A aliança de Lula com o Irã o colocou no centro de diversas controvérsias, devido a temas como:
programa nuclear;
direitos humanos e
relações com ditadores.
Lula afirmou que sua intenção era posicionar o Brasil como mediador global e parceiro do Irã em benefício do país.
No entanto, embaixadores dos EUA, a Anistia Internacional e o jornal Folha de S.Paulo criticaram algumas de suas iniciativas como ingênuas, imprudentes ou coniventes com um regime autoritário.
Confira as principais falas e ações de Lula perante o regime ditatorial do Irã.
A situação do conflito entre Irã e Israel foi narrada em detalhes no filme From The River to the Sea, produção original da Brasil Paralelo com investigações feitas no Oriente Médio:
Recepção honrosa do ditador Ahmadinejad no Brasil (2010)
Lula convidou o então presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad para uma visita oficial ao Brasil, um gesto que gerou protestos e acusações de legitimar um líder controverso.
O que aconteceu? Em novembro de 2009, Ahmadinejad foi recebido em Brasília para discutir comércio, energia e paz no Oriente Médio. A visita ocorreu meses após protestos no Irã contra a reeleição de Ahmadinejad, marcada por denúncias de fraude e repressão violenta.
Fala polêmica: Lula defendeu o encontro, dizendo: “Não se constrói a paz no Oriente Médio sem falar com todas as facções políticas e religiosas”. Segundo a agência Reuters, ele também minimizou as críticas a Ahmadinejad, afirmando que o diálogo era necessário para evitar conflitos.
Por que foi controverso? Ahmadinejad era conhecido por negar o Holocausto e por declarações anti-Israel, o que levou comunidades judaicas no Brasil e líderes políticos, como o então deputado Jair Bolsonaro, a protestarem. Críticos acusaram Lula de endossar um regime repressivo. O jornal Folha de S.Paulo publicou editorial afirmando que Lula “envergonhou o Brasil”.
Contexto: Lula via a visita como parte de sua estratégia de dialogar com nações isoladas e benefícios econômicos para o Brasil, mas a escolha de Ahmadinejad, em um momento de tensão global, foi vista como um risco à imagem do Brasil.
Declaração de Teerã e Mediação Nuclear (2010)
Lula tentou mediar o conflito nuclear do Irã com a Declaração de Teerã, mas a iniciativa foi amplamente criticada.
O que aconteceu? Em maio de 2010, Lula viajou a Teerã e, com o primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan, negociou um acordo para o Irã enviar urânio de baixo enriquecimento ao exterior em troca de combustível nuclear. Lula anunciou o acordo como um passo para a paz, mas os EUA, a ONU e aliados rejeitaram-no, alegando que o Irã continuaria enriquecendo urânio para fins potencialmente militares.
Por que foi controverso? Líderes ocidentais, como Hillary Clinton, acusaram o Irã de usar o Brasil para ganhar tempo enquanto avançava seu programa nuclear. No Brasil, opositores como José Serra (PSDB) afirmaram que a relação com a ditadura iraniana é algo negativo para o país. A rejeição do acordo por grandes potências foi vista como um fracasso diplomático para Lula.
Contexto: Lula acreditava que o Brasil poderia ser uma ponte entre o Irã e o Ocidente, mas a falta de apoio internacional destacou os limites de sua influência.
Direitos Humanos no Caso Sakineh (2010)
Lula enfrentou críticas por sua postura inicial no caso de Sakineh Mohammadi Ashtiani, uma iraniana condenada à morte por apedrejamento.
O que aconteceu? Em 2010, o caso de Sakineh, acusada de adultério e cumplicidade em assassinato, ganhou atenção global. Lula inicialmente disse: “Preciso respeitar as leis de um país estrangeiro”. Após pressão de ativistas e da mídia, ele ofereceu asilo a Sakineh, mas o Irã rejeitou a proposta.Jackson Diehl , editor adjunto da página editorial do The Washington Post , chamou Lula de "melhor amigo dos tiranos no mundo democrático" e criticou suas ações.
Por que foi controverso? Organizações como a Anistia Internacional criticaram Lula por não usar sua influência para agir mais fortemente contra os crimes contra a humanidade perpetrados pelo regime iraniano. No Brasil, a imprensa e a oposição acusaram-no de priorizar laços com o Irã em detrimento de valores humanitários. Segundo a Folha de São Paulo, o governo Lula se absteve de apoiar resolução da ONU contra violações de direitos humanos da teocracia de Ahmadinejad.
Contexto: Lula tentava manter boas relações com o Irã durante as negociações nucleares, mas a pressão pública o forçou a mudar de tom, expondo uma contradição em sua política externa.
Comparação de Ahmadinejad a Hitler e Críticas a Israel (2010)
Lula fez comentários que relativizaram as ações de Ahmadinejad e criticaram Israel, gerando acusações de parcialidade.
O que aconteceu? Em entrevista ao jornal israelense Haaretz, Lula disse: “Quem compara Ahmadinejad a Hitler tem o mesmo radicalismo de que o Irã é acusado”. Ele também criticou Israel por sua postura em relação ao Irã e ao conflito palestino, sugerindo que a paz dependia de diálogo com todas as partes.
Fala polêmica: a comparação implícita entre críticos de Ahmadinejad e o próprio líder iraniano foi vista como uma defesa indireta do presidente iraniano. Lula também afirmou: “Não quero que Israel ataque o Irã, assim como não quero que o Irã ataque Israel”, mas suas críticas mais enfáticas a Israel irritaram líderes israelenses.
Por que foi controverso? A comunidade judaica no Brasil e líderes internacionais, como o governo de Israel, acusaram Lula de legitimar Ahmadinejad, cujo negacionismo do Holocausto era amplamente condenado. A imprensa brasileira, como o jornal O Estado de S.Paulo, criticou Lula por parecer alinhado com o Irã em detrimento de Israel.
Permissão para navios iranianos no Brasil (2023)
Lula autorizou que navios de guerra iranianos atracassem no Rio de Janeiro, desafiando pressões dos EUA.
O que aconteceu? Em fevereiro de 2023, dois navios iranianos, o IRIS Makran e o IRIS Dena, atracaram no Rio de Janeiro após semanas de atraso. Os EUA pressionaram o Brasil a negar o acesso, citando sanções contra o Irã e preocupações com a segurança. Lula aprovou a atracação, argumentando que o Brasil mantém relações soberanas com outros países.
Fala polêmica: Lula não fez declarações públicas diretas, mas seu governo afirmou que a decisão refletia a “neutralidade” do Brasil. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse: “O Brasil não se curva a pressões externas em suas relações internacionais”. Planalto, 27/02/2023
Contexto: A atracação ocorreu durante a reaproximação do Brasil com o Irã, reforçada pela entrada do país no BRICS, mas foi vista como um desafio desnecessário aos aliados ocidentais, pois ocorreu durante a guerra de Israel contra os grupos financiados pelo Irã. O navio atracou enquanto células do Hezbollah, patrocinado pelo Irã, foram descobertas no Brasil.
Por que essas controvérsias importam hoje?
As ações e falas de Lula sobre o Irã influenciam como os países na guerra do Oriente Médio vão lidar com o Brasil. As controvérsias geraram:
Debates no Brasil: opositores acusaram Lula de alinhamento com regimes autoritários que podem colocar o Brasil em conflitos internacionais, enquanto apoiadores, como o PT, defenderam sua busca por uma política externa independente.
Impacto Internacional: As iniciativas de Lula, como a Declaração de Teerã colocaram o Brasil em conflito com os EUA e Israel, afetando relações diplomáticas.
Assista From the River to the Sea da Brasil Paralelo
Quer entender como as tensões envolvendo o Irã, como as que marcaram as ações de Lula, se conectam aos conflitos no Oriente Médio? O documentário From the River to the Sea, da Brasil Paralelo, mergulha no conflito Israel-Palestina e suas implicações regionais, oferecendo uma análise profunda para compreender o presente. Assista agora:
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