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Feminismo
3
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O que é feminismo? Conheça a história e influência de um dos principais movimentos da idade moderna

Muitos afirmam que o feminismo destruiu as mulheres, outros dizem que sem o feminismo, não haveria liberdade e direitos femininos. Afinal, quem tem razão?

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
18/11/2021 14:19
Manifestação feminista

O movimento feminista conseguiu mudar a sociedade e grande parte de sua estrutura política. Muitos afirmam que o feminismo é responsável por livrar as mulheres da opressão de séculos dos homens. Outros afirmam que o movimento prejudicou a essência do ser mulher. Mas afinal de contas, o que é feminismo e quais foram suas reais consequências?

  • Este artigo é baseado nos estudos da professora de história, Ana Campagnolo. Para saber mais sobre as origens do feminismo e sua influência na história moderna, a Brasil Paralelo elaborou o e-book Feminismo e Marxismo: com Ana Campagnolo. Não perca a oportunidade de conhecer as origens e os principais pensadores de um movimento que influencia o debate público de hoje.

O que você vai encontrar neste artigo?

O que é feminismo? O que é ser feminista?

O feminismo é o movimento que afirma existir uma desigualdade social e econômica entre homens e mulheres, sendo preciso desfazer essa desvantagem através de políticas públicas ou de ações diretas e afirmativas. 

Ser feminista é lutar para acabar com as injustiças sociais, conforme postulados do movimento feminista.

Esta é a definição de feminismo que mais abrange todas as suas ramificações, segundo Ana Campagnolo.

A diferença se encontra no método de aplicação da máxima feminista. Existem tipos diferentes de feminismo.

Alguns grupos, como o Free the Niple e o Femen, defendem a exposição dos corpos nus das mulheres como forma de vencer a opressão sobre o sexo feminino. 

Outros grupos feministas defendem uma igualdade social, possuindo uma militância restrita em busca de políticas sociais mais assertivas. 

A origem do feminismo - as 3 ondas feministas e as suas 4 fases

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William Godwin e Mary Wollstonecraft.

O feminismo como atualmente conhecido surgiu no século XVIII, através das teses de William Godwin. Curiosamente, não foi algo iniciado por uma mulher.

Pode-se afirmar que desde o início até os dias de hoje, houve 3 ondas, 3 tipos de feminismo diferentes mas interligados, e 4 fases deste mesmo movimento:

  • Protofeminismo — século XVIII;
  • 1ª Onda — século XIX;
  • 2ª Onda — século XX;
  • 3ª Onda — século XX e XXI.

O que o feminismo defende?

Willian, o primeiro feminista, militava contra o casamento, contra a monogamia e contra as estruturas tradicionais em geral.

Ele defendia o divórcio e a liberdade sexual, tanto para homens quanto para mulheres. A mentalidade revolucionária de William desenvolveu-se a partir do Iluminismo. O liberalismo, a abolição de privilégios, a busca da felicidade, estes são alguns dos temas que desenvolveram os pensadores iluministas.

William foi o primeiro autor a defender sistematicamente a igualdade sexual, o cerne do feminismo. Esse foi o principal ponto da origem do feminismo.

Um dos protofeministas foi o Marquês de Sade, cujo nome foi usado para derivar o termo sadismo e sadomasoquismo.

Após William, a primeira mulher a defender o feminismo foi Mary Wollstonecraft, através da publicação do livro Uma Reivindicação pelos direitos da mulher. Seu livro é uma das obras mais importantes para explicar o que é o feminismo.

Protofeminismo - a origem do movimento feminista

O período inicial do movimento é chamado de protofeminismo. Este é um dos pontos mais importantes da história do feminismo.

Foi o início das reivindicações feministas no âmbito social.

Entretanto, não havia militância quanto ao mercado de trabalho ou no campo político, por isso leva o nome de “protofeminismo”.

As feministas posteriores usaram as protofeministas como base para suas ideias, o que pode qualificar este período como a origem do feminismo. 

A pauta do movimento era lutar contra a monogamia, o casamento, e defender a liberdade sexual das mulheres. O protofeminismo já continha os principais pontos que o feminismo moderno defende.

Elas falavam explicitamente sobre incesto, sexo grupal e outras práticas afins.

Mary foi amante de um dos principais defensores de ideias feministas de seu tempo, o diplomata estadunidense Gilbert Imlay.

Mary engravidou de Gilbert, mas quando foi contar a notícia ao pai da criança, ele já havia fugido.

Posteriormente, ela o encontrou vivendo com outra mulher e se ofereceu para ser sua segunda companheira, já que estava sem dinheiro para cuidar da filha. Ele negou e Mary tentou se suicidar no Rio Tâmisa.

Mary não morreu após a tentativa. Ao continuar sua vida, conheceu William Godwin, o primeiro feminista. E após apaixonarem-se, eles se casaram.

Ana Campagnolo comenta sobre o casamento e suas repercussões:

“Mary contraiu matrimônio com William Godwin, que, aliás, também é considerado um dos precursores do pensamento anarquista. Criticados e questionados por suas reputações libertinas não condizerem com a oficialização do casamento, os noivos se justificaram: o casamento foi o meio legal que encontraram para proteger financeiramente tanto Mary quanto o bebê que nasceria”. 

