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Caso Celso Daniel - enigmas e contradições são investigados no assassinato do prefeito petista

Política
Biografia
Caso de Celso Daniel
Investigação Paralela, da Brasil Paralelo
Redação Brasil Paralelo

O caso Celso Daniel chocou o Brasil em 2002 e ainda repercute por todo o país. O prefeito de Santo André, Celso Daniel, era um dos políticos mais cotados para grandes cargos políticos do Partido dos Trabalhadores (PT). Saindo de uma churrascaria, em um dia normal, foi abordado por diversos carros em uma área residencial. Celso foi sequestrado e assassinado de forma brutal, sem pedido de resgate.

A história fica ainda mais enigmática e fúnebre com o passar do tempo. Sete pessoas que testemunharam o caso foram assassinadas em circunstâncias suspeitas.

Diante de tantas mortes e do envolvimento dos principais políticos do país, o programa de investigações criminais, Investigação Paralela, levantou 2 hipóteses principais.

  • Este artigo foi baseado no Investigação Paralela, programa exclusivo da Brasil Paralelo. Assista agora a investigação do caso Celso Daniel, clique na imagem abaixo e veja o programa de forma gratuita:
caso celso daniel

O que você vai encontrar neste artigo?

Qual é a história de Celso Daniel?

Celso foi um dos fundadores do PT, membro de guerrilhas comunistas e estava cotado para ser ministro da fazenda e coordenador do plano de governo de Lula. Quando estava em seu 2º cargo como prefeito de Santo André, foi sequestrado e brutalmente assassinado.

O prefeito petista era carismático e convicto militante comunista. Fez faculdade de filosofia na USP, na década de 70, onde aderiu às ideias de Karl Marx. Celso Daniel fez parte da guerrilha Movimento de Emancipação do Proletariado, que lutava contra a ditadura militar brasileira, em prol da internacional comunista.

Também estudou engenharia, tendo como principal profissão da juventude o trabalho no Departamento de Trânsito da Prefeitura Municipal de Santo André. Foi professor universitário em diversas instituições, tendo dado aulas de administração pública e economia.

Sua boa oratória e convicção política fizeram com que Celso fosse eleito deputado federal em 1994, e duas vezes prefeito de Santo André. Celso Daniel foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, sendo cotado para cargos no governo de Lula. Porém, o prefeito foi assassinado no ano da primeira eleição de Luiz Inácio da Silva.

  • Conheça mais: leia a biografia detalhada da vida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para uns, o pai dos pobres, para outros, o presidente mais corrupto da história.

Celso Daniel deixou uma filha, Liora Mindrisz. Miriam Belchior, ex-esposa de Celso, já não estava junto do político no momento de sua morte. Ivone de Santana, sua namorada da época, foi considerada sua viúva. Ivone chegou a se pronunciar sobre o caso Celso Daniel mais de uma vez.

O enterro do político petista contou com a presença de toda alta cúpula do PT, incluindo Lula, presidente do Brasil na época.

enterro do celso daniel | corpo do celso daniel

O caso Celso Daniel

Na noite de 18 de janeiro de 2002, Celso Augusto Daniel se dirigiu até o restaurante Rubaiyat, localizado no Jardins, bairro nobre de São Paulo. No local, esperava seu amigo de longa data, o empresário Sérgio Gomes da Silva, conhecido entre os mais íntimos como Sombra.

Após duas horas de um farto jantar e conversas discretas, ambos saíram no carro de Sombra, uma Mitsubishi Pajero fortemente blindada, em direção a Santo André, no ABC paulista. 

Testemunhas disseram que viram o carro de Sombra passar em alta velocidade, no que foi seguido por outros três carros: uma caminhonete Chevrolet Blazer, um Volkswagen Santana e um Fiat Tempra.

A perseguição se estendeu por 3 km até Sombra ser fechado pelos criminosos na rua Antônio Bezerra, na zona sul de São Paulo. Seis homens armados desceram dos carros e começaram a atirar em direção a Mitsubishi, atingindo o parabrisa e o lado do passageiro com vários disparos. Porém, a forte blindagem impediu que os tiros atingissem o interior do carro. 

Os criminosos então abriram as portas do carro de Sombra e levaram Celso Daniel para o interior de um de seus veículos. Sérgio foi liberado no local sem nenhum ferimento, quando então ligou para a polícia.

