O Brasil tem estabilidade de sobra para oferecer ao investidor", afirmou o presidente da República, numa reunião com investidores, realizada na última quarta-feira (12/6). O mandatário palestrou para uma plateia composta por empresários árabes e brasileiros que participavam do FII Priority Summit, um congresso organizado pelo principal fundo de investimento da Arábia Saudita.
A declaração foi proferida em contexto de incerteza sobre a permanência do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no cargo. Já no início de maio, o ministro realizou a revisão do chamado Arcabouço Fiscal, que é a previsão dos gastos do governo em relação ao que ele arrecada através dos impostos.
O mercado se preocupou diante da revisão do Arcabouço, que apresentou a possibilidade de um desequilíbrio nas contas públicas. Tal cenário pode aumentar o denominado risco Brasil. Este conceito representa o conjunto de fatores que serve de base para que os investidores queiram aplicar dinheiro em empresas brasileiras.
O desenvolvimento de um país está vinculado à geração de recursos, como bens, serviços e capital. Os impostos são o percentual que o governo cobra sobre esses recursos gerados na economia, com o objetivo de financiar serviços públicos, como limpeza urbana e tratamento de água.
A geração de recursos ocorre através da produção de bens de consumo e serviços por empresas privadas, por exemplo. Nesses casos, os empresários frequentemente necessitam de capital para realizar investimentos que impulsionem seu crescimento.
Esse capital pode ser obtido por meio de empréstimos ou da venda de participações na empresa, dentre outras formas.
Ações são negociadas na bolsa de valores, na qual os empreendedores vendem pequenas frações de seus negócios a investidores.
Na prática, o investidor se torna um sócio minoritário da empresa. Com o capital obtido, a empresa pode investir em seu crescimento, compartilhando com os acionistas tanto os lucros quanto os prejuízos.
Ao escolher em quais empresas irão investir seu dinheiro, as pessoas buscam países em que o risco de ter prejuízo é menor. Existem vários fatores, como a estabilidade da economia local e a capacidade do governo de equilibrar as contas, de modo que não seja preciso aumentar impostos de forma abrupta, por exemplo.
Como os EUA são o país com a economia com o maior nível de credibilidade do mundo, o valor do dólar em relação a moeda corrente de um país é um dos fatores usados como termômetro para medir o risco de investimento em um país.
Há vários fatores que determinam a alta do dólar. Quando há sinais de que o país é seguro para que o investidor invista ali o seu dinheiro, o preço do dólar tende a diminuir. Quando é mais arriscado, o preço da moeda americana aumenta.
Outro indicador é a valorização da bolsa de valores do país. Quanto mais alto o número de pontos da bolsa, mais seguro é investir naquele lugar; quanto mais baixo, mais riscos os investidores correm ao comprar partes de empresas daquela nacionalidade.
O valor do dólar em relação à moeda local e o número de pontos da bolsa de valores de um país não são os únicos parâmetros usados pelo mercado para medir o risco de investimento. O nível de intervenção do Estado na economia também é avaliado.
Na prática, o mercado observa se o governo pode mudar a forma como dirige a economia do país com base em interesses políticos de quem ocupa a cadeira de chefe de governo. Visando dar mais segurança aos investidores, no Brasil quem dirige a economia é o Banco Central.
O Banco Central é, segundo seu próprio site, um “banco dos bancos”. Dentre outras atribuições, funciona como o banqueiro do Estado e emissor oficial de papel moeda. Criado no final de 1964 através da Lei nº 4.595, é classificado como uma autarquia federal integrante do Sistema Financeiro Nacional (SFN).
A entidade começou a operar em março do ano seguinte buscando a posição que tem hoje de “banco dos bancos”. Com a aprovação da Constituição Federal em 1988 o Banco Central passou a ser o único banco a emitir papel moeda no Brasil.
Seu presidente e seus diretores passaram a ser indicados pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal. A votação por parte do Legislativo passou a ocorrer de forma secreta, após devida arguição por parte dos Senadores.
A Constituição de 1988 deu ao Banco Central total independência. De acordo com o site da Federação do Comércio de São Paulo (FECOMERCIOSP), esse fator faz com que a entidade consiga controlar os juros e, consequentemente, a inflação, não se deixando influenciar pelos interesses de políticas de governo.
O Bacen, sigla da Instituição, também é quem define a taxa básica de juros. A SELIC, como é chamada, é a base para o cálculo de parcelas de financiamentos e juros de cartões de crédito de outros bancos, por exemplo. Esse cálculo é feito para que o país consiga manter a economia girando.
Por fim, a FECOMERCIOSP define que a independência do Banco Central traz estabilidade e certeza que o Brasil terá uma estabilidade monetária. Um país com moeda forte atrai investidores que têm segurança de trazer para cá seu dinheiro, enriquecendo a nação.
O ponto chave desse enriquecimento, ainda segundo a Federação do Comércio de São Paulo, é um melhor combate à pobreza.
Segundo reportagem da Gazeta do Povo, uma suposta tentativa do atual governo de interferir na independência do banco central pode ter deixado os investidores com medo de investir em empresas brasileiras.
No mês passado, membros do governo e do partido de Lula criticaram o Banco Central por reduzir a taxa básica de juros em apenas 0,25%.
Na época a presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann declarou que a tímida redução seria um "crime contra o Brasil". Lula por sua vez teria dito que a autonomia no Bacen era uma "bobagem".
Ainda segundo a reportagem, o temor do mercado é de que após o fim do mandato do atual presidente da instituição, em 31 de dezembro, o novo presidente aceite ordens de Lula e mexa na taxa de juros de uma forma que possa comprometer os ganhos dos investidores. Caso isso aconteça, muitos dos que investem na bolsa brasileira podem optar por retirar seu capital do Brasil.
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