Quando a pele não protege
A pele com albinismo tem pouca ou nenhuma melanina, o pigmento que protege contra os efeitos dos raios solares. Sem essa proteção natural, a exposição ao sol se torna perigosa, principalmente em regiões como a África, onde o clima é quente e seco.
Segundo Muluka-Anne Miti Drummond, sem protetor solar, muitas pessoas albinas não passam dos 40 anos. Por isso, ela defende que o produto entre na lista de remédios essenciais da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O FPS 22 do creme criado por Mwape é superior ao recomendado para esse grupo, e o produto tem aplicação em spray, o que facilita o uso por pessoas de diferentes perfis.
A adolescente recebe apoio para desenvolver seu projeto
Mwape começou o projeto aos 11 anos, um ano após a morte do pai, e espera que seu trabalho possa atingir milhares de pessoas.
“Este projeto representa um passo enorme para a saúde pública na Zâmbia. Além de ser acessível, é local e sustentável. Vai salvar vidas, criar empregos e inspirar outros jovens inovadores.", disse o Dr. Chisala Bwalya, do ZRDC.
Com ajuda da escola e incentivo da comunidade, ela o apresentou em uma feira nacional de ciências e foi premiada. Desde então, o ZRDC passou a oferecer mentoria, financiamento e apoio técnico.
“Nosso centro ensina design thinking, fornece recursos e ajuda a transformar ideias promissoras em soluções de verdade”, explicou o Dr. Bwalya.
A organização está agora em negociação com investidores, fabricantes e dermatologistas para ampliar a produção. O objetivo é disponibilizar o produto em massa até o final de 2025.
“Criamos esse protetor para promover a produção local e tornar a proteção solar acessível. Ele pode reduzir o risco de câncer de pele em milhares de pessoas com albinismo.”
Estima-se que 30 mil pessoas com albinismo vivem hoje na Zâmbia. A meta é expandir o uso do protetor para toda a África e além.
“Não estamos falando só da Zâmbia. Este projeto tem potencial global, porque o problema é global”, destacou o Dr. Bwalya.
A iniciativa também ganhou apoio político. Durante uma conferência internacional, a secretária-geral do Fórum Parlamentar da SADC, Boemo Sekgoma, defendeu investimentos em projetos como o de Mwape:
“É uma pesquisa aplicada louvável. Países africanos precisam apoiar jovens inovadores e investir em soluções práticas”.
Um futuro com mais proteção e esperança
Enquanto sonha em seguir carreira em bioquímica, Mwape já se tornou símbolo de algo maior: uma geração que transforma tragédias em soluções.
O protetor solar que nasceu da dor agora pode virar esperança para milhares.