Dois dias depois, no domingo de manhã, o corpo de Celso Daniel é encontrado por moradores da região no meio de uma estrada de terra, localizada no município de Juquitiba. As cenas são chocantes.

Corpo de Celso Daniel

O então prefeito de Santo André foi encontrado usando apenas uma calça jeans, com a cueca estando ao avesso. Seu corpo apresentava diversas marcas de tiros e sinais de tortura, como escoriações e queimaduras.

Os braços e pernas estavam contraídos, o que na linguagem técnica é chamado de espasmo cadavérico. Isso significa que antes de morrer, houve sofrimento, medo e possivelmente tortura da vítima.

Celso Daniel morreu baleado após sofrer torturas de extrema violência.

A tortura

Na autópsia, foi constatado que primeiro Celso sofreu uma lesão próxima ao ouvido esquerdo - este ferimento pode ter sido causado na hora do sequestro. Horas depois, teria sido queimado nas costas, com o cano de um revólver, e atingido por estilhaços de bala de uma arma disparada perto de seu corpo. 

Ele ainda apresentava lesões na boca, braço e na coxa. O primeiro tiro entrou pelo seu peito e saiu pela axila, o segundo atingiu seu ombro direito. 

E o terceiro, o antebraço, tiro esse próprio quando a vítima está em postura de defesa. Já no chão, em posição fetal, foi alvejado com dois tiros no rosto e dois tiros nas costas, causando ferimentos fatais nos pulmões e na artéria aorta.

A investigação policial foi iniciada pelo então delegado de Taboão da Serra, Romeu Tuma Jr., responsável pela região de Juquitiba e um dos primeiros a chegar na cena do crime. 

O inquérito foi transferido para o DHPP, departamento estadual de homicídios e de proteção à pessoa. Concluído em 1 de abril de 2002, apenas 2 meses depois do assassinato, o relatório final da polícia indiciou seis integrantes de uma quadrilha da favela Pantanal, da zona sul de São Paulo. 

O inquérito policial concluiu que os criminosos sequestraram Celso Daniel por acaso, frustrados por perderem de vista seu alvo original, um empresário paulista.

O que passa a acontecer seria digno de um filme. O caso de Celso Daniel mudaria a história de uma cidade e deixaria uma marca na política nacional.

celso daniel petista PT
Celso Daniel no diretório do PT.

Uma série de mortes davam indícios de que o crime não foi apenas um sequestro mal executado. Ao menos 7 pessoas morreram em circunstâncias suspeitas nos anos que seguiram o assassinato do prefeito.

A primeira morte relacionada ao caso foi de Dionísio Severo em abril daquele ano. Dionísio era um criminoso especialista em sequestro e foi apontado pelo Ministério Público como peça chave nas ações que resultaram na morte do prefeito.

Dois dias antes do sequestro de Celso Daniel, Dionísio Severo fugiu de helicóptero do presídio em que estava. O helicóptero foi sequestrado por Cleison Gomes Souza, conhecido como “Bola”, e o filho de Dionísio, que na época era menor de idade.

Apontaram um revólver na cabeça do piloto e o obrigaram a fazer um resgate no presídio José Parada Neto, em Guarulhos, São Paulo. O segundo homem a entrar era Dionísio Severo. O helicóptero então pousou no município de Embu das Artes, onde os criminosos seguiram caminhos distintos.

Dois meses depois, Dionísio foi preso em Alagoas ao assaltar um banco. Após as investigações encontrarem indícios que ele também havia participado do sequestro de Celso Daniel, o criminoso prometeu aos investigadores contar tudo o que sabia sobre o assassinato do então prefeito de Santo André.

Mas a promessa nunca seria cumprida. Dionísio conversava com sua advogada no parlatório do presídio quando foi morto com 60 facadas por um grupo de presos.

Sobre isso, Benke, apresentador do Investigação Paralela comentou:

“Olha… não sei se tu sabe… mas facadas na bunda quer dizer que a vítima estava sendo um cagueta, estava traindo o grupo falando demais do que não devia. Esse cara devia ter informações importantes”.

Após a quebra do sigilo do telefone que o Dionísio usava no presídio, descobriram uma intensa troca de ligações com um policial da delegacia de narcóticos chamado Otávio Mercier.

