Uma semana após revelar que está novamente lutando contra a depressão, o padre Fábio de Melo afirmou que “a pessoa que tem fé também tem depressão”. 

“A fé não me impede de passar pelos processos humanos. Ela pode me ajudar a superar”.

A declaração foi publicada no Instagram na tarde de hoje, 29 de janeiro. No vídeo, o padre conversava com Astrid Fontenelle em um programa de televisão. 

Na legenda, escreveu: 

“Há muitas pessoas que alimentam a ilusão de que a fé em Deus nos livra de ter o desequilíbrio químico que causa a depressão”.

A depressão é um transtorno e pode levar a pessoa a perder a motivação para viver. Se você se sente assim de alguma forma, procure o Centro de Valorização da Vida (CVV) através do telefone 188. 

Veja o vídeo: 

Padre Fábio de Melo também luta contra a melancolia

Mais cedo, o sacerdote desabafou em outro vídeo. Contou lutar contra a melancolia desde a infância, descrevendo-se como alguém que “tem sentimentos muito intensos”. 

"Foi à beira do abismo que eu sempre andei, desde menino. Tudo em excesso. Alegria demais, tristeza demais, amor demais, ódio demais. Já me acusaram de ser muito emocionado. Falaram como se fosse um defeito, mas sei que não é", disse. 

Veja o vídeo: 

Entenda o que é a melancolia 

Os posts do padre aconteceram uma semana após Padre Fábio dividir com fãs que está novamente enfrentando a depressão. A questão levantou o questionamento de internautas sobre a diferença entre a depressão e a melancolia

O estudo feito em 2021, chamado "Características Melancólicas na Depressão Maior – um estudo europeu multicêntrico", descreve a melancolia como um tipo específico de depressão. Essa definição se baseia no guia atual chamado Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5).

Basicamente, melancolia é uma forma especial de depressão que tem sintomas bem específicos.

• Anedonia: diminuição do prazer ou interesse em quase todas as atividades.
• Falta de reatividade emocional: incapacidade de reagir emocionalmente a estímulos normalmente prazerosos.
• Agitação ou retardo psicomotor: manifestação física de sintomas psicológicos de agitação intensa ou apatia.
• Despertar antecipado: acordar mais cedo do que o habitual pela manhã.
• Intensificação matinal dos sintomas: os sintomas de melancolia são mais intensos pela manhã.
• Qualidade distinta do humor: um estado emocional que não se assemelha a pesar ou luto.
• Culpa excessiva ou inadequada: sensação desproporcional ou injustificada de culpa.
• Perda de peso significativa: mudança de peso atribuída a fatores depressivos.

Freud falou sobre o assunto pela primeira vez em 1917, no ensaio ensaio "Luto e Melancolia", de 1917. 

Um estudo da Science Direct de 2024 indica que pessoas com melancolia podem não responder tão bem ao tratamento com certos antidepressivos, chamados Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS). 

No entanto, isso ainda não foi estudado em grandes grupos de pessoas com depressão. Dessa forma, não é possível afirmar com precisão se a melancolia dificulta o tratamento da depressão. 

O crescimento de casos como o do padre Fábio de Melo fez com que a ONU, em 2017, passasse a considerar a depressão o mal do século.

Por que isso está acontecendo? Para achar as respostas, a Brasil Paralelo decidiu reunir especialistas em saúde mental de todo o mundo. 

O resultado está no original “A Fantástica Fábrica de Sanidade”, a maior investigação brasileira sobre transtornos mentais e indústria farmacêutica. 

Assista ao trailer oficial.

A depressão tem tratamento e controle. Se você se sente assim de alguma forma, procure o Centro de Valorização da Vida (CVV) através do telefone 188. ‍