Outra feminista importante do período foi Olympe de Gouges. Após publicar suas teses feministas (lembrando que na época o movimento ainda não tinha nome) foi guilhotinada por Robespierre.

  • Conheça uma das principais Revoluções do mundo, cujos efeitos ainda reverberam com força nas instituições políticas: a Revolução Francesa

1ª Onda feminista - o que o feminismo defende

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Mulheres adeptas do feminismo destruindo sutiãs e peças femininas íntimas.

A 1ª onda do movimento feminista defendia 2 pautas principais:

  1. Luta pelo ingresso da mulher no mercado de trabalho;
  2. Luta pelo voto feminino.

A 1ª onda do movimento feminista começou no século XIX. Foi um desenvolvimento das teses anteriores da história do movimento. 

Esse é o período da Revolução Industrial, quando ocorreu uma grande mudança no modo de vida europeu.

Antes do século XIX, a grande maioria das pessoas trabalhava no próprio campo ou nas fazendas de outros. Geralmente o homem trabalhava em conjunto com a mulher, que fazia a parte mais leve do serviço e cuidava da casa e dos filhos.

Os sapateiros, por exemplo, faziam a parte pesada da modelagem dos materiais e as esposas auxiliavam nas vendas.  

Com a Revolução Industrial, muitos europeus começaram a viver em cidades, passando a receber salário por tempo de trabalho nas fábricas.

  • Você conhece a verdadeira definição de Revolução e quais foram as principais Revoluções do mundo? Conheça aqui, este artigo te ajudará a compreender o mundo moderno. 

A grande demanda por mão de obra fez com que algumas mulheres também tivessem que trabalhar nas linhas de produção.

Contudo, as mulheres eram minoria. Só trabalhavam nas fábricas aquelas que eram muito pobres.

Na maior parte das famílias, os homens trabalhavam como operários ou camponeses e as mulheres cuidavam do lar.

Como eram trabalhos muito penosos e exigentes, os homens eram mais requeridos.

Foi nessa época que Elizabeth Stanton e Lucretia Mott passaram a demandar maior participação feminina no mercado de trabalho e no mundo político.

As duas começaram o movimento a partir de reuniões na igreja wesleyana, nos EUA, em 1848.

O primeiro evento contou com a participação de 300 pessoas, homens e mulheres. Ficou conhecido como Convenção de Seneca Falls. É um dos principais marcos da história do feminismo moderno.

Na convenção, as fundadoras fizeram uma pesquisa com os membros do grupo, perguntando se elas desejavam o voto feminino.

O resultado surpreendeu as chefes: a maioria das mulheres reprovou as pautas, pois seus interesses eram apenas possuírem direitos civis básicos, e não adquirir mais deveres extenuantes.

Mesmo com o resultado negativo da pesquisa, as duas continuaram lutando pela inserção no mercado de trabalho e pelo voto feminino.

Elizabeth era anti-Cristã e defendia uma sociedade feminista sem famílias, religião e diferença entre os sexos.

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Seu pensamento anti-Cristão foi publicado no seu livro Bíblia Feminista, de 1895. 

Muitas sufragistas criticaram Elizabeth, já que seguiam ensinamentos religiosos tradicionais. 

Nessa época surgiram grandes grupos de mulheres que lutavam contra as duas pautas feministas. Desde de a origem do feminismo muitas mulheres reagiram contra o movimento.

A Liga Antissufragista da Inglaterra possuía 42.000 mulheres membros. 

Elas buscavam defender seu modo de vida: cuidar do lar e dos filhos, em vez de trabalhar penosamente nas fábricas e nos campos. 

A sufragista Susan Anthony afirmava que a maior dificuldade do movimento feminista era a inércia das mulheres.

Ana Campagnolo, baseada no tratado antissufrágio de Grace Goodwin, publicado em 1913, diz:

“Em 1912, nesta publicação antissufrágio, nós vemos que as mulheres estavam isentas da responsabilidade política e legal, como servir ao Exército ou se sentar em júris. 

Muitas responsabilidades pesadas como prover para a família, pagar dívidas e ir para a cadeia por crimes menores são poupadas do sexo feminino. Se uma esposa se envolve em negócios ilegais, a lei responsabiliza o marido, e não ela.

Essas são apenas algumas das razões, citadas por Grace em seu livro, pelas quais as mulheres da época se negavam a aderir ao movimento sufragista. Inclusive, na Inglaterra, existia um partido político antissufrágio”
.

Nessa época, o voto era um direito derivado de um dever. Em todos os países que tinham o voto, apenas os homens que iriam servir no exército podiam votar.

Votar significava escolher alguém que teria poder de convocar uma guerra ou não. Por isso, apenas os homens podiam votar. 

O trabalho intelectual nessa época era restrito a um pequeno grupo, e não havia desejo por grande parte da classe média de participar dessa classe.

Havia certa possibilidade de estudos escolares e universitários para homens e mulheres de classes baixas.

