O que o PL propõe?
O PL 8889/17 cria uma nova taxação sobre o faturamento de plataformas de streaming e redes sociais, em até 4% sobre o lucro anual.
Os valores arrecadados irão para o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), administrado pela Ancine, responsável por financiar produções culturais e cinematográficas.
Na prática, significa que seu dinheiro poderá financiar produções ideológicas, como o filme Marighella, e outros títulos apoiados por grandes produtoras e artistas já consolidados.
O projeto também determina que:
- 10% do catálogo de cada plataforma seja formado por filmes e séries brasileiros;
- conteúdos do governo sejam exibidos obrigatoriamente em aplicativos e Smart TVs;
- plataformas não possam remover vídeos oficiais, mesmo que violem regras internas;
- fabricantes de celulares incluam atalhos para canais públicos e produções estatais.
Além disso, streamings e redes sociais que não cumprirem as novas exigências poderão ser multados em até R$ 50 milhões ou até banidos do país pela Ancine.
O que acontece caso seja aprovado o Projeto de Lei?
Na justificativa do governo, o novo imposto serviria para “fomentar a indústria audiovisual nacional”.
Na prática, o modelo favorece grandes produtoras que já dominam o mercado e possuem acesso direto ao FSA, como a Paris Entretenimento e a Migdal Filmes, responsáveis por títulos de grande bilheteria e alto financiamento público.
Enquanto isso, pequenos criadores, canais independentes e empresas novas seriam obrigados a pagar o novo imposto, mesmo sem receber um centavo do Estado.
A única forma de redução prevista seria firmar parcerias com as produtoras já consolidadas, ou seja, os pequenos financiando os grandes.
O PL é visto por críticos como uma tentativa de reviver o modelo de dependência entre arte e governo, concentrando poder na mão da Ancine e de grupos alinhados politicamente. E o momento da votação chama atenção: enquanto o noticiário foca nas crises de segurança pública, o Congresso articula a aprovação da proposta sem amplo debate público.
O governo Lula, que já criou ou aumentou 24 tributos desde 2023, em média um a cada 37 dias, aposta agora em um imposto que atinge diretamente a liberdade de criação e o bolso dos consumidores.