O prêmio Nobel da Paz de 2024 foi concedido ontem, 11 de setembro de 2024, à Nihon Hidankyo, uma organização criado por sobreviventes das bombas de Hiroshima e Nagasaki. A instituição luta pelo desarmamento nuclear desde sua fundação em 1956.
A instituição mobiliza testemunhos de sobreviventes das cidades, chamados de Hibakusha no Japão, para sensibilizar o mundo sobre os efeitos desse tipo de armamento.
A bomba nuclear matou praticamente metade dos 350 mil habitantes de Hiroshima e a radiação causou graves sequelas entre sobreviventes da explosão, como queimaduras sérias, ferimentos e efeitos da radiação.
O grupo concorreu com outros 285 candidatos, 88 organizações e 197 indivíduos, para ganhar a premiação.
O presidente da Nihon Hidankyo, Toshiyuki Mimaki, reage ao anúncio do Prêmio Nobel, que concedeu sua mais alta premiação à instituição. Imagem: Reuters.
Segundo o Comitê Norueguês do Nobel, órgão responsável pela decisão final da premiação, a escolha foi justificada por conta do cenário internacional contemporâneo:
"Os esforços extraordinários da Nihon Hidankyo e de outros representantes dos Hibakusha contribuíram enormemente para o estabelecimento do tabu nuclear. É, portanto, alarmante que hoje este tabu contra o uso de armas nucleares esteja sob pressão."
O cenário internacional conflituoso e cada vez mais polarizado tem levado as potências nucleares a prepararem seus arsenais.
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Em julho, o Secretário-Geral da OTAN afirmou que a organização estuda preparar suas armas nucleares por conta dos avanços russos e chineses.
Em setembro, o governo russo mudou a doutrina para o uso de armas nucleares, flexibilizando o uso desse tipo de armamentos.
A nova doutrina entende que ataques críticos com armas convencionais de uma nação apoiada por um país com armas nucleares seriam entendidos como uma agressão conjunta. Assim, a reação do Kremlin poderia envolver o uso de artefatos nucleares.
No Oriente Médio, a tensão entre Israel e Irã também tem aumentado a apreensão sobre a propagação de armas nucleares.
Desde 1966 Israel é detentor de bombas nucleares, apesar de não assumir formalmente, as estimativas apontam para aproximadamente 90 artefatos.
O avanço das tropas israelenses contra o Hezbollah e Hamas tem enfraquecido a presença internacional do Irã.
O relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) aponta que o Irã aumentou em 16% sua reserva de urânio enriquecido entre junho e agosto.
O cenário tornou-se ainda mais crítico após o ataque com 200 mísseis que a República xiita fez ao território israelense no dia 1º de outubro, em resposta à morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah.
O presidente americano, Joe Biden, afirmou, em entrevista ao Boletim de Cientistas Atômicos, que teme um ataque israelense à planta nuclear iraniana.
"Um ataque, acredito, simultaneamente fortaleceria a determinação iraniana de adquirir armas nucleares, sem destruir permanentemente sua capacidade de atingir esse objetivo. E eu acho que o Irã provavelmente expulsará os inspetores e tentará fabricar urânio altamente enriquecido para armas nas usinas de centrífugas."
A fala de Biden parece encontrar respaldo nas falas de Kamal Kharrazi, ex-chanceler e conselheiro pessoal do líder supremo do país:
"Não tomamos a decisão de construir uma bomba nuclear, mas se a existência do Irã for ameaçada, não haverá escolha a não ser mudar nossa doutrina militar. No caso de um ataque às nossas instalações nucleares pelo regime sionista, nossa dissuasão mudará."
Caso o Irã consiga armas nucleares, uma corrida armamentista pode tomar conta da região, já que o príncipe regente da Arábia Saudita, Mohammed Bin Salman, afirmou em 2022 que:
"A Arábia Saudita não quer ter uma bomba nuclear. Mas, se o Irã desenvolver a sua, nós seguiremos seus passos assim que possível, sem a menor dúvida."
O anúncio do prêmio Nobel para a Nihon Hidankyo é um importante lembrete dos horrores que uma guerra nuclear pode trazer para toda a humanidade.
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