Em 4 de junho de 1989, tanques e soldados do exército chinês silenciaram brutalmente o massivo movimento pró-democracia na Praça Tiananmen, em Pequim.
Mais de três décadas depois, o legado de Tiananmen ecoa como um símbolo da luta por liberdade e da repressão estatal, em meio aos persistentes esforços do Partido Comunista Chinês para apagar o evento da história.
O final da década de 1980 foi marcado por uma onda global de anseio por democracia. Na China, essa esperança encontrou um catalisador na figura de Hu Yaobang. Ele era um líder reformista do Partido Comunista Chinês (PCCh), mais aberto à liberalização política. Yaobang se opunha ao culto à personalidade de Mao Zedong.
Sua morte, em 15 de abril de 1989, acendeu a chama. Milhares de jovens se reuniram na Praça Tiananmen (Praça da Paz Celestial), em Pequim, para homenageá-lo.
O que começou como um cortejo fúnebre rapidamente se transformou. Tornou-se um protesto massivo por reformas democráticas. Os manifestantes pediam o fim da corrupção e maior transparência governamental.
Inicialmente, a liderança do PCCh subestimou o movimento. Porém, as manifestações cresceram dia após dia. Cidadãos de diversos setores da sociedade civil uniram-se aos estudantes. Em 13 de maio de 1989, dois dias antes da visita do líder soviético Mikhail Gorbachev, um ato de grande impacto ocorreu. Mais de 400 estudantes iniciaram uma greve de fome.
A greve ampliou drasticamente a visibilidade e a força do movimento. Nos dias seguintes, os protestos se espalharam por outras cidades. Mas a maior concentração permanecia em frente à sede do poder chinês, na Praça da Paz Celestial.
À medida que o movimento ganhava corpo, o governo chinês mudou sua postura. Passou a usar a mídia estatal para difamar os manifestantes. Eram rotulados como um grupo radical, contra-revolucionário. Alegava-se que eram financiados pela "burguesia internacional".
Com essa justificativa, o governo mobilizou cerca de 30 divisões do exército para Pequim. A 27ª Divisão, composta por soldados do norte do país e liderada pelo sobrinho do então presidente Yang Shangkun, foi uma das principais.
No dia 3 de junho de 1989, o Partido Comunista deu a ordem. O exército deveria realizar uma ação decisiva contra os manifestantes na Praça Tiananmen na madrugada seguinte. Durante aquela noite, as tropas começaram a marchar em direção ao centro da capital. Estavam equipadas com munições de guerra.
Relatos indicam que atiraram contra manifestantes pacíficos que tentavam bloquear seu avanço. Os militares abriram caminho para os tanques de guerra, que cercaram a praça.
À uma hora da manhã do dia 4 de junho, os manifestantes estavam encurralados. Uma hora depois, o exército abriu fogo contra os estudantes. O massacre durou horas. Segundo o diplomata britânico Alan Donald, testemunha dos eventos, os militares não apenas atiraram nos civis.
Também passaram por cima das vítimas com os tanques. Sobreviventes teriam sido mortos a golpes de baioneta. Posteriormente, escavadeiras foram usadas para empilhar os corpos. Estes foram incinerados, e seus restos, jogados no esgoto da cidade.
As imagens chocantes de 1989 e a brutal repressão tiveram um efeito profundo. Elas praticamente sufocaram os esforços populares por democracia na China por uma geração. O medo se instalou entre aqueles que testemunharam a capacidade de violência do Partido Comunista Chinês quando se sente ameaçado.
Contudo, a memória de Tiananmen persiste fora da China. Recentemente, o presidente de Taiwan, Lai Ching-te, em meio a tensões com Pequim, reafirmou seu compromisso. Disse que continuará lutando para preservar a memória da "repressão mortal" como forma de defender a democracia.
"Isso nos lembra que a democracia e a liberdade não são fáceis de alcançar, por isso devemos responder à autocracia com liberdade, enfrentar a expansão do autoritarismo com coragem", declarou Lai.
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