Tanto o nazismo quanto o comunismo são classificados como regimes totalitários por especialistas como Norberto Bobbio, ou seja, sistemas que não aceitam limites morais ou jurídicos para o poder do Estado, e que o Estado está acima dos indivíduos.
O indivíduo não é visto como portador de direitos invioláveis, mas como instrumento de um projeto maior — seja ele a "pureza racial" (no nazismo) ou a "utopia igualitária" (no comunismo).
Nazismo: o ser humano vale conforme sua raça
No regime nazista, o ser humano era avaliado biologicamente: se você era da “raça ariana”, era considerado superior; se era judeu, cigano, eslavo ou deficiente físico/mental, era descartável.
A pessoa deixava de ter valor por si mesma e passava a ter valor apenas em função de sua utilidade para o ideal racial coletivista. Isso, e outros fatores, como o nacionalismo e o imperialismo, resultaram em políticas de extermínio, como o Holocausto.
Comunismo: o ser humano vale conforme sua função no coletivo popular
Já no comunismo marxista-leninista, a dignidade da pessoa também é suprimida em nome de uma suposta justiça futura. O indivíduo é apenas uma engrenagem da luta de classes. A vida pessoal, a família, a fé e os direitos individuais estão abaixo do que o Partido considera o “bem coletivo”.
O Estado se torna uma divindade que define quem vive, quem trabalha, quem educa e até o que se pensa. Dissidentes, religiosos, empreendedores e mesmo trabalhadores críticos são tratados como inimigos da revolução — logo, como descartáveis.
A resposta de João Paulo II: o ser humano é sagrado
Contra essas visões, João Paulo II se apoia na antropologia cristã, segundo a qual:
- Toda pessoa é imagem e semelhança de Deus, portanto tem dignidade inalienável.
- Todo ser humano tem um valor absoluto, não relativo.
- A pessoa não pode ser reduzida a uma ferramenta social, nem para a raça, nem para o partido, nem para o progresso.
Esses são alguns dos principais motivos pelos quais João Paulo II via o nazismo e o comunismo como dois lados da mesma moeda: ambos matam o espírito humano. E por isso também ele os enfrentou — não com armas, mas com ideias, fé e verdade.
A luta de João Paulo II contra as ideologias modernas
João Paulo II cresceu na Polônia ocupada, primeiro sob o terror nazista, depois sob o jugo comunista.
Sua juventude foi marcada pela perda de quase toda sua família, pela perseguição à fé e pelo genocídio do seu povo e sua cultura. Essas experiências formaram seu caráter e sua missão.
Durante seu pontificado, ele:
- Sobreviveu a um atentado a tiros;
- Pregou a fé em Cristo na Polônia durante o regime comunista-ateísta;
- Desafiou diretamente o regime soviético;
- Inspirou milhões com sua mensagem de liberdade, dignidade e fé.
João Paulo II acreditava que somente uma visão correta do homem — como ser espiritual, livre e relacional — poderia resistir aos totalitarismos. Sua vida e papado foram testemunhos vivos de que nenhum sistema político pode legitimar a escravização da alma humana.