Sem arrependimentos da carreira e na política, Gandra diz ter apenas um
Inicialmente reconhecido pela atuação no Direito Tributário e Constitucional, tornou-se um dos mais influentes articulistas sobre direito e política.
Ao longo dos anos, contribuiu com os mais importantes veículos de mídia, comentando temas como segurança jurídica, reformas tributárias, liberdade de expressão e outras questões cruciais para a população.
Detentor de mais de 40 títulos acadêmicos e professor de universidades nacionais e internacionais, escreveu 87 livros individuais.
Em entrevista concedida por ocasião do aniversário, Gandra afirma não possuir arrependimentos na carreira jurídica:
“Como professor, sempre mantive minhas convicções”, afirmou. “Na vida política, decidiu sair em meados da década de 1960, após um partido parlamentarista do qual foi presidente, ter sido extinto: “escrevi uma carta ao senador Mem de Sá, que veio a ser ministro de Justiça de Castelo Branco: nunca mais farei política na vida. Pois bem, nunca mais quis fazer política e me sinto extremamente feliz.”
Na vida pessoal, cita um: “ter se (re) convertido tardiamente”. Ele conta que fez a primeira comunhão quando bebê. No entanto, até 1961 se manteve distante da fé católica. Seu pai era teósofo, ou seja, acreditava que a sabedoria divina pode ser encontrada na busca pela verdade.
Ele costumava segui-lo e deixou a fé.
Após permanecer um período na França, estudando perfumaria, aos 18 anos, retornou ao Brasil e naquele mesmo ano conheceu Ruth. Logo, formou família. Ela era católica:
“Quando minha filha [Ângela] nasceu, eu disse: quero que seja igual a minha mulher. Mas como vou dar o exemplo se eu não for, se não tiver a fé da minha mulher? Daí pedi para ela ir me ensinando os rudimentos da fé católica. Voltei e foi a melhor coisa que poderia ter acontecido na minha vida.”
O jurista foi um dos primeiros brasileiros renomados a caminhar na Opus Dei, da qual é uma das vozes mais influentes na atualidade.
Ao relembrar alguns dos momentos mais importantes de sua vida, citou o nascimento da filha, Ângela, e o casamento de 62 anos (e o namoro de 5) a esposa:
“Todo mundo sabia o amor que eu tinha pela minha mulher. Faz muita falta”, disse, emocionado.
Com dona Ruth Vidal Gandra Martins teve quatro filhos.
Quem é Ives Gandra Martins?
Advogado desde 1958 pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FDUSP) e um dos principais especialistas brasileiros em Direito Tributário e Ciências das Finanças, é também doutor pela Universidade Mackenzie, onde atua como professor emérito.
Atua também como presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomércio de São Paulo e das escolas de Comando do Estado Maior do Exército brasileiro. Foi também professor da Academia Paulista de Letras e do Instituto dos Advogados de São Paulo.
Membro de 36 Academias, incluindo a Academia Brasileira de Filosofia, prestou consultoria legislativa em momentos importantes da história brasileira, como durante os Planos Collor e os processos de impeachment de Collor e Dilma Rousseff.
Ao longo dos anos, posicionou-se a favor da separação entre os Três Poderes da República e a de que o Congresso possa tomar decisões sobre pautas-chave, como o marco temporal, o aborto, e a regulamentação de drogas, internet, marco temporal indígena e até mesmo aborto, com exclusividade.
Ao avaliar seu legado, o doutor Ives Gandra Martins defende a associação entre crescimento pessoal, profissional e espiritual. Acredita ter vivido uma trajetória que fomentou o valor da Justiça e a ética na operação do direito entre seus alunos.