A dor de perder o pai virou combustível para uma missão: impedir que outros passassem pelo mesmo sofrimento.
Mwape Chimpampa, estudante de 15 anos da Zâmbia, desenvolveu um protetor solar orgânico especialmente pensado para pessoas com albinismo.
De acordo com um estudo realizado pelo periódico BMJ Saúde Global, o grupo tem risco até mil vezes maior de desenvolver câncer de pele.
“Meu pai morreu de câncer de pele porque não tinha acesso ao protetor solar — era muito caro”, contou a jovem. “Assumi a responsabilidade de mudar essa realidade e desenvolver um produto acessível, até mesmo para quem não tem dinheiro.”
A fórmula do creme, batizado de The Organic Sunscreen, usa ingredientes locais como mel, banana, cúrcuma e leite.
Sem produtos químicos, o creme foi testado por ela mesma, sua irmã e seis amigos. Hoje está em fase de incubação no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Zâmbia (ZRDC).
A pele com albinismo tem pouca ou nenhuma melanina, o pigmento que protege contra os efeitos dos raios solares. Sem essa proteção natural, a exposição ao sol se torna perigosa, principalmente em regiões como a África, onde o clima é quente e seco.
Segundo Muluka-Anne Miti Drummond, sem protetor solar, muitas pessoas albinas não passam dos 40 anos. Por isso, ela defende que o produto entre na lista de remédios essenciais da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O FPS 22 do creme criado por Mwape é superior ao recomendado para esse grupo, e o produto tem aplicação em spray, o que facilita o uso por pessoas de diferentes perfis.
Mwape começou o projeto aos 11 anos, um ano após a morte do pai, e espera que seu trabalho possa atingir milhares de pessoas.
“Este projeto representa um passo enorme para a saúde pública na Zâmbia. Além de ser acessível, é local e sustentável. Vai salvar vidas, criar empregos e inspirar outros jovens inovadores.", disse o Dr. Chisala Bwalya, do ZRDC.
Com ajuda da escola e incentivo da comunidade, ela o apresentou em uma feira nacional de ciências e foi premiada. Desde então, o ZRDC passou a oferecer mentoria, financiamento e apoio técnico.
“Nosso centro ensina design thinking, fornece recursos e ajuda a transformar ideias promissoras em soluções de verdade”, explicou o Dr. Bwalya.
A organização está agora em negociação com investidores, fabricantes e dermatologistas para ampliar a produção. O objetivo é disponibilizar o produto em massa até o final de 2025.
“Criamos esse protetor para promover a produção local e tornar a proteção solar acessível. Ele pode reduzir o risco de câncer de pele em milhares de pessoas com albinismo.”
Estima-se que 30 mil pessoas com albinismo vivem hoje na Zâmbia. A meta é expandir o uso do protetor para toda a África e além.
“Não estamos falando só da Zâmbia. Este projeto tem potencial global, porque o problema é global”, destacou o Dr. Bwalya.
A iniciativa também ganhou apoio político. Durante uma conferência internacional, a secretária-geral do Fórum Parlamentar da SADC, Boemo Sekgoma, defendeu investimentos em projetos como o de Mwape:
“É uma pesquisa aplicada louvável. Países africanos precisam apoiar jovens inovadores e investir em soluções práticas”.
Enquanto sonha em seguir carreira em bioquímica, Mwape já se tornou símbolo de algo maior: uma geração que transforma tragédias em soluções.
O protetor solar que nasceu da dor agora pode virar esperança para milhares.
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