Várias testemunhas passam a morrer 

A partir da morte de Dionísio, diversas outras pessoas relacionadas ao caso passaram a morrer, foram 7 vítimas ao todo. As vítimas foram:

  1. um dos sequestradores, o Dionísio;
  2. o policial que conversava com Dionísio;
  3. o homem que abrigou Dionísio após o caso Celso Daniel;
  4. o primeiro agente funerário a encontrar o corpo Celso;
  5. o garçom que atendia Celso e Sombra em seus jantares habituais;
  6. outro garçom, amigo do garçom que atendia Celso e Sombra;
  7. um dos legistas que examinou o corpo de Celso e deu entrevistas em âmbito nacional sobre o caso.

Após a descoberta do contato entre Dionísio e o policial Otávio, o agente de segurança foi investigado. Ele foi ouvido pela corregedoria e disse que não sabia nada sobre o caso. Pouco tempo depois, Otávio foi morto a tiros dentro de casa.

Sérgio “Orelha”, homem que escondeu Dionísio em sua casa depois de sua fuga do presídio até o dia do sequestro, foi encontrado morto carbonizado em um porta malas de um carro. 

Iran Moraes Rédua, o primeiro agente funerário a chegar em Juquitiba, foi morto com dois tiros quando colocava compras no porta mala do carro.

Antônio Palácio de Oliveira, o garçom que serviu Celso e Sombra no jantar na noite do sequestro, também foi morto. Ele era o garçom habitual da dupla, que frequentava o restaurante regularmente e sentava sempre na mesma mesa.

Antônio de Oliveira possuía documentos falsos e tinha recebido em sua conta bancária um depósito de 60 mil reais. A procedência do dinheiro nunca foi identificada.

Na noite de sua morte, o garçom foi perseguido por dois homens quando dirigia uma moto. Foi agredido com um chute, perdeu o controle, e colidiu com um poste na altura do nº 2.000 da Avenida Águia de Haia, zona leste de São Paulo.

Embora nada tenha sido levado, a polícia registrou o caso como roubo seguido de morte.

A única testemunha que declarou à polícia ter presenciado a morte é o também garçom Paulo Henrique Brito, ele foi assassinado no mesmo local, 20 dias depois, com um tiro nas costas.

Morreu também poucos anos depois o legista Carlos Delmonte Printes. Segundo a polícia, a morte se deu por asfixia, provocada pela ingestão de medicamentos.

Carlos Delmonte Printes havia feito o laudo que constatou que Celso Daniel foi brutalmente torturado antes de morrer. Ele afirma que a morte do ex-prefeito ocorreu entre às 22h de sábado e 2h da manhã de domingo.

Em entrevista no programa de Jô Soares, confirmou que Celso Daniel foi brutalmente torturado e que foi proibido de falar do caso publicamente, com a justificativa de que era para sua proteção.

O legista viria a morrer uma semana depois dessa entrevista. Em função das pressões políticas, as investigações tomaram outro rumo e a autópsia foi ignorada. Legista com 21 anos de experiência e mais de 20 mil autópsias realizadas, Carlos Delmonte Printes era responsável por todas as autópsias de casos importantes nos últimos 18 anos. 

Na época, ele dirigia o setor de tanatologia do Instituto Médico-Legal de São Paulo. Após defender a versão de tortura, disse ter sido rebaixado do cargo, passando a cuidar da oficina de tafonomia, estudo de corpos em estado de putrefação. 

O legista disse:

“É excepcional a ocorrência de morte em casos de sequestro-relâmpago. Com relação ao seqüestro convencional, nunca examinei um caso em que houvesse um ritual de tortura, com a crueldade e a desproporcionalidade que verifiquei no corpo de Celso Daniel”.

Em 2005, os promotores então pediram uma nova investigação. O processo ficou a cargo da delegada Elisabete Sato, que encerrou o caso em pouco tempo, sem realizar procedimentos básicos.

Elizabete fez um relatório de apenas 5 páginas, sem realizar diligências básicas, como a quebra do sigilo telefônico dos assassinos, e manteve a conclusão da investigação anterior: um sequestro comum sem nenhum planejamento prévio, mesmo sem nenhum pedido de resgate ter sido feito pelos sequestradores.

Elizabete Sato, delegada que foi escalada para investigar o assassinato do prefeito de Santo André, é tia de Marcelo Sato, marido de Lurian, filha de Lula, ex-presidente. 

