O youtuber Felca participou do programa Altas Horas. Durante sua entrevista, reforçou um ponto muitas vezes esquecido no debate sobre segurança online: o papel dos pais.
Para ele, não basta responsabilizar apenas as plataformas digitais ou o Estado. A primeira barreira de proteção deve estar dentro de casa.
“É muito fácil uma criança sair de uma animação divertida para um conteúdo impróprio. O algoritmo trabalha para isso”, afirmou.
Felca relembrou a própria experiência: aos 12 anos, quis produzir vídeos para a internet, mas foi impedido pelos pais.
“Na época, eu fiquei revoltado. Não entendia porque estavam me proibindo. Hoje eu agradeço. Eu era apenas uma criança e não tinha maturidade para lidar com esse ambiente”, contou.
Segundo ele, a lição serve como exemplo. Crianças e adolescentes não estão preparados para lidar com as pressões da exposição digital, que traz críticas, assédio e cobranças que extrapolam a idade.
“A criança não deve produzir conteúdo na internet. A exposição não é algo fácil de lidar nem para adultos, imagine para elas”, disse.
O alerta ecoa preocupações de especialistas. Dados da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal apontam que crianças brasileiras passam, em média, mais tempo conectadas do que brincando ao ar livre.
Crianças brasileiras passam mais do que o dobro do tempo recomendado em frente às telas. O tempo é mais que o dobro do que orienta a Sociedade Brasileira de Pediatria.
De acordo com a entidade, a recomendação é de no máximo uma hora por dia para crianças de 2 a 5 anos. Além disso, para bebês não é recomendado nenhum tempo diante das telas.
No entanto, uma pesquisa com 500 crianças revelou que elas preferem estar com os amigos a ficar no celular.
Essa rotina afeta a saúde mental, reduz a capacidade de atenção e aumenta os riscos de contato com conteúdos inapropriados.
Felca relaciona a vulnerabilidade dos menores a um movimento mais amplo: a lógica das próprias redes sociais.
Segundo ele, os algoritmos incentivam a permanência diante das telas e, sem acompanhamento, transformam perfis de crianças em porta de entrada para criminosos.
“Se os pais não conseguem estar presentes, a internet vira um ambiente perigoso. É preciso supervisão. É preciso limite”, concluiu.
No vídeo, o influenciador denuncia um esquema de sexualização e “adultização” de crianças e adolescentes nas redes sociais.
Também cita episódios envolvendo o conteúdo produzido por Hytalo, incluindo cenas com conotação sexual e a participação de menores em eventos e gravações voltadas para o público adulto.
O caso mais citado é o de Kamylinha, que entrou para a “Turma do Hytalo” aos 12 anos. Segundo Felca, foi exposta a apresentações e interações inadequadas para sua idade.
Ele também denunciou o algoritmo das plataformas: ao criar uma conta nova no Instagram, em poucos minutos, o sistema recomenda conteúdos com crianças em contextos sugestivos.
Nos comentários, pedófilos usam códigos como “trade” para negociar material de abuso infantil, com links para grupos no Telegram, transformando perfis infantis em pontos de encontro para criminosos.
Felca defende mudanças estruturais nos algoritmos, fiscalização rigorosa e punição à exploração online, afirmando que “a internet deve ser um lugar de medo para esses pedófilos”.
A participação de Vitória Reis e Victoria Marconi no podcast da Brasil Paralelo alerta para as diferentes formas de abuso e como proteger as crianças.
Além disso, outros temas relevantes são abordados na conversa, ajudando os pais a se manterem atentos e vigilantes quanto à segurança dos filhos.
O episódio completo está disponível no canal da Brasil Paralelo no YouTube.
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