Machado de Assis, Francisco de Paula Brito e Santa Edith Stein são exemplos de intelectuais do século XIX e XX oriundos de classes sociais consideradas como baixas na época.

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A quantidade do trabalho feminino passou a aumentar a partir da I Guerra Mundial, quando os homens estavam no campo de batalha, obrigando-as a trabalhar nas fábricas para que bens básicos fossem produzidos.

O mesmo aconteceu durante a II Guerra Mundial.

Contudo, logo após o fim das Grandes Guerras, as mulheres que tinham maridos com boa renda escolheram voltar para suas casas. 

Ana Campagnolo aponta que 3 milhões de mulheres optaram por sair de seus trabalhos pesados e voltar para o trabalho no lar. 

Com o início da II Grande Guerra, o mesmo processo de necessidade do trabalho feminino aconteceu, com a diferença que dessa vez as mulheres dos EUA também foram trabalhar nas fábricas. 

Foi nesse período que surgiu o famoso ícone feminista: We can do it.

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Ícone feminista, Naomi Parker, mostrando o braço.

 A imagem chamava as mulheres a realizarem o trabalho operário no lugar dos homens que estavam na guerra.

Naomi Parker foi a mulher que esboçou o cartaz. Ela foi garçonete por pouco tempo, pois logo que se casou decidiu deixar o trabalho e cuidar do lar e da família. 

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Naomi Parker, ícone do feminismo, trabalhando como garçonete.

A partir dos anos 40, a tecnologia deixa os trabalhos mais leves, permitindo às mulheres participarem cada vez mais do mercado de trabalho.

A partir da Segunda Revolução Industrial em diante, muitas mulheres passam a trabalhar em cargos administrativos, que não exigem esforços físicos pesados.

Foi no contexto da urbanização e mudança cultural que aconteceu a 2ª onda feminista.

  • Entenda como a urbanização afeta uma sociedade através do Renascimento, o período do retorno à vida nas cidades. 

2ª Onda do Feminismo - o que realmente é ser feminista

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Feministas destruindo sutiãs e peças femininas íntimas.

A 2ª onda do feminismo começou em 1960 e tinha por objetivo a aceitação social do sexo livre, visando acabar com a moral tradicional vigente no Ocidente.  Esse é o principal conceito do que é ser feminista para o segundo tipo de feminismo, de acordo com as teóricas do período.

As 3 principais teóricas do movimento foram: 

Como exposto, a 2ª onda é um desenvolvimento natural da história feminista, que tinha essas pautas desde a origem do movimento feminista.

Assim como o movimento feminista começou com homens, a 2ª onda começou com as obras de Alfred Kinsey, publicadas em 1945. 

As ideias de Simone de Beauvoir, principal representante da 2ª onda, são baseadas nas de Kinsey.

Sua primeira obra feminista foi publicada em 1949.

Simone defendia a não existência do sexo feminino, sendo a feminilidade uma criação humana para aprisionar as pessoas

Ao ser perguntada: “O que é uma mulher?”, sua resposta foi:

“Não acredito que existam qualidades, valores, modos de vida especificamente femininos: seria admitir a existência de uma natureza feminina, quer dizer, aderir a um mito inventado pelos homens para prender as mulheres na sua condição de oprimidas. Não se trata para a mulher de se afirmar como mulher, mas de tornar-se um ser humano na sua integridade”. (O segundo sexo, São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1970)

Para ela, as pessoas deveriam ser livres para fazer o que quisessem. A moral era apenas uma estrutura de poder.

Feminismo radical

Algumas das principais pautas de Simone, consideradas como pertencentes ao feminismo radical, eram:

  • o fim do casamento; 
  • o aborto; 
  • o incesto;
  • a pedofilia.

Com mais 67 intelectuais da época, Simone e Jean Paul Sartre assinaram uma carta, publicada no jornal Le Monde, pedindo a liberação de três criminosos condenados no Tribunal de Versailles.

O documento defendia a relação sexual com menores na faixa de 13 anos.

  • Para saber mais sobre as origens do feminismo e sua influência na história moderna, a Brasil Paralelo elaborou o e-book Feminismo e Marxismo: com Ana Campagnolo. Não perca a oportunidade de conhecer as origens e os principais pensadores de um movimento que influencia o debate público de hoje.

Ambos assinaram também uma carta aberta, publicada no jornal Libérration, defendendo a revogação da lei que punia, da mesma forma que o estupro, os atos sexuais com menores de 15 anos.

Pediam o “reconhecimento do direito da criança e do adolescente para manter relações com as pessoas de sua escolha” em solidariedade “a todos os pedófilos presos ou vítimas de psiquiatria oficial”.

De acordo com Beauvoir, as crianças de 11 anos já eram consideradas sexuais, mesmo que não tivessem alcançado a puberdade. Ela e Sartre fizeram parte da Front de libération des Pédophiles — FLIP (Frente de Liberação de Pedófilos).

Essas pautas foram desenvolvidas, gerando a 3ª onda do movimento feminista: a ideologia de gênero. 

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