Justin Trudeau renunciou ao seu mandato de primeiro-ministro do Canadá na tarde de hoje, 7 de dezembro. Ele foi eleito primeiro-ministro em 2015 e consolidou seu mandato com políticas progressistas, como: 

• Criação de um imposto sobre o uso de combustíveis que emitem gás carbônico, como gasolina;
• Taxação maior para os mais ricos;
• Proibição da fabricação, venda e posse de alguns modelos de armas de fogo para “a redução da violência armada”. 

Em entrevista à revista International Monetary Fund em 2019, ele afirmou que a igualdade de gênero era um dos seus principais compromissos como primeiro-ministro. 

“Fizemos investimentos significativos e aprovamos uma legislação histórica para construir um país mais igualitário e inclusivo. Também criamos a primeira Estratégia Nacional para Prevenir e Enfrentar a Violência de Gênero”.

Suas políticas geraram polêmica no país. O tenente-general canadense Michel Maisonneuve acusou Trudeau de transformar o governo canadense em “sinalização de virtudes”. 

Em discurso na convenção do Partido Conservador canadense em 2023, na cidade de Quebec, Maisonneuve disse: 

“Ele nos fez pedir desculpas por quem somos e como viemos a ser".

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Economia em declínio, alta inflação e acusação de suborno: a queda de Trudeau

A renúncia de Trudeau já era esperada. No final de 2024, a popularidade de Trudeau caiu para 33%. De acordo com o The Guardian, as pessoas estavam descontentes com a situação econômica do país. 

O preço dos aluguéis subiu entre 30% a 40% em algumas regiões nos últimos anos, o que piorou a imagem do governo. 

Além disso, ele protagonizou escândalos políticos ao longo de sua longa gestão. Em 2017, Trudeau foi denunciado por aceitar suborno, incluindo férias e voos de helicóptero particulares. 

Essa soma de fatores levou parlamentares de sua bancada a pressionar por sua saída. 

Outra reportagem do The Guardian afirmou que deputados da base de Trudeau assinaram uma carta pedindo a sua renúncia. Eles temiam uma “enorme derrota para os conservadores” nas eleições federais de 2025. 

Trudeau renunciou depois de ser pressionado por aliados e pela opinião pública. Foto: AP News. 

A situação política do primeiro-ministro se agravou em meados de dezembro com a surpreendente renúncia de sua vice, Chrystia Freeland. 

Em sua carta de despedida, ela criticou o primeiro-ministro e questionou sua capacidade de guiar o Canadá diante do nacionalismo econômico America First de Donald Trump. 

O presidente-eleito dos EUA assume o cargo no próximo dia 20 de janeiro e ameaça taxar os produtos canadenses em 25%. A ideia é proteger a economia americana. 

"Precisamos levar essa ameaça extremamente a sério", afirmou Freeland, ressaltando em sua mensagem que era necessário que o governo entendesse a "gravidade do momento". 

“Antídoto contra Trump”

Justin Trudeau fez sua estreia na cena política em 2008, quando foi eleito como membro do Parlamento. Cinco anos depois, ele se tornou o líder do Partido Liberal. 

• No Canadá, um liberal é alguém que apoia políticas progressistas em questões sociais e econômicas, As ideias que apoia buscam a promoção de igualdade e justiça social, enquanto defende também algumas ideias de liberdade individual e de mercado regulado.

Em seu discurso de renúncia, Trudeau afirmou que lutou por seu país ao longo de quase 10 anos de governo e que também estava renunciando ao cargo de líder do governo.

“A cada manhã que acordei como primeiro-ministro, fui inspirado pela resiliência, generosidade e determinação dos canadenses. Eu lutei por este país, por vocês.”

Ele destacou o apoio de sua administração à Ucrânia e suas políticas durante a pandemia de Covid-19. 

Trudeau continuará como primeiro-ministro no cargo interinamente e até que um novo líder seja escolhido.