O uso prolongado de redes sociais provoca no fim um sentimento de alegria ou frustração?

Um estudo publicado pelo Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Alagoas 

avaliou o impacto do uso das redes sociais na saúde mental dos adolescentes e concluiu: o contato excessivo com as mídias digitais pode acentuar problemas sociais e gerar grandes impactos na saúde mental dos usuários.

Além de dependência, o contato exagerado com as redes sociais pode causar ansiedade e depressão.

"O uso desmedido desses recursos tem gerado dependência e afetado as relações sociais, causando consequências à saúde mental dos indivíduos, principalmente dos adolescentes e jovens", apontou a pesquisa.

Profissionais afirmam que há relação direta entre o aumento do tempo gasto em redes sociais e o crescimento da depressão entre os jovens. 

‍Isso geralmente acontece devido à grande “vitrine virtual” apresentada nas redes, onde são exibidas personalidades com seu estilo de vida acima da média e seus corpos “perfeitos”. 

A professora de filosofia Natália Sulman fala sobre os prováveis danos causados pelo excesso de estímulos das telas:

"Os jovens têm acesso à vida de ídolos inalcançáveis, sobretudo no Instagram. As figuras mais populares se colocam ali como se tivessem uma vida perfeita. Quem assiste a isso pensa: 'eu nunca vou ser como esta pessoa'. Isso pode gerar um sentimento forte de frustração".

Doutor em psicobiologia e mestre em farmacologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Marcello Danucalov afirma que, para a juventude, as mídias sociais podem ser uma ferramenta maravilhosa, mas também podem cooptar os jovens da realidade. 

“É um mundo de postagens e likes que promovem uma gratificação instantânea e levam ao aumento da liberação de dopamina; esse ciclo vicia o indivíduo". 

A dopamina é conhecida como um dos hormônios da felicidade; quando liberada, provoca a sensação de prazer e satisfação.

Segundo Marcello Danucalov, essa busca por prazer imediato está ceifando a coragem e a fortaleza da juventude.

"Pior, eles acabam indo para o mercado de trabalho despreparados, pois nesse ambiente não existe tanta condescendência, e a tristeza será encontrada com muita facilidade".

As principais consequências do abuso das redes sociais

O cyberbullying, a ansiedade e a depressão foram elencados na pesquisa do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Alagoas como principais riscos do uso excessivo das redes sociais. 

O número de brasileiros com acesso à internet ultrapassa os 116 milhões. Da mesma forma que as pessoas têm contato com bons conteúdos nas redes, o número de conflitos virtuais aumentou.

Os pesquisadores observaram que jovens chegam a agredir verbalmente pessoas com ideias e culturas diferentes das suas, o que pode causar danos psicológicos ao outro. 

"O bullying virtual, as agressões verbais e as mensagens mal interpretadas podem influenciar em mudanças de hábito, discórdias e até desestruturação de famílias. Esses são alguns dos fatores que aumentaram os índices de depressão".

Existem projetos para auxiliar no tratamento de nomofobia, nome da doença psicológica associada à dependência tecnológica. O Instituto Delete, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, integra o trabalho de psiquiatras e psicólogos especialistas em mídias digitais.

Depressão e ansiedade são temas de novo documentário da BP

Estreia na noite desta segunda-feira, 23, o novo Original da Brasil Paralelo, A Fantástica Fábrica da Sanidade. 

A transmissão no canal da Brasil Paralelo no Youtube terá início às 20h15, mesmo horário do evento de lançamento da produção.

A Fantástica Fábrica da Sanidade é uma investigação inédita sobre os transtornos mentais que acometem a população. A produção aborda temas como a banalização do uso de remédios e o crescimento da indústria farmacêutica nesse cenário.

O evento de lançamento contará com a participação de alguns dos maiores especialistas em saúde mental do Brasil, como:

• Frederico Porto, psiquiatra, nutrólogo e escritor;
• Marcello Danucalov, psicobiólogo e filósofo clínico integral;
• Paulo Pacheco, psicólogo e professor doutorado pela USP.