O governo brasileiro ainda não deixou claro como vai lidar com as tarifas adicionais de 40% anunciadas por Trump para o dia 6 de agosto.
Lula tem apelado para um discurso mais agressivo, falando na possibilidade de responder às tarifas com base na Lei de Reciprocidade.
O professor de Relações Internacionais e comentarista do programa Cartas na Mesa, Adriano Gianturco, explica que uma retaliação poderia causar aumento de preços no Brasil:
"Em países protecionistas como o Brasil, o resultado é sempre o mesmo: menos variedade de produtos, preços mais altos e qualidade inferior. Aqui, dizer que algo é importado é sinônimo de caro e melhor. Em países mais abertos, isso não acontece. Retaliar pode aprofundar esse problema."
Ele comentou que uma eventual retaliação brasileira poderia desencadear uma corrida para aumentar tarifas:
“Os Estados Unidos estão aumentando, vamos supor que o Brasil aumente as tarifas de importação, a coisa mais provável é que os Estados Unidos aumente ainda mais… Aí é uma luta chamada de chicken game, o jogo da galinha, que praticamente é ver quem recua.”
Gianturco destaca que parte da questão tarifária começou por causa das altas cobranças do Brasil sobre importações:
“O começo da história é o contrário, o Brasil que tem tarifas de importação muito mais altas que os Estados Unidos. O Brasil taxa os produtos americanos em 14% na média, enquanto os EUA cobram 2%. Trump colocou as tarifas de 10%, que ainda é mais baixo do que 14% e depois aumentou para 50% com algumas exceções. Por que está acontecendo é uma retaliação em cima da outra.”
O professor de Relações Internacionais do IBMEC, Daniel Cerqueira, reforça o alerta. Para ele, a retaliação pode levar a uma onda de sanções ainda mais ampla.
Ele também afirma que o presidente americano pode voltar atrás com a isenção de 649 produtos brasileiros, anunciada na quarta-feira (30).
"Trump já anunciou que se o Brasil resolver retaliar, ele vai usar tarifas adicionais para somar naquelas já aplicadas… Outra coisa que ele pode fazer, apesar de não ter anunciado, é acabar com uma lista de produtos que não sofreram esse acréscimo de 40% e aplicar mais tarifas.”
Cerqueira lembra que os EUA têm histórico de tomar medidas duras contra países que reagem:
"Trump fez isso com a China, e estamos falando de uma economia muito mais importante que a brasileira. Ele foi elevando tarifas até que os chineses cederam em vários pontos. E a China tem bem mais poder de barganha."
Além das sanções econômicas diretas, o professor também aponta o risco de isolamento internacional do Brasil:
"Trump pode pressionar os países com os quais os EUA mantêm acordos para que deixem de fazer negócios com o Brasil. Ele já ameaça sanções a países que compram petróleo da Rússia. A Índia, por exemplo, recuou. O Brasil pode ser o próximo alvo."
Apesar do discurso do presidente, nos bastidores o governo tem sinalizado que pode não haver retaliação.
Após uma reunião com o Alckmin e ministros, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), disse que nenhum representante do governo falou em retaliação:
“Em momento algum os ministros falaram sobre o uso da Lei de Reciprocidade. Nem mesmo aventaram essa possibilidade — o que consideramos positivo. Defendemos que, mesmo sem acordo até agosto, o Brasil não reaja com a lei, para evitar uma escalada imprevisível,”
No evento, o ministro da economia, Fernando Haddad, ressaltou que o Brasil não deverá aumentar a tensão com os EUA.
Além disso, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, chegou a falar que o governo Lula deverá buscar uma solução diplomática.
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