O governo de Israel rebaixou as relações diplomáticas com o Brasil. O anúncio ocorreu nesta segunda-feira (25) após Brasília não responder à indicação do diplomata Gali Dagan, indicado por Jerusalém para assumir a embaixada em Brasília.
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores israelense afirmou que, diante da ausência de resposta, o pedido foi retirado.
“Após o Brasil, excepcionalmente, se abster de responder ao pedido de agrément do embaixador Dagan, Israel retirou o pedido, e as relações entre os países agora são conduzidas em um nível diplomático inferior”.
Segundo o governo de Israel, o gesto brasileiro soma-se a uma postura “crítica e hostil” desde os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023.
O governo cita, em particular, declarações do presidente Lula, que comparou os ataquesisraelenses em Gaza ao Holocausto. Após essa fala, Lula foi declarado persona non grata em Israel.
Em resposta, o Brasil chamou de volta seu embaixador em Tel Aviv, Frederico Meyer, e até hoje não nomeou substituto. A chancelaria israelense, por sua vez, afirmou que mantém “laços profundos com os muitos círculos de amigos de Israel no Brasil”.
A crise remete a 2015, quando o governo brasileiro também se recusou a aceitar as credenciais do indicado israelense Dani Dayan, ex-chefe do conselho dos assentamentos de Yesha.
Nos últimos meses, o Itamaraty intensificou as críticas à política de Israel em Gaza. O governo também retirou o Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA).
Além disso, decidiu apoiar a ação movida pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça, em Haia, que investiga acusações de genocídio na ofensiva contra o Hamas.
No domingo (25), o Ministério das Relações Exteriores publicou nota condenando um ataque aéreo israelense contra o hospital Nasser, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza.
Segundo o texto, a ação deixou pelo menos 20 mortos, entre eles jornalistas e trabalhadores humanitários.
“O bombardeio contra o hospital Nasser soma-se a um padrão reiterado de violações perpetradas pelo governo de Israel contra a população palestina”, diz a nota.
O Itamaraty classificou o ataque como possível crime de guerra e pediu investigação internacional independente.
A nota do Brasil também reiterou o apelo por cessar-fogo imediato e cobrou de Israel o fim das restrições à entrada de jornalistas estrangeiros e ajuda humanitária em Gaza.
Mesmo em queda, o comércio entre Brasil e Israel mantém importância estratégica. Em 2023, a corrente de comércio somou cerca de R$10,86 bilhões (US$ 2 bilhões).
Os números mostram o peso dos insumos israelenses para a indústria e o agronegócio brasileiros, e também o papel do Brasil como fornecedor de alimentos e energia.
Durante o período, os principais dados da relação econômica entre Israel e Brasil totalizaram R$7,34 bilhões (US$1,35 bilhão). Entre essas as importações estão:
Exportações do Brasil para Israel: R$ 3,59 bilhões (US$ 662 milhões)
Essa troca de produtos mostra uma parceria baseada em necessidades complementares: Israel fornece tecnologia e insumos industriais; o Brasil garante alimentos e energia para uma região de clima árido e alta demanda.
Com o rebaixamento, Brasil e Israel passam a ter apenas encarregados de negócios, sem embaixadores nos dois países.
Não é fácil compreender um conflito com camadas históricas, religiosas, territoriais e políticas.
A maioria dos especialistas do Oriente Médio tem um consenso sobre o conflito entre Israel e Palestina: o ocidente possui uma visão nebulosa sobre o que acontece no Oriente Médio.
A relação entre as sociedades dessa região é complexa e não cabe nas simplificações políticas que são adotadas na visão de franceses, brasileiros ou americanos.
Para analisar o Oriente Médio, é preciso ajustar a lente para a lógica da região. Por esse motivo, a Brasil Paralelo mobilizou a sua equipe para ir até o local e ouvir as pessoas que de fato vivem essa realidade, produzindo o filme From The River To The Sea, Entenda a Guerra em Israel.
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