Quem era Juliana Marins
Apaixonada por natureza, esportes e viagens, Juliana estava em uma jornada solo pelo Sudeste Asiático desde fevereiro.
Durante o mochilão, passou por países como Vietnã, Tailândia e Filipinas. Nas redes sociais, compartilhava suas experiências e reflexões.
Em uma das últimas postagens, feita no fim de maio, escreveu: “Fazer uma viagem longa sozinha significa que o sentir vai sempre ser mais intenso e imprevisível do que a gente ta acostumado. E tá tudo bem. Nunca me senti tão viva.”
Sem sinal de telefone na região, Juliana não conseguiu comunicar o acidente diretamente à família.
A notícia chegou ao Brasil por meio de outros turistas que faziam a trilha, conseguiram acessar seu perfil e entraram em contato com conhecidos.
Mobilização internacional por resgate
A busca por Juliana mobilizou autoridades indonésias, voluntários locais e equipes do Parque Nacional de Rinjani, que suspenderam o acesso de visitantes para concentrar os esforços no resgate.
Familiares e amigos no Brasil acompanhavam cada atualização, na esperança de que ela fosse encontrada com vida.
Nos dois últimos dias de buscas, uma estratégia alternativa foi posta em prática com uso de perfuradora, permitindo que socorristas avançassem cerca de 400 metros na encosta abaixo, próximo a onde Juliana estava.
Área de risco conhecida
O local onde Juliana caiu é considerado um dos mais perigosos do trajeto entre Pelawangan Sembalun e o cume do Rinjani.
A trilha é conhecida por desníveis, solo escorregadio e ausência de estruturas de segurança, o que representa risco mesmo para trilheiros experientes acompanhados de guias.
Além do relevo acidentado, a região tem clima instável e praticamente nenhum sinal de celular.
O resgate do corpo só foi possível com a descida por cordas e uso de equipamentos de escalada.
Versão do guia: “Não abandonei a Juliana”
Ali Musthofa, o guia que acompanhava a brasileira, declarou ao jornal O Globo que não deixou Juliana para trás, apesar de ter seguido à frente por alguns minutos.
Segundo ele, o plano era esperá-la em um ponto mais adiante da trilha.
— “Na verdade, eu não a deixei, mas esperei três minutos na frente dela. Depois de uns 15 ou 30 minutos, a Juliana não apareceu. Procurei por ela no último local de descanso, mas não a encontrei. Eu disse que a esperaria à frente. Eu disse para ela descansar. Percebi [que ela havia caído] quando vi a luz de uma lanterna em um barranco a uns 150 metros de profundidade e ouvi a voz da Juliana pedindo socorro. Eu disse que iria ajudá-la”, relatou Musthofa.
O guia afirmou que, ao perceber a queda, acionou sua empresa para pedir reforço de resgate.
— “Liguei para a organização onde trabalho, pois não era possível ajudar a uma profundidade de cerca de 150 metros sem equipamentos de segurança. Eles deram informações sobre a queda de Julian para a equipe de resgate e, após a equipe ter conhecimento das informações, correu para ajudar e preparar o equipamento necessário para o resgate”, completou Musthofa.
Juliana havia pago 2,5 milhões de rúpias indonésias, o equivalente a R$ 830, pelo pacote da trilha com acompanhamento.
Histórico de acidentes no Monte Rinjani
O trágico caso de Juliana reabriu discussões sobre a segurança nas trilhas do Monte Rinjani, destino turístico famoso por sua beleza e complexidade. O local já foi cenário de diversos acidentes fatais nos últimos anos.
Entre os registros mais recentes estão a morte de um montanhista da Malásia em maio de 2025, um jovem israelense em 2022 e a queda de um turista irlandês que sobreviveu após despencar de mais de 200 metros. Em 2024, um adolescente indonésio também não resistiu a um acidente similar.