

“A interrupção da gestação deve ser tratada como uma questão de saúde pública, não de direito penal”. Com essa frase, o ex-ministro Luís Roberto Barroso defendeu a descriminalização do aborto até a 12ª semana.
Ele afirmou que a lei “penaliza principalmente meninas e mulheres pobres”, que não têm acesso a informações, medicamentos ou procedimentos adequados pelo sistema público de saúde.
Horas antes de se aposentar, Barroso votou a favor da descriminalização. Ele defende que o tema seja tratado como uma “questão de saúde pública”.
No entanto, estudos reunidos na obra Precisamos Falar de Aborto indicam que a legalização do procedimento não está necessariamente associada à redução das mortes maternas.
Dados do Ministério da Saúde, do DataSUS e de pesquisas independentes indicam que a mortalidade materna por aborto é proporcionalmente pequena. Além disso, vem caindo mesmo sem mudanças na lei.
Entre 1996 e 2015, o DataSUS registrou uma queda contínua nas mortes de mulheres por aborto clandestino. Em 1997, foram 108 casos; em 2015, 53.

Parte desses registros aparece como “aborto por causa não especificada”, Essa categoria que inclui hemorragias ou infecções e nem sempre indica um aborto provocado.

Quando comparado ao total de mortes maternas no país, que varia entre 1.600 e 1.800 por ano, o aborto representa menos de 3% dos casos. Mesmo com a redução nas mortes por aborto, o número total de óbitos maternos se manteve estável.
De acordo com o grupo de pesquisadores organizados por isso revela que a diminuição das mortes por aborto não resultou em queda na mortalidade materna geral, sugerindo que a legalização do procedimento não está diretamente ligada a esse indicador.
Mesmo os abortos que não são punidos por lei, como nos casos de estupro, anencefalia ou risco à vida da gestante, apresentam riscos.
O DataSUS mostra que, em 2015, foram realizados 1.707 abortos previstos por lei e houve 3 mortes, uma taxa de 0,18%.
Os números indicam que, mesmo em ambiente hospitalar e com acompanhamento médico, não existe risco zero.
Em alguns lugares dos Estados Unidos e do Canadá, onde o aborto é flexibilizado, as mortes maternas não deixaram de acontecer.
Em 1973, após o caso Roe v. Wade, o aborto foi legalizado em todo os Estados Unidos. Desde então, até 2022, quando a decisão foi revogada, foram registradas 537 mortes maternas associadas ao procedimento.
Destas, 94 ocorreram em abortos ilegais, mostrando que, mesmo após a legalização em parte do país, muitos procedimentos continuaram sendo feitos fora do sistema médico.
O pesquisador Kevin Sherlock revisou atestados de óbito e encontrou dezenas de casos não contabilizados. Ele afirma que o número real de mortes seria quatro vezes maior do que o divulgado oficialmente.
O Canadá apresenta um quadro semelhante. Entre 1990 e 2008, a mortalidade materna aumentou 94%.
Nos Estados Unidos, a taxa geral passou de 7,2 mortes por 100 mil nascimentos (1987) para 18 por 100 mil (2014), um aumento expressivo que ainda não tem explicação.
No Brasil, o debate sobre o aborto é frequentemente acompanhado por estatísticas imprecisas. Alguns veículos chegaram a citar 50 mil ou até 200 mil mortes maternas por aborto clandestino por ano.
De acordo com os estudos presentes na obra citada acima, esses números não têm base oficial.
Em 2014, o DataSUS registrou 65.715 mortes de mulheres em idade fértil, considerando todas as causas de morte. Desse total, apenas 41 foram atribuídas ao aborto clandestino. Em 2015, o número subiu para 53.
Os dados são compatíveis com os do IBGE, com diferença de apenas 1%.
De acordo com os pesquisadores, representantes do governo e defensores da legalização afirmaram que poderia haver subnotificação, mas não apresentaram provas que sustentassem a hipótese de dezenas de milhares de mortes anuais.
Em 2014, a jornalista Maristela Sant’Ana relatou ao site da Câmara dos Deputados que muitas mulheres morrem realizando abortos ilegais, sendo necessário legalizar a prática para garantir mais segurança no procedimento de interrupção da vida do bebê.
No entanto, os dados internacionais indicam um cenário diferente.
No Canadá, a mortalidade materna cresceu 94% entre 1990 e 2008. Nos Estados Unidos, passou de 10,3 para 23,2 óbitos por 100 mil mulheres.
Por outro lado, países que restringiram o aborto viram as mortes maternas diminuir. De acordo com o professor Marcus Vinícius Lins, do Núcleo de Formação da Brasil Paralelo:
Os dados mostram que onde o aborto foi limitado, as mortes maternas caíram, e onde foi ampliado, aumentaram.
Nos Estados Unidos e no Canadá, onde o procedimento é legal, a mortalidade materna aumentou. Pesquisas revelam que ainda não têm explicação clara.
Diante disso, o debate sobre o aborto como “questão de saúde pública” tem sido acompanhado por discussões sobre a importância da transparência nos dados e estatísticas publicados.
Aprofunde-se no debate sobre o aborto e na importância da defesa da vida com o original BP Duas Vidas: do que estamos falando quando falamos sobre aborto. Assista gratuitamente abaixo.
Como um veículo independente, não aceitamos dinheiro público. O que financia nossa estrutura são as assinaturas de cada pessoa que acredita em nossa causa.
Quanto mais pessoas tivermos conosco nesta missão, mais longe iremos. Por isso, agradecemos o apoio de todos.
Seja também um membro da Brasil Paralelo e nos ajude a expandir nosso jornalismo.
.png)
.png)
.png)
.png)
.png)
Cupom aplicado 37% OFF
.png)
Cupom aplicado 62% OFF
MAIOR DESCONTO
Cupom aplicado 54% OFF
.png)
Assine e tenha 12 meses de acesso a todo o catálogo e aos próximos lançamentos da BP