Não há indícios de envolvimento do Primeiro Comando da Capital (PCC) na adulteração de bebidas alcoólicas com metanol em São Paulo. A afirmação foi feita nesta quarta-feira (8) pelo secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite.
Durante coletiva no Palácio dos Bandeirantes, Derrite afirmou que as investigações ainda não chegaram a uma conclusão sobre a origem da contaminação.
Ele apontou duas hipóteses: o uso de metanol na lavagem de vasilhames reutilizados em falsificações ou a mistura do produto químico com etanol para aumentar o volume da bebida.
“Não há nenhum indício de participação do crime organizado”, afirmou o secretário.
A posição de Derrite segue a mesma linha do governador Tarcísio de Freitas, que também descartou o envolvimento de facções criminosas no caso. O secretário argumentou que o PCC não teria interesse econômico em atuar nesse tipo de crime.
“O crime organizado em São Paulo busca o lucro, e esse lucro é exponencial no tráfico de drogas. Por que uma organização que lucra com tráfico internacional de cocaína iria migrar para um negócio muito menos rentável?”.
Até o momento, 41 pessoas foram presas em operações contra a produção e distribuição de bebidas adulteradas.
Segundo Derrite, destilarias clandestinas foram fechadas em Americana, Sumaré, São Bernardo do Campo e Osasco, sem indícios de ligação direta com o PCC.
A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) criticou as declarações do secretário e disse que Derrite “não entende como o crime organizado opera”.
“A coisa está feia e é bem mais grave do que parece. O secretário de Segurança Pública de São Paulo afirmou que o PCC não poderia estar envolvido nas mortes por metanol porque bebidas não dão tanto lucro quanto a cocaína”.
Casos confirmados e investigações em andamento. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil soma 259 notificações de intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas.
Desse total, 24 casos foram confirmados e 235 seguem em investigação. Outras 145 suspeitas foram descartadas.
Os estados com casos confirmados são:
Entre os casos em investigação, São Paulo concentra 181 registros, seguido por Pernambuco (24), Paraná (5), Rio de Janeiro (5) e outros estados com ocorrências isoladas.
Foram confirmadas cinco mortes em São Paulo, enquanto outras 11 seguem em análise, sendo uma no Mato Grosso do Sul, três em Pernambuco, seis em São Paulo e uma na Paraíba.
O metanol é um álcool simples, incolor, inflamável e volátil, produzido a partir de gás natural ou carvão. Diferente do etanol, usado em bebidas e combustíveis, o metanol é altamente tóxico.
A substância tem uso legítimo na indústria é aplicada na produção de formol, ácido acético, tintas, solventes e plásticos, além de estar presente em anticongelantes e removedores de tinta.
A ingestão de 60 a 240 mililitros pode ser fatal para um adulto. O equivalente a um copo plástico.
Os sintomas surgem entre seis e doze horas após o consumo e podem incluir náuseas, vômitos, dor abdominal, convulsões, dor de cabeça intensa, visão turva e ataxia, uma degeneração neurológica que prejudica a coordenação motora.
O perigo está no processo de metabolização. O fígado transforma o metanol em subprodutos tóxicos que atacam órgãos e nervos, provocando cegueira, insuficiência pulmonar, falência renal, coma e morte.
O envenenamento é uma emergência médica e exige atendimento hospitalar imediato, com uso de medicamentos e diálise para limpeza do sangue.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo mantém a apuração conjunta com a Polícia Civil e o Instituto de Criminalística para identificar a origem do metanol usado na adulteração.
As autoridades não descartam a possibilidade de atuação de redes regionais de falsificação, mas afastam a hipótese de uma estrutura hierarquizada como a de uma facção criminosa.
“As investigações estão avançando, mas até o momento não há elementos que liguem o caso ao crime organizado”, reforçou Derrite.
A Polícia Civil investiga bares e adegas suspeitas. Em operação realizada na última segunda-feira, 117 garrafas foram apreendidas em diferentes pontos da capital.
Enquanto isso, o Ministério da Saúde reforçou o alerta: bebidas muito baratas, com lacres danificados, erros de impressão no rótulo ou odor semelhante a solvente devem ser consideradas suspeitas. Em caso de sintomas, é essencial procurar atendimento médico imediato.
O ministro Alexandre Padilha alertou ainda sobre os sintomas iniciais, como dor abdominal intensa, alterações visuais e confusão mental.
“A dor encólica chama muito a atenção nesses casos. Qualquer percepção de alteração visual também deve ser considerada suspeita”, destacou.
Segundo Padilha, o Brasil conta hoje com 32 centros de referência em intoxicação toxicológica pelo SUS, nove deles em São Paulo.
O Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo atende todo o Brasil pelo número 0800 771 3733.
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