Inconformados com a rapidez e as falhas nas investigações da polícia, a família de Celso Daniel pressionou as autoridades para que o caso fosse reaberto. 

O Ministério Público de São Paulo decidiu abrir o inquérito mais uma vez. As suspeitas de que o sequestro de Celso Daniel foi encomendado e de que a morte do prefeito teria sido uma queima de arquivo foram as principais motivações.

Em depoimento, Sombra relatou que durante o sequestro foi obrigado a parar o veículo pois um pneu estava furado, e que em seguida o carro teve uma pane elétrica e desligou.

Contudo, a perícia constatou que o pneu foi furado quando o carro já estava parado e que, apesar dos tiros, ele funcionava normalmente. Por que, então, as portas estavam destravadas? E se o carro era blindado e continuava a funcionar, porque parou o veículo? Sombra mudaria sua versão para a polícia diversas vezes.

Conversas entre Sérgio Sombra e seu amigo Klinger de Oliveira Souza aparecem nos grampos telefônicos. As conversas revelam o medo de seus nomes serem relacionados ao caso.

Os áudios podem ser escutados neste link.

Greenhalgh chegou a afirmar para a imprensa que rasgaria o diploma e renunciaria ao seu mandato se Celso Daniel tivesse sido torturado e se o crime tivesse sido planejado.

Depois que o corpo foi descoberto, a polícia foi à casa de Celso Daniel com um mandado de busca e apreensão. Antes dos policiais chegarem, relatos contam que Luiz Eduardo Greenhalgh esteve na casa, onde permaneceu por 1 hora e saiu com algumas malas de documentos. 

No dia da Missa de sétimo dia do assassinato de Celso Daniel, Gilberto Carvalho contou aos seus dois irmãos, Bruno Daniel e João Francisco Daniel, que havia um esquema de arrecadação de recursos para financiamento de campanhas e que ele próprio fazia a entrega a José Dirceu, então presidente do PT.

Quando lançou sua candidatura em 2002, Lula já havia disputado 3 eleições para presidente. Para vencer, o PT precisava de uma nova estratégia.      

José Dirceu, presidente nacional do PT na época, organizou então três frentes: contratou Duda Mendonça para pilotar a campanha de Lula. Colocou José Alencar para ser vice, um empresário no cargo daria segurança ao meio empresarial na visão de Dirceu. 

A terceira frente foi feita pelo próprio José Dirceu, que correu o país inteiro buscando fundos para campanha, utilizando prefeituras petistas como meio para desviar recursos. Uma dessas prefeituras era a de Santo André, berço simbólico do PT, fundado em 1980.

Em meados dos anos 70, Celso Daniel foi militante comunista pertencente ao grupo do MEP, Movimento de Emancipação do Proletariado, criado por membros de outro grupo denominado Fração Bolchevique. 

Desde o início, Celso Daniel participou do movimento pela formação do partido dos trabalhadores, sendo um de seus principais agentes, chegando a ser prefeito de Santo André por três vezes.

Um dos homens mais carismáticos do PT, seria um dos primeiros na escala de sucessão de Lula, ombreando Dirceu e Palocci. Celso Daniel seria o coordenador do plano de governo e o ministro da fazenda do governo Lula.

O Ministério Público de São Paulo aponta que em 2002, Santo André era um dos principais locais de arrecadação de dinheiro irregular do PT, e ficou conhecido como o laboratório de corrupção do partido.

O que era feito em Santo André, após a eleição de Lula em 2002, passou a ser praticado em larga escala, dando origem a outros esquemas de corrupção como o Mensalão e o Petrolão.

Diante dos fatos narrados, os apresentadores do programa Investigação Paralela levantam 2 teorias após tecerem comentários sobre o caso:

“Benke: Eita… vamos lá: celso foi sequestrado e seu corpo foi encontrado dois dias depois com sinais de tortura, começaram a  morrer várias testemunhas. aí temos políticos do pt tentando interferir com as investigações. e depois ainda foram descobertos os esquemas de corrupção que o pt tinha em santo andré, onde que empresários pagavam propina que financiava parte da campanha de 2002.
Zingano: Exatamente, e aí o marcos valério dá uma série de depoimentos onde ele cita essa conversa que ele teve com o Ronan Maria Pinto, Silvio Pereira e outros membros do PT em que o Ronan ameaçou entregar o Lula como um dos mandantes do assassinato de Celso Daniel. e que fez um esquema com a petrobras para pagar pelo silêncio do ronan. 
Benke: Mas porque o Lula mandaria matar um dos maiores nomes do partido na época? As razões da morte do celso ainda não estão claras para mim. 
Zingano: As investigações mostram que a morte de Celso Daniel e a corrupção na Petrobras estavam interligadas. Mas qual o real motivo da morte do ex-prefeito? Vamos às teorias do que causou a morte de Celso Daniel”.

