O caso começou em 2023, quando pais de alunos denunciaram a professora por publicar fotos e vídeos sensuais. A polêmica cresceu depois que ela declarou que os ganhos no OnlyFans e Privacy eram maiores que os do magistério.
Rosana afirma que nunca associou a imagem do Ifes à sua atividade paralela e que sua produção não envolve nudez explícita:
“Assim que lancei a página, em setembro do ano passado, meus colegas de trabalho começaram a me alertar, pedindo que tirasse a página do ar. Eu decidi continuar. Neste ano, não recebi aviso da instituição, eu mesma fui ao Conselho de Ética, após ouvir rumores de que teriam processos contra mim”, afirmou em entrevista a um veículo local.
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Mãe de duas meninas, de 10 e 17 anos, ela diz ter consultado as filhas antes de abrir as plataformas:
“Eu não faço pornografia ou nudez explícita. Eu provoco, faço uma coisa sensual com mistério. As pessoas gostam dessa coisa, ver uma professora com roupa social, tirando e mostrando a lingerie. É um fetiche com tabu. Será que vou ser demitida por algo que não está ligado à instituição ou às minhas funções como profissional?”
Rosana afirma que irá recorrer da decisão e considera levar o caso à Justiça.
O marido de Rosana expressou apoio à esposa. Ele afirmou que inicialmente foi resistente à ideia para evitar a exposição da família, mas atualmente até ajuda:
“Com o tempo vi o quanto eu era sortudo em ter um mulherão assim, que é desejado por milhares de pessoas. Hoje, eu apoio ela 100%”.
Ele acompanhou a esposa em seu primeiro ensaio sensual, mas agora prefere deixá-la criar livremente, intervindo apenas quando solicitado.
A professora diz que usará a renda obtida nas plataformas para custear uma viagem familiar para Bariloche, pagar empréstimos, trocar de carro e ajudar familiares, como sua mãe e irmãs.
O Ifes reforçou em nota que a dedicação exclusiva é uma gratificação opcional que exige do servidor o compromisso de não exercer outras atividades remuneradas.
“[...] Ressalta-se que hoje profissões como digital influencer, youtuber, criador de conteúdo adulto e outras surgiram como novas formas de trabalho e geração de renda. É essencial reconhecer essas atividades, mas também avaliar se professores em regime de dedicação exclusiva estão cumprindo as obrigações desse vínculo”, afirmou a instituição.
O processo foi iniciado após denúncias à Comissão de Ética dos Servidores Públicos, com a Corregedoria identificando indícios de quebra de dedicação exclusiva, culminando na penalidade aplicada.
Plataformas como OnlyFans e Privacy estão no centro de polêmicas por, mesmo com políticas restritivas, permitirem — ainda que indiretamente — a circulação de pornografia e até de material ligado à pedofilia.
Em maio de 2024, o órgão regulador de mídia do Reino Unido, Ofcom, abriu investigação para avaliar se o Only Fans adota medidas eficazes para impedir o acesso de menores a conteúdos pornográficos. Embora a plataforma exija idade mínima, é criticada pela falta de um sistema robusto de verificação, o que levanta suspeitas de exposição de menores e compromete sua credibilidade.
As acusações se estendem a ações judiciais. Segundo a Folha de S. Paulo, em Nevada, a empresa é acusada de lucrar com a exploração de duas mulheres por um ex-participante de reality show. Já na Flórida, uma universitária afirma que o Only Fans obteve ganhos com a divulgação de um vídeo em que teria sido estuprada, conforme investigação da Reuters publicada em março.
A jornalista Ana Sánchez de la Nieta classifica a atuação no OnlyFans como “prostituição fantasiada de liberdade feminista”. Em artigo na Aceprensa, ela critica o discurso de empoderamento como uma “roupagem sedutora” que mascara um ambiente de exploração, marcado por chantagens, assédio e agressões.
“A linguagem usada pelo site — que chama as mulheres de ‘criadoras de conteúdo’ ou ‘modelos’ — serve apenas para normalizar o comércio do corpo feminino e mascarar as consequências reais dessa dinâmica”. Ela também contesta a promessa de lucros fáceis: “A maioria das mulheres ganha valores irrisórios, insuficientes para justificar os danos emocionais e sociais sofridos”.
Para Sánchez, o trabalho na plataforma reforça a objetificação feminina, criando um “escorregador” da prostituição digital para a física, um “doce envenenado”.
A ação da professora capixaba no Only Fans não caracteriza prostituição.
No entanto, há quem defenda que a prática seja regulamentada. Em 2012, o então deputado e jornalista Jean Wyllys propôs um projeto para regulamentar a atividade. Na ocasião, afirmou:
“As prostitutas existem, e elas estão prestando esse serviço. E se há um serviço, há demanda. A sociedade que estigmatiza e marginaliza a prostituta é a mesma sociedade que recorre a ela. Na narrativa mais antiga produzida pela humanidade, a prostituição já é citada. Não é à toa que dizem que é a profissão mais antiga do mundo.”
Em oposição, a historiadora e feminista Tânia Navarro Swain, da UnB, considera a prostituição uma violência social:
“A prostituição é a maior violência social contra as mulheres. A legalização da prostituição incentiva o tráfico ignóbil, imundo e nojento, que força as mulheres a se prostituírem. É um ato que só favorece os homens e o patriarcado. Mulheres não são mercadorias, são pessoas.”
Marcela Azevedo, do movimento Mulheres em Luta, também critica o projeto de regulamentação:
“Nós entendemos que a prostituição é colocada para as mulheres como parte do processo de opressão. A perspectiva de melhoras, como direitos trabalhistas e combate à violência, deve ser garantida pelo Estado independentemente da regulamentação da profissão. Qualquer mulher na rua, de dia ou de noite, com qualquer roupa, deve se sentir segura para transitar, e o Estado deve garantir isso.”
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