o governo brasileiro não aceitaria isso depois do que aconteceu com os presidentes da Ucrânia e da África do Sul.”
Em ambos os casos mencionados, o presidente pressionou os governantes diante de repórteres.
Rudzit destacou que o sinal de Trump não pode ser considerado por si só uma abertura paras Lula:
“As falas do presidente não podem ser levadas ao pé da letra como se não pudessem mudar, ele é capaz de falar duas frases opostas no mesmo discurso sem se constranger. Então, só saberemos efetivamente se os elogios foram genuínos ou não com o tempo.
O cientista político Christian Lohbauer analisa o cenário de forma semelhante, afirmando que a situação aparenta ter sido genuína:
“Eu acho que o encontro foi realmente acidental, os dois se viram no corredor e houve um momento de cordialidade entre as partes, o que não significa que haja uma mudança de posição dos Estados Unidos em relação ao Brasil, como foi dito pelo Trump,”
Lohbauer destacou que o governo americano não deve abrir mão das sanções contra Alexandre de Moraes e outros integrantes do Estado brasileiro:
“Eu acho que os americanos realmente acreditam que o STF agiu contra os direitos humanos, por isso está aplicando a lei Magnitsky e não vai deixar de fazer isso.”
Já o professor Adriano Cerqueira, do IBMEC, acredita que o convite de Trump faz parte de uma estratégia para constranger o presidente brasileiro:
“Eu acho que é mais uma estratégia para constranger o Lula a ir nessa reunião, tanto que o Lula não vai aceitar, ele vai tentar fazer uma reunião remota ou por telefone justamente tentando evitar algum nível de constrangimento como já aconteceu com outros presidentes, vamos lembrar do Zelensky e a delegação da África do Sul.”
Para Cerqueira, Trump também acabou com a narrativa de Lula, de que não estaria encontrando um canal para negociar as tarifas:
“Ao mesmo tempo, o Trump está reforçando a ideia de que tem chamado o Lula para negociar, se não está tendo negociação porque o Lula não está querendo.”
O professor também destacou os principais pontos que poderiam ser exigidos pelo governo americano em eventuais negociações:
“Trump é muito claro que está sancionando o Brasil por desonestidade nas relações comerciais, por parte da política externa do governo, que tem aproximado de regimes autoritários e pelo clima de censura e violação de direitos humanos que está acontecendo no Brasil na ótica do governo americano. Então, esses assuntos terão que ser abordados para que haja algum avanço.”
Ele afirma que enxerga dificuldades na capacidade do governo em negociar essas questões:
“Então, eu entendo que a dificuldade do Lula de aceitar o convite é porque dificilmente vai dar conta de avançar esses três pontos. Uma eventual negociação com o governo Trump.”
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