As 2 teorias sobre a morte de Celso Daniel

quem mandou matar celso daniel?

Foram levantadas diversas narrativas para explicar a morte de Celso Daniel. Diante das provas e circunstâncias do caso, 2 teorias foram levantadas:

  1. assassinato realizado pelo PT;
  2. assassinato realizado por empresários corruptos.

Assassinato realizado pelo PT

A primeira teoria é sustentada pelos irmãos Bruno Daniel e João Francisco Daniel. Segundo eles, apesar de seu irmão ser conivente com a corrupção para o PT, ele começou a não permitir o desvio de recursos quando percebeu que o dinheiro não estava indo para a campanha de Lula, mas sim para enriquecer empresários e políticos da prefeitura de Santo André.

Francisco Daniel afirma que Celso possuía um dossiê com indícios de enriquecimento ilícito de Sombra, Klinger e Ronan Maria Pinto. Parte deste dossiê foi encontrado no apartamento de Celso Daniel por seus irmãos após sua morte.

Segundo o médico legista Carlos Delmonte Printes, o método de tortura utilizado sugere que os criminosos queriam obter informações de Celso Daniel. 

Este seria um indício que os sequestradores queriam saber onde estavam os dossiês, por isso não simplesmente o assassinaram no momento do sequestro.

Por essa teoria, é possível concluir que a atitude de Celso perturbava a cúpula do PT, que em ano de eleição, estaria preocupada com a imagem do partido. Um escândalo de corrupção seria fatal nas chances de Lula chegar à presidência.

Então a partir disso, após descobrirem onde estavam os dossiês, assassinaram Celso Daniel.

Assassinato realizado por empresários corruptos

A segunda teoria, sustentada por Romeu Tuma Jr., sugere que a intenção não era a morte de Celso Daniel. Por uma falha de comunicação entre a quadrilha do Pantanal e os mandantes do crime, Celso acabou assassinado.

Com um extenso currículo, incluindo o cargo de secretário nacional de justiça, Tuma era o delegado titular de Taboão da Serra, responsável pela região onde o corpo de Celso Daniel foi encontrado. 

Na tese de Tuma, a função de Sombra era armar o sequestro do prefeito de Santo André em razão do PT estar cobrando propina em excesso dos empresários da cidade. Nesta tese, os empresários ajudaram Sérgio Sombra.

A taxa cobrada pelo partido havia aumentado nos últimos tempos em função da campanha eleitoral de 2002. Os mandantes pretendiam sequestrar Celso Daniel e soltá-lo logo em seguida. 

A mensagem passada a ele seria para o PT parar de extorquir os empresários, pois eram eles que iriam pagar o resgate do prefeito.

Romeu Tuma Jr. diz ter uma forte convicção de que o homicídio foi acidente de percurso. Se a intenção era matar o prefeito, bastava ter atirado nele na hora da abordagem inicial; e se Sombra não estivesse envolvido, ele também seria morto no local.

Segundo Romeu, quando interrogou Dionísio, o mesmo deixou transparecer que os sequestradores haviam perdido o contato com o mandante. 

Entre a noite de sexta-feira, dia do sequestro, e o domingo de manhã, quando o corpo foi achado, a polícia já investigava a região, o que pode ter deixado os criminosos assustados. Com medo da projeção do caso e de serem descobertos, então decidiram executar o prefeito.

Conclusão: o que aconteceu após o caso Celso Daniel

Os personagens dessa história variam de membros de gangue de sequestradores de uma favela a investigados em intrincadas CPIs, envolvendo secretários municipais, empresários e até o presidente da república.

Em 2012, 6 integrantes da quadrilha da favela do pantanal foram condenados a mais de 18 anos pela morte de Celso Daniel. Todos confessaram suas diferentes participações no crime.

Apesar de figurar como réu, o único não julgado nesta ação foi Sérgio Sombra. Ele foi beneficiado pela decisão do STF que anulou todo o processo contra ele desde a fase dos interrogatórios. 

Os advogados de Sombra alegaram que sua defesa foi cerceada pelos investigadores. Em outro processo, Sombra foi sentenciado a 15 anos de prisão por corrupção, mas recorria em liberdade. 

Ele foi condenado por liderar um esquema de cobrança de propina de empresas de transporte contratadas pela prefeitura de Santo André. Empresários que não davam dinheiro eram ameaçados de ter o contrato rompido.

O juiz responsável pelo caso afirmou que a cobrança de propina do setor de transporte não foi uma iniciativa isolada, o diretório nacional do PT tinha conhecimento do esquema criminoso e se beneficiou dele.

Sombra nunca admitiu envolvimento no assassinato de Celso Daniel. As investigações anuladas pelo STF seriam retomadas em 2016, com a primeira audiência de instrução do processo que poderia levar Sombra a júri popular.

Porém, essa audiência nunca ocorreu, Sérgio Sombra não resistiu a um câncer. Ele morreu 3 meses antes da audiência, levando consigo tudo o que sabia sobre o caso.

Em maio de 2018, a justiça prendeu o empresário Ronan Maria Pinto. Ele foi condenado a 5 anos de prisão por lavagem de dinheiro no caso que apura o empréstimo fraudulento de 12 milhões do Banco Schahin para o pecuarista Bumlai.

As investigações concluíram que o dinheiro foi para o PT, e que, em troca, a Petrobras de forma irregular assinou um contrato de 1,6 bilhão de dólares com o Grupo Schahin para a operação do navio-sonda Vitória 10.000. 

Dos 12 milhões contraídos por Bumlai, 6 milhões foram parar nas mãos de Ronan Maria Pinto. O motivo do pagamento seria a compra do silêncio de Ronan, pois ele estaria ameaçando citar Lula como um dos envolvidos no assassinato de Celso Daniel.

O terceiro integrante da quadrilha dos 3 Mosqueteiros, Klinger de Oliveira Souza, é ex-vereador e secretário municipal de Santo André. Klinger extorquia os empresários junto com Sombra. Foi condenado a 18 anos de prisão.

Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do ex-presidente Lula e ministro da secretaria-geral da presidência no primeiro mandato de Dilma Rousseff, também foi condenado por improbidade administrativa em relação a sua atuação em Santo André. Porém, nunca foi preso, tendo apenas seus direitos políticos suspensos por cinco anos.

Nas investigações sobre a corrupção em Santo André e participação na morte de Celso Daniel, a Procuradoria Geral da República pediu abertura de inquérito contra José Dirceu, homem que recebia os recursos desviados das prefeituras petistas.

Entretanto, o presidente do STF, Nelson Jobim, negou o pedido na época, alegando que não havia provas suficientes para a abertura do processo. 

Anos mais tarde, José Dirceu, cérebro e coração do PT, foi condenado diversas vezes por enriquecimento ilícito, corrupção ativa e passiva, tráfico de influência, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, entre outros crimes.

Segundo as palavras de Romeu Tuma Jr. em seu livro “Assassinato de Reputações”: 

“Certamente, o que garantiu a impunidade, até hoje, dos cabeças que articularam e/ou se omitiram diante dos crimes que culminaram na morte de Celso Daniel foi a eleição de Lula naquele ano, e sua permanência no poder. 
Esse fato possibilitou a distribuição de espaços, cargos e recompensas aos companheiros, e permitiu empregar, até o presente, todos os órfãos, atores, “viúvos” e “viúvas” do prefeito morto de Santo André. 
E com certeza contribuiu decisivamente para que, burras abastecidas, as bocas permanecessem caladas e os ânimos serenados. Afinal de contas, Celso era o homem forte de Lula, e seria seu ‘primeiro-ministro’. 
Apesar de sua morte, o projeto de poder bem-sucedido possibilitou a continuação daquele esquema iniciado em Santo André, agora numa dimensão ‘nunca antes vista na história desse país’. Sua morte, portanto, não foi em vão.”

Apesar do julgamento, o caso Celso Daniel ainda desperta dúvidas. Ainda existem pontas soltas substanciais para entender o caso, fazendo com que o assassinato de Celso Daniel ainda ganhe repercussão no país.

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