Seis meninas entre sete e doze anos de idade ficaram constrangidas com a presença de uma trans no vestiário da escola de natação. A situação foi revelada por Andressa Favorito, mãe de uma delas.
Tudo aconteceu no primeiro semestre de 2024 após um treino de nado artístico, esporte que sua filha pratica desde os dois anos de idade.
Andressa explicou à Comissão de Educação da Câmara dos Deputados que mudou sua maneira de pensar sobre o uso do banheiro feminino por transexuais.
A empresária e designer sempre acreditou que não haveria problema em mulheres trans usarem o banheiro feminino, já que as necessidades são feitas dentro de cabines.
“Sempre argumentei de forma progressista, não sou eleitora de figuras conservadoras, e defendo a liberdade de todos expressarem seu gênero e sexualidade. No entanto, sou mulher e tenho uma filha de 9 anos, que está em pré-puberdade”.
Decidiu expor o caso para promover um debate sobre regras claras no uso de espaços coletivos, buscando segurança para as mulheres.
"O que eu quero trazer aqui é que o espaço das mulheres seja protegido para as mulheres e meninas porque as nossas necessidades são específicas do nosso sexo biológico."
Andressa e outros pais de alunos da escola foram a favor da inclusão de homens no nado artístico, que era totalmente feminino até poucos anos atrás. Sua filha é atleta do esporte desde os dois anos de idade.
Ela mencionou que o recente Campeonato Brasileiro na cidade contou com várias equipes que incluíam meninos, fato que foi muito celebrado pelos amantes da modalidade.
Tudo ia bem até que no ano passado um homem passou a frequentar a escola de natação com a namorada. Pouco tempo depois, ele contou aos pais das crianças que estava passando pela transição de gênero.
Mas a opinião dos pais mudou no dia em que o homem decidiu experimentar um maiô.
“Ele quis experimentar o maiô e entrou no banheiro feminino, onde elas estavam tomando banho nuas. Quando ele entrou, elas se cobriram e não sabiam como reagir”.
O banheiro em questão é um vestiário onde não existem cabines separando os chuveiros. Isso significa que as meninas foram vistas nuas pelo trans, o que as deixou com medo.
"Ele é um homem. Todas elas o conheciam como menino, mesmo que o chamassem com pronome feminino. As crianças sabem quando algo está errado. Elas ficaram envergonhadas. Todo mundo ficou quieto, calado e não sabia o que dizer”.
Andressa esclareceu que o rapaz, de 27 anos, tinha até namorada. As meninas não entenderam o que estava acontecendo e sua filha foi a única a questionar:
“Ele pode estar aqui?”
Andressa contou que sua filha teve pesadelos com a situação e precisou de terapia.
“Há muitos, ela não acorda à noite. Um dia veio até o meu quarto e disse que teve um pesadelo. Ela disse: "Eu sonhei que eu estava no nado e me divertia muito. Aí apareceu um tubarão."
A profissional que acompanha a criança afirmou que está disposta a emitir um laudo sobre os impactos psicológicos do evento em sua vida. Além disso, ela e as colegas passaram a temer denunciar a situação, temendo prejudicar o transsexual.
“A minha filha, todas as meninas tiveram o mesmo discurso: "A gente não quer prejudicar ele, a gente está com medo de acontecer alguma coisa com ele", mas todas se sentiram envergonhadas, incomodadas”.
Algumas alunas pararam de tomar banho na escola e, quando fazem, é sempre com a roupa de natação.
“Próximo da competição, várias delas quiseram desistir do esporte".
Depois do episódio, a equipe da escola e os pais das crianças pediram que o transsexual fosse afastado das atividades.
No entanto, a decisão gerou medo de retaliações legais. O temor de consequências jurídicas descrito por Andressa é compartilhado por muitas outras pessoas na sociedade atual.
O assunto é tema de As Grandes Minorias, da Brasil Paralelo. Assista abaixo:
Andressa criticou a recusa de alguns políticos de esquerda em debater o tema, agradecendo aos deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Capitão Alden (PL-BA) pelo convite e a preocupação com o assunto.
"Lamento que políticos mais progressistas estejam se esquivando de um assunto tão importante para nós mulheres, que também merecemos que os nossos direitos fiquem assegurados."
Os parlamentares ouviram o relato da moradora de Curitiba de forma remota no dia 26 de novembro. Por se considerar progressista, ficou chocada com a falta de apoio ao denunciar o caso.
Ela escutou que deveria tomar cuidado para não ser transfóbica:
“Se eu precisar falar sobre a segurança da mulher contra um homem violento, tenho o respaldo da lei e da sociedade. Quando tenho que defender o espaço de segurança da minha filha e o potencial abuso de um homem que se autodeclara mulher, não tenho qualquer amparo. Ninguém pensou na segurança e na integridade da inocência dessas meninas, especialmente após uma determinada idade”.
Andressa destacou que as mulheres que se atrevem a falar algo acabam sendo intimidadas. Segundo ela, a sociedade parece estar mais preparada para silenciar mulheres e meninas do que proteger as vulneráveis.
"Estamos vendo uma proteção maior para homens que se autodeclaram mulheres do que para meninas que realmente precisam de segurança", ressaltou, evidenciando a urgência de um debate aberto sobre direitos e proteção em ambientes esportivos e coletivos”.
O relato completo de Andressa está disponível no Youtube da Câmara dos Deputados. Assista abaixo.
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