Artigo de opinião
Durante décadas, a imagem do bom leitor foi associada a uma sala silenciosa, cercada por estantes altas, com lombadas desgastadas e cheiro de livro antigo.
Mais recentemente, essa figura ganhou outra forma: o leitor moderno que exibe no Kindle dezenas de títulos acumulados, orgulhoso de cumprir metas mensais de leitura, muitas vezes compostas por obras rasas e escolhidas apenas para bater números.
Em comum, os dois modelos carregam o mesmo vício: o livrismo.
O que é o livrismo e por que ele empobrece a formação intelectual?
O livrismo não é amor aos livros, nem o hábito saudável da leitura. É outra coisa: a crença de que erudição se constrói apenas lendo mais e mais páginas, como se a sabedoria fosse medida por volume e não por profundidade.
É o vício de achar que a vida intelectual nasce do acúmulo de textos, da coleta de frases soltas ou da comparação superficial entre ideias. É a ilusão de que a simples quantidade de leituras produz automaticamente entendimento.
Mas leitura não é isso.
Ler é, antes de tudo, escutar. É entrar em contato com a mente do autor, não projetar a nossa sobre ele.
É compreender o que ele pensou, o que ele viveu, o que ele quis dizer. Uma leitura que coloca o leitor acima do autor, que transforma o livro em espelho e não em janela, se torna fria, impessoal e improdutiva. É uma leitura que não forma: apenas cansa.
E foi desse esgotamento silencioso, esse hábito que transforma livros em compromissos e autores em figurantes, que nasceu o espaço perfeito para a proposta do Teller.






























