No próximo domingo, 27 de outubro, as ruas das cidades brasileiras serão palco do pleito que pode impactar o cenário eleitoral de 2026.
Isso porque as eleições municipais costumam servir como um termômetro da influência partidária no cenário nacional.
Segundo o especialista em ciência política Adriano Gianturco, o comportamento dos eleitores nas urnas locais tende a refletir sua satisfação ou insatisfação com a administração federal.
Luiz Phillipe de Orleans e Bragança avalia que a atual dinâmica pode levar a uma disputa entre o representante de uma “direita populista” e um “defensor do sistema”. Durante o programa Cartas na Mesa, comentou o que pode acontecer em 2026:
“Eu acho que o próximo movimento eleitoral será o seguinte: direita antissistema versus centrão a favor do sistema. É isso que vamos ver, e é o que você já tem em muitos desses segundos turnos que mostramos. É justamente esse cenário: uma direita mais definida contra o sistema, contra alguém que representa essa força estatal”.
No entanto, é preciso levar em conta que governar traz por si só desgaste à imagem de qualquer partido. Apesar de liderar um número menor de cidades, o PT saiu vitorioso em cidades menores, de até 20 mil habitantes.
O partido até aumentou sua presença em prefeituras, mas pequena. De 183, agora está em 248 executivos municipais. No entanto, não foram conquistadas capitais. As únicas cidades nos quais a legenda ainda tem chance são: Cuiabá, Natal, Porto Alegre e Fortaleza.
É possível que ainda assim o partido permaneça forte no pleito nacional daqui há dois anos.
“Todos os países, todos os partidos que estão no governo, especialmente o partido principal do presidente ou do primeiro-ministro, quando governam, se desgastam, perdem apoio popular, perdem votos. Por que isso? Quase sempre, nem sempre, mas quase sempre, porque obviamente ficar na oposição é muito mais fácil. Criticar é muito mais fácil, governar é muito mais difícil”, pondera Adriano Gianturco.
Christian Lohbauer enxerga uma “derrocada” do partido de Lula. Para ele, “a performance do PT só não foi pior porque na Bahia e em Minas o partido venceu em algumas regiões importantes”.
“A crise do PT é tamanha que eles foram resgatar uma figura que já tinha abandonado o partido, como outros que fizeram também durante esse período dos últimos 15 anos”.
O também cientista político explica que o partido só se mantém relevante por causa da figura de Lula, que em suas palavras “é um fenômeno que surge de 100 em 100 anos”.
“[É] o que chamamos de tipo puro ideal weberiano do demagogo carismático. Lula é realmente o que diferencia toda essa análise. O PT resistiu mais do que deveria na história brasileira por causa do Lula. Aliás, ele nasceu em boa parte porque tem essa figura, resistiu, governou e resistiu à queda por causa dele. Eu diria que sem o Lula, o PT está com a derrocada anunciada”.
Na ausência de um herdeiro político à altura de Lula, o partido correria o risco de sumir após sua aposentadoria.
“Eu diria que sem o Lula, o PT está com a derrocada anunciada. Essa eleição é muito marcante desse fenômeno. Agora, temos que ver o que vem depois, porque sem o Lula, eu não consigo ver nenhuma liderança do PT que tenha a dimensão dele”, aponta Lohbauer.
A estagnação da forma de discurso teria sido uma das causas desse desgaste, o que explicaria a derrota nas eleições municipais e consequente enfraquecimento da legenda:
“O quadro das eleições é muito emblemático do fim desse processo. O partido não aguenta mais, ele só resiste e ainda está tentando. [...]. Mesmo assim, ele não carrega mais a força que tem, não carrega mais os votos que tinha”.
Lula continua uma figura emblemática. Sem alguém que o substitua, pode ser difícil para o PT recuperar a força política de outrora.
“O fim do PT é mais fácil do que o fim do Lula. O fim do Lula apareceu decretado com 500 dias de prisão. Para mim, estava caso encerrado, e está aí o que aconteceu. Mas o PT, acho bem mais difícil, porque sem uma liderança carismática, e todos os líderes da velha guarda - Dirceu, Genuíno, essas figuras - passou essa geração. Eram figuras de que a gente pode não gostar, eu pelo menos nunca gostei, mas tinham uma liderança, uma força, uma aura. O PT não tem mais nenhum desse tamanho”, finaliza.
As análises completas de Luiz Phillipe de Orleans e Bragança e Christian Lohbauer sobre esse e outros assuntos da política brasileira estão no Cartas na Mesa. O programa da Brasil Paralelo analisa os fatos do Brasil e do mundo sob um olhar crítico e sem viés ideológico. Clique aqui